Capítulo VIII

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Câmara dos lordes, Londres.

George entrou na imponente Câmara dos Lordes com uma sensação de peso nos ombros. Era seu dever como herdeiro de um título e de uma vasta propriedade estar ali, participando das discussões que moldavam o futuro do reino. Mas, nas últimas semanas, sentia-se cada vez mais frustrado com a atitude dos outros lordes em relação a ele. Sua juventude e suas ideias inovadoras não eram bem vistas por homens que preferiam manter o status.

Ele caminhou com determinação para seu assento, os passos ecoando no chão de mármore. As paredes decoradas com tapeçarias antigas e a imponente bancada de madeira polida reforçavam o ambiente de poder e tradição. Os outros lordes já estavam sentados, alguns conversando entre si, outros bocejando com a monotonia das discussões anteriores.

O Visconde Blackwell, um homem de cabelos grisalhos e uma presença autoritária, tomava a palavra com fervor. Ele defendia, mais uma vez, uma política de incentivo ao aumento dos impostos sobre os camponeses, alegando que isso ajudaria a recuperar as finanças do império. George não podia mais ficar em silêncio.

- Milordes - começou George, levantando-se com confiança. - Embora eu entenda a necessidade de fortalecer nossa economia, acredito que aumentar os impostos sobre aqueles que já vivem em condições precárias seria um erro grave.

Ele sentiu os olhares de alguns lordes caírem sobre ele com uma mistura de curiosidade e tédio.

- Devemos considerar medidas que incentivem o crescimento da produção agrícola, garantindo que os camponeses tenham condições de prosperar. Se sobrecarregarmos a base da pirâmide social, poderemos enfrentar uma revolta ou, no mínimo, um declínio em nossas colheitas e na economia geral do campo.

O silêncio que se seguiu foi breve, quebrado pelo riso abafado de Lorde Hargrove, sentado à esquerda de George.

- Revolta? Camponeses prosperando? - zombou Hargrove, ajeitando sua gravata de forma displicente. - Jovem Harper, isso não é uma utopia pastoral. O campo sempre sustentou a cidade, e é nosso dever garantir que ele continue assim, custe o que custar. Não podemos nos dar ao luxo de ser indulgentes com os inferiores.

Outros lordes assentiram, e o murmúrio de concordância encheu a sala. George respirou fundo, mas sentia o calor subindo em seu rosto.

- Com o devido respeito, Milordes - continuou George, mantendo a calma, apesar da frustração -, ignorar as condições de vida dessas pessoas pode causar o tipo de instabilidade que nenhum de nós deseja. A fome é um inimigo que não escolhe lados. Proponho que, em vez de aumentarmos impostos, incentivemos empréstimos com juros mais baixos para pequenos produtores e comerciantes. Isso poderia garantir que a economia rural se estabilizasse sem o sacrifício de vidas humanas.

- Empréstimos? - Lorde Blackwell interveio com uma risada fria. - Deixe-me adivinhar, sugerirá que ofereçamos isenções de juros também? E por que não doarmos nossas terras e fortuna enquanto estamos nisso?

Mais risadas seguiram, e George sentiu o peso do escárnio. Ele olhou ao redor, notando os olhares condescendentes, as risadas abafadas e as expressões indiferentes. Havia apenas alguns rostos que pareciam vagamente intrigados, mas ninguém disposto a se unir a ele na defesa dos mais pobres.

George sabia que estava batendo de frente com uma mentalidade fechada e tradicionalista, e a frustração só crescia. Mesmo assim, não se permitiria ser derrotado facilmente.

- O objetivo aqui não é doar fortunas, Milordes - respondeu ele, tentando manter a voz firme. - O objetivo é evitar uma crise maior. Uma nação forte é construída sobre um povo forte. E, se permitirmos que o campo pereça, em breve veremos os efeitos disso em nossas próprias propriedades e bolsos.

Com Amor, Lucy Onde histórias criam vida. Descubra agora