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Eu sempre me perguntei se havia algo de errado comigo. Desde que me lembro, as paredes frias do orfanato foram meu único lar. O cheiro de desinfetante e o eco distante de risadas forçadas eram como uma canção de ninar que nunca me deixava dormir. Meu nome é Elara, e esta é a história da minha vida.

Quando eu tinha apenas três anos, meus pais desapareceram. Ninguém nunca me contou o que aconteceu, mas as pessoas na cidade diziam que eles não queriam mais de mim. Fui deixada à porta do orfanato numa manhã cinzenta, enrolada em uma manta fina, sem mais nada além de um pequeno urso de pelúcia que já estava desbotado pelo tempo. Ele era meu único amigo, meu único consolo em um lugar onde a solidão era constante.

Os outros meninos e meninas eram como sombras, cada um lutando suas próprias batalhas. Alguns se uniam para formar pequenos grupos, enquanto eu observava à distância, com medo de me aproximar e ser rejeitada novamente. As cuidadoras eram rígidas e muitas vezes impiedosas. Eu aprendi a ficar em silêncio, a não fazer perguntas e a não esperar carinho ou atenção. Cada dia era uma luta para simplesmente existir.

Havia momentos em que eu sonhava acordada. Sonhava com uma família que me amasse, com um lar onde eu não fosse apenas uma menina invisível. Mas esses sonhos sempre eram seguidos pela dura realidade: eu estava sozinha.

Certa noite, enquanto todos dormiam, ouvi uma conversa entre duas cuidadoras no corredor. Elas falavam sobre como algumas crianças eram “sortudas” por serem adotadas e como outras, como eu, provavelmente nunca encontrariam um lar. Aquela palavra—sortuda—ficou presa na minha mente. O que eu tinha feito para merecer ser deixada para trás? A resposta nunca veio.

Então, tudo mudou em um dia comum. Acordei com o barulho de papel sendo deslizado sob a porta do meu quarto. Quando levantei para ver o que era, encontrei uma carta endereçada a mim. Meu coração disparou quando vi o selo: Hogwarts. Era como se o mundo tivesse parado por um instante.

Com tremores nas mãos, abri a carta e li as palavras mágicas que mudariam minha vida para sempre. “Você foi aceita na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.” O que isso significava? Eu não sabia quem ou o que era uma bruxa até aquele momento, mas naquele instante, senti uma chispa de esperança pela primeira vez em anos.

Enquanto segurava a carta contra o peito, percebi que talvez houvesse algo mais além das paredes frias do orfanato. Um mundo onde eu poderia ser mais do que apenas Elara, a órfã invisível. Um lugar onde eu poderia finalmente descobrir quem realmente sou.

E assim começou minha jornada...

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