O orfanato não era apenas um lugar onde eu vivia; era um labirinto de solidão e dor. A cada dia, as crianças que deveriam ser minhas companheiras se tornaram meus algozes. Elas riam de mim, chamavam-me de nomes feios e inventavam histórias sobre minha origem, como se eu fosse uma estranha até mesmo entre elas. “Elara, a menina que não é de Deus”, diziam em coro, como se a repetição tornasse a frase verdade.
Eu tentava ignorá-las, mas as palavras cortavam mais fundo do que qualquer objeto físico. Quando eu passava pelos corredores, sentia seus olhares atravessando minha pele, como flechas disparadas por arcos invisíveis. Sempre que eu me sentava sozinha em um canto, elas vinham até mim, cercando-me como predadores em busca de uma presa. “Por que você não vai embora? Ninguém quer você aqui!” Era assim que começava mais um dia de tortura emocional.
As freiras, que deveriam ser figuras de proteção e amor, também me olhavam com desprezo. Uma delas, a irmã Agnes, frequentemente me dizia que eu era uma “alma perdida” e que estava ali por algum castigo divino. Eu não entendia o que tinha feito para merecer essa vida. O que poderia ser tão terrível em mim? A rejeição delas só alimentava o fogo da dor dentro de mim.
A hora do recreio era a mais difícil. Enquanto as outras crianças brincavam e riem, eu permanecia à margem do pátio, observando com um misto de inveja e tristeza. Havia um grupo que jogava bola e outro que pulava corda; eu apenas caminhava em círculos, tentando encontrar conforto nas sombras das árvores. Às vezes, sonhava em correr e me juntar a eles, mas o medo da rejeição sempre me paralisava.
Certa vez, decidi ser corajosa e me aproximar do grupo das meninas que pulavam corda. Com o coração acelerado e as mãos trêmulas, pedi para brincar com elas. O silêncio foi ensurdecedor antes de uma delas soltar uma risada cruel:
“Você? Não! Você nunca seria boa o suficiente para isso!”As outras concordaram com acenos de cabeça, enquanto eu recuava lentamente, sentindo meu rosto arder de vergonha.
Naquela noite, enquanto me encolhia sob as cobertas no meu pequeno quarto frio e sem cor, lágrimas escorriam pelo meu rosto. O urso de pelúcia ao meu lado parecia entender minha dor; ele sempre esteve lá para me confortar quando ninguém mais estava disposto a fazê-lo. Eu o apertava contra meu peito como se ele pudesse absorver toda a tristeza que eu carregava.
Foi nesse momento sombrio que algo dentro de mim começou a mudar. Em meio à dor e ao desprezo, uma semente de determinação brotou em meu coração. Eu não era apenas Elara, a órfã invisível; eu era alguém com sonhos e esperanças. Se as outras crianças não podiam ver isso, talvez houvesse um lugar no mundo onde eu encontraria pessoas que realmente me aceitassem.
E então veio a carta de Hogwarts. A esperança se acendeu novamente na escuridão da minha vida. Se havia magia lá fora — um lugar onde eu poderia ser aceita por quem realmente sou — então eu lutaria para encontrá-la.
Nada poderia apagar as cicatrizes do passado, mas agora eu tinha um futuro para ansiar. E isso era tudo o que eu precisava para seguir em frente

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E S Q U E C I D A
Fiksi PenggemarElara é uma jovem órfã que vive em um orfanato, sem memória de seus pais. Ao receber a carta de Hogwarts, ela finalmente encontra um novo lar e se junta ao famoso trio de ouro: Harry, Hermione e Ron. Durante sua jornada na escola de magia, Elara des...