Never Felt So Alone - Billie Eilish

Então É Isso?

Boa Noite.
Pode haver alguns erros porque não corrigi.
Como estão?

Yuri

-Bem... É que tem uma coisa e...e eu - suspiro por não estar conseguindo falar. Billie já me olha com um olhar estranho, porque eu estava gaguejando por pelo menos cinco minutos.

-Ei, calma, tá tudo bem. Eu não sei o que você tem pra falar, mas não precisa ficar assim, Okay - Diz acariciando meu rosto depois de vir em passos delicados até mim enquanto falava.

Assinto com a cabeça e puxo sua mão comigo para que ela sente na cama, eu precisava contar. Eu não tenho tanto problema com isso quanto tinha na adolescência, pelo menos eu achava que não, mas não sei qual vai ser a reação da Billie e isso me deixa com medo, e muito.

-Billie, me deixa falar e explicar tudo, Okay? É muita coisa e eu tenho dificuldade em falar sobre o assunto. - Peço e ela concorda com a cabeça enquanto acaricia minha mão.

-Eu sou uma mulher que nasceu com uma condição rara, eu sou uma mulher Intersexual, eu não tenho as características que deveria ter dado ao meu gênero, você sabe... Estudamos isso uma vez lá na escola.-

Digo e lembro que na aula de biologia isso foi explicado e eu tive que ouvir várias piadas e coisas horríveis daqueles adolescentes. Fiquei até os trinta minutos de aula, mas não aguentei e me retirei da sala.

- Antes de entrar na nossa escola, eu estudava em uma e sofria muito Bullying porque todos sabiam dessa minha condição. Era um inferno, e quem mais pegava no meu pé era o Jesse, o seu ex. Acho que isso explica o ocorrido de ontem - falo e vejo Billie cada vez mais surpresa. Sabia que ela queria falar algo, mas estava respeitando o meu momento.

- Uma vez ele me encurralou na quadra e começou a me bater, me xingar na frente de todo mundo, o de sempre. Só que eu não tava passando por um bom momento na família também e estava meio sobrecarregada. Eu devia ter uns 13 ou 12 anos, não sei. Bem, eu surtei e acabei atacando ele e fazendo com que eles fosse para o hospital e... - engulo seco, essa não era uma coisa fácil de falar.

Billie nota minha dificuldade e fica me observando de um jeito estranho que eu não sabia descrever, não tinha visto isso em lugar nenhum. Morria de medo disso ser nojo pela minha intersexualidade, porém já estava aceitando a possibilidade. Não é fácil alguém entender isso, eu não a julgo.

Não conseguia mais olhar para a mulher a minha frente, eu estava com medo e vergonha. Suspiro e me ponho a falar para acabar com aquela conversa o quanto antes.

- Os meus pais também nunca aceitaram essa minha condição e sempre deixaram claro dizendo que eu só era um peso e que causava problemas. Quando ficaram sabendo que por culpa minha Jesse poderia processá-los, eles ficaram irados de raiva e me espancaram.-

Falar aquilo era tão doloroso, e até hoje eu não entendo o "porque". Foi horrível, mas não era nada que eu não esperasse na época.

- Até que chegou um momento onde meu pai tentou... Tentou cortar o meu pênis com uma faca enquanto minha mãe me segurava. Eles não conseguiram porque meu tio e a Polícia chegaram na hora e atiraram no meu pai, que morreu logo em seguida e prenderam a minha mãe. Eu fui morar com meus tios e o resto você já sabe - Finalizo olhando para o chão.

-Olha pra mim - Ouço uma ordem e logo a cumpro, me deparando com uma Billie de olhos marejados.

- Yuri, Você.... Você... Porra, vai se fuder - dispara e praticamente pula em meus braços para me abraçar, o que me assustou, mas logo correspondi. Estava confusa, a reação dela não foi nada que imaginei. Ela não estava com nojo, estranheza ou algo parecido? Ela está brava? Acabou de me xingar.

-Você é tão forte - Fala ainda me abraçando e com a voz embargada. Não respondo nada e então ela se desfaz do abraço para olhar em meus olhos. Eu rosto estava vermelho, assim como seus olhos. Já eu, só a encarava esperando o que viria a seguir. Eu não estava chorando, mas sentia que precisava, que estava entalado, mas eu não conseguia colocar pra fora. Não conseguia chorar.

- Eu sinto muito por tudo isso, sinto muito por ter participado e ser motivo dessa sua dor no colegial, e sinto muito por ter voltado pra sua vida e trazer o Jesse, me perdoa - Fala soluçando e olhando pra mim. Não importa quanto tempo passe, odiava ver Billie chorando por qualquer motivo.

- Está tudo bem, não foi culpa sua. Já passou e eu só queria te falar da minha condição porque sei que é estranho e você não é obrigada a - Billie me Interrompe.

- Não não, não fala isso. Não tem nada estranho, não tem nada de errado com você, Meu Bem. - Fala acariciando o meu rosto e depois juntando nossas testas.

- Não tem nada de errado com você. Não tem nada de errado com você, ouviu? - Fala beijando minha testa e voltando a colar nossas testas. Eu não sei descrever o que estou sentindo, mas é bom. Gosto de ter Billie perto de mim, gosto de ter ela assim. Eu nunca imaginaria que a garota que tanto me fez sofrer no ensino médio se tornaria essa mulher madura e apaixonante que me transmitia paz, a paz que nunca senti nesses anos todos.

Acabo com nossa distância em um singelo beijo. Um beijo delicado onde eu depositei todos os meus sentimentos, e que também pude sentir o carinho da mulher. Não era só um beijo, era a nossa forma de dizermos o que queríamos dali em diante. E nós queríamos a mesma coisa.
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Depois de um dia inteiro conversando, comendo e brincando uma com a outra como se a conversa de manhã nem tivesse existido. (Não que tivéssemos ignorando tudo, mas não foi um problema e sim um grande passo nessa nova etapa.) Fomos dormir novamente, ou tentar...

- O que? Vai dizer que ela não era bonita? Até achei o Instagram dela semana passada e olha... - estávamos falando sobre a escola e eu estava irritando Billie. Como? Acabei de descobrir que ela odiava a garota que tentava falar comigo algumas vezes na escola.

- Tá, já deu. Vamos dormir. - Fala e deita enquanto eu a observava ainda sentada na cama.

- Você é tão linda... - Penso em voz alta e vejo a mulher sorrir de leve, um sorriso bobo. Um sorriso lindo.

Deito em seu peito e depois de alguns minutos estava caindo no sono. Até que a ouço falar;

"Então quer dizer que hoje mais cedo saiu correndo do quarto porque estava de pau duro, hein"