Asher Connor
–Meu pequeno guerreiro.– A voz da minha mãe, carregada de saudades, é a primeira coisa que escuto quando desço da moto.
Ela corre em minha direção, braços abertos, o vestido amarelo contrastando com a expressão doce no rosto. Sempre impecável, sempre linda.
–Olá, mãe.– Murmuro no seu ouvido assim que a abraço, erguendo-a levemente do chão por causa diferença de altura.
– Coloque a minha mulher no chão.– A voz autoritária do meu pai se faz presente. Largo minha mãe com delicadeza, mas não desvio o olhar do dele. Ele por outro lado, não consegue desviar os olhos dela. –Eles já são adultos e não precisam mais da sua atenção. Eu preciso.– Ele afirma, as mãos afundadas nos bolsos da calça casual, enquanto lança um olhar possessivo e caloroso para sua esposa.
–Pare de ser um velho ciumento e fale com o seu filho.– Ela rebate, com uma mão na cintura, devolvendo-lhe o mesmo olhar sério antes de se voltar para mim.– Seu irmão avisou que vai se atrasar um pouco, mas já está a caminho. Vou terminar o almoço.– Ela diz e se afasta, mas antes que passe por meu pai, ele segura seu braço. Eles se encaram por um instante, e ela revira os olhos antes de lhe dar um selinho rápido. Ele a acompanha com os olhos até que desapareça, e só então se vira para mim.
–Por que você não viria?– Sua pergunta é carregada de insinuações, e eu permaneço em silêncio por um segundo, imaginando como ele conseguiu essa informação.
Eu estou aqui, não estou?– Pergunto já sabendo que ele odeia ser retrucado, mas não é meu papel provocar ele, isso é com o Ethan.
–Não brinque comigo garoto, se quer agir como seu irmão e começar a me provocar, terá que aguentar quando for a minha vez de jogar.– Sua voz é fria e direta. Ele se aproxima ainda mais. – Eu não ligo que você lute para aliviar seus demônios mas não traga essas merdas para casa. Você é meu filho, e eu o amo, mas não ouse ferir os sentimentos da minha esposa ou vai ter que lidar comigo como homem, não como pai.– Sua voz é grave, carregada de uma ameaça que eu sei que ele não hesitaria em cumprir.
–Eu não perco meu tempo com joguinhos, tente com o Ethan.– Minha voz é tranquila, indiferente, como se suas últimas palavra não me afetassem. Desde que entrei para essa família, eu soube que meu pai é do tipo que gosta de jogos mentais, assim como o Ethan.
–Então não me provoque.– Ele diz, um sorriso sombrio se formando antes de dar um tapinha em minhas costas.–Bom te ver de novo,filho. Vamos, antes que minha esposa pense que fugimos da comida dela.– Ele muda de tom, agora casual, como se a ameaça de segundos atrás nunca tivesse existido.
Meu pai nunca levantou a mão contra mim ou Ethan. Seu jeito de nos disciplinar sempre foi através de palavras, olho no olho, como homens adultos mesmo quando éramos apenas crianças. Ele se orgulha de nós, mas quer sempre mais, sempre o melhor. Quando não alcançamos isso, ele cria desafios, joga jogos mentais. Ele controla o desempenho de Ethan na empresa, sempre observando cada meta, exigindo mais. Comigo, ele tenta alcançar algo mais profundo, cutucando a fera dentro de mim, desafiando-me a não esconder o verdadeiro eu, a não me limitar ao que ele chama de "Inferno pessoal".
Mesmo sendo duro, ele sempre foi... bom. Bom em nos proteger, em nos amar, da sua maneira distorcida, como minha mãe diz. Poucas vezes ele disse que me ama, mas suas ações falam alto. Como da vez que ele fechou uma empresa porque o dono criticou Ethan nas redes sociais. Ou naquela noite, num evento da alta sociedade, um homem fez comentários preconceituosos sobre eu ser adotado. No dia seguinte, o homem foi preso por inúmeras acusações, todas respaldadas por provas sólidas. Eu sabia que foi obra do meu pai. Na noite que saiu o noticiário da prisão do homem, ele se aproximou, pensando que eu dormia, e sussurrou no meu ouvido: "Você é meu filho. E ninguém vai mudar isso."
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Nas Asas do Destino- I Dark Empire
RomancePrimeiro livro da saga Dark Empire Na prestigiosa universidade Harveyking, Asher Connor reina, além de estudante de medicina, Asher também é um lutador brutal, conhecido como "Killer" no ringue do infame "Calabouço". Alto, tatuado, de cabeça raspad...