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Matteo

Eu estava sentado em meu escritório, perdido em pensamentos. A tensão com os irlandeses estava em um ponto insuportável. O ataque que eles haviam feito não era só um erro estratégico; era pessoal.

Costa Investments, minha empresa de fachada, continuava funcionando perfeitamente. Dinheiro limpo circulava como se fosse água, enquanto, no submundo, o caos continuava a se intensificar. Eu sabia que controlar as duas frentes era crucial, mas os irlandeses me distraiam. Meu desejo de vingança era maior do que tudo no momento.

Minha secretária, Camila, estava ajoelhada à minha frente, uma distração física que me fazia esquecer, por breves momentos, as chamas da fúria que queimavam dentro de mim. Ela sabia como fazer um bom boquete, e o silêncio do escritório, exceto por seus movimentos, era quase confortável. Mas logo a batida na porta interrompeu o momento. 

- Entre - falei, ajeitando-me na cadeira enquanto Camila se afastava discretamente.

A porta se abriu, revelando a figura imponente de meu pai. O Don da Cosa Nostra, o homem que me ensinou tudo sobre liderança, estratégia e, acima de tudo,como comandar a máfia. Sua expressão era dura como sempre, mas seus olhos sempre carregavam algo diferente quando estava comigo. Era o único momento em que a brutalidade do homem mais temido da máfia suavizava.

- Matteo - ele disse, entrando sem cerimônia e fechando a porta atrás de si. - Precisamos conversar.

Levantei-me, sentindo a seriedade em sua voz.

- Sobre os irlandeses, imagino - respondi, cruzando os braços enquanto ele se aproximava.

- Eles vão pagar, filho. O que fizeram com sua mãe... nunca será esquecido. — Ele falou com uma firmeza que me fez lembrar que, embora estivesse calmo, a ira dentro dele era igual à minha.

- Eu sei, pai. E Ronan será o primeiro a cair.  - Minha voz era gélida, e meu pai sorriu levemente, algo raro em momentos como este.

- Ronan está jogando com o emocional. Ele está com raiva por você ter pegado a mulher dele, seu irmão Liam, aquele desgraçado... ele será o próximo. Mas primeiro, Ronan. - Meu pai falou com a sabedoria que apenas anos de experiência na guerra da máfia poderiam proporcionar.

- Ronan será esmagado. Ele não sabe o que vem pela frente. Só estou esperando o momento certo. Vamos destruí-los completamente. - As palavras saíam sem hesitação, e eu sabia que meu pai confiava no que eu dizia.

Ele assentiu lentamente.

- Quero que isso seja feito com precisão. Nenhuma margem para erro. Precisamos acertá-los onde mais dói, e quando eles estiverem no chão, destruiremos tudo que construíram.

- Sem dúvida pai, eles vão sentir o que é perder tudo. - A raiva que eu segurava dentro de mim começou a emergir novamente.

- Exato. A vingança está vindo, Matteo. Apenas tenha paciência. A justiça será feita do nosso jeito. - Ele colocou a mão em meu ombro, um gesto que, em outro contexto, seria reconfortante, mas que aqui apenas significava que o plano estava traçado.

- Eles vão pagar, pai. Ronan não vai escapar desta. - Concluí, vendo a aprovação em seu rosto.

Ele deu um último olhar firme antes de se virar e sair do escritório, me deixando com os pensamentos sobre o que viria a seguir.

Respirei fundo e decidi voltar para casa. Quando cheguei, o silêncio da mansão me recebeu como de costume. O jardim estava calmo, a piscina refletia a luz da lua, e então a vi: Elena, sentada na beira da piscina, seus pés balançando na água. O que me intrigava nela? Eu não sabia dizer. Ela era a esposa de Ronan, mas ali, na minha casa, ela parecia tão distante desse mundo. 

Liberdade nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora