ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴅɪᴇᴄɪꜱᴇ́ɪꜱ (16).

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Abella

     Sarah tinha me mostrado um pouco do que ela faz e da forma que faz, deixando o celular nas minhas mãos para que eu gravasse. A morena era simpática, e contava com visível orgulho a realização que era para ela trabalhar ali.

     — O Barça é uma família para mim, não me imagino trabalhando em nenhum outro lugar. Era o seu sonho também?

     — Ah, não era um sonho, mas... deve ser incrível.

     — É sim. O próximo jogo será no Domingo, está animada para gravar sua primeira partida?

     — Mais um jogo?

     — É assim que funciona.

     Parecia rápido demais para mim.

     — Onde vai ser?

     — Contra o Sevilla no Estadio Olímpico de Montjuic.

     Antes que eu pudesse perguntar mais informações, a Sarah foi chamada por alguém.

     — Com licença — ela sorriu ao se afastar.

     Já que estava com o celular ainda em mãos e aberto no Instagram do clube, me aproximei um pouco mais dos jogadores para praticar e gravá-los.

     Comecei a filmar a movimentação deles com muita atenção. Olhei para trás para ver Susana e Flora sentadas na arquibancada, e como as duas estavam quietas tirando fotos, voltei minha atenção para a tela.

     Gavi percebeu que eu filmava, nossos olhares chegaram a se encontrar. Depois de alguns segundos, eu o gravei se aproximar. Ele apoiou as mãos em um gol reduzido — uma rede bem pequena, apenas para os treinos — e sorriu para a câmera.

     A cena tinha ficado ótima e acho que os fãs gostariam, de modo que publiquei. Foi minha primeira publicação, minha primeira atuação naquele trabalho.

     E enquanto eu postava, ele veio até mim.

     — Já está trabalhando?

     — A Sarah me deixou aqui com o celular.

     — Sei que sou muito bonito, mas você precisa gravar os outros também, tá? — Deu um sorriso.

     — E você deveria não interromper o meu trabalho!

     — Vou me esforçar.

     Escutei minha barriga roncar, e torci para que ele não tenha escutado. O fato de não ter tomado café estava surgindo efeito agora.

     — Sua família já sabe? Como reagiram? — Indagou.

     — Que vou trabalhar aqui? Não.

     Nem o Javier ficou sabendo ainda.

     Ele fez uma cara confusa.

     — Não?

     — É complicado. Moramos na mesma casa, mas eu quase não falo com meus pais porque passam o dia inteiro trabalhando.

     — Já tentou falar com eles sobre isso?

     Que saco, não queria que insistisse nesse assunto. Eu evitava falar muito sobre meus pais.

     — Estou acostumada.

     — Não é porque está acostumada com algo que significa que seja certo. Deveria tentar falar com eles.

     — É psicólogo nas horas vagas? — Tentei mudar o rumo da conversa.

Jogo do Amor - Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora