Capítulo 8 - Chapéu para garantir o anonimato

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Nicole Muller

Faz duas horas que acordei e na metade desse tempo estive sentada na cama, os olhos grudados no chão e a sensação de ter meu estomago no lugar dos meus pés. De tempos em tempos, me pegava observando a máscara pousada sobre a pequena escrivaninha que tenho dentro do quarto.

O coração bate forte contra as costelas quando o alarme do celular toca avisando que está na hora de ir tomar café da manhã, caso contrário não terei tempo de comer nada e precisarei iniciar o dia com o estomago vazio.

Penso em falar para a Sra. Francesca que não estou me sentindo bem, mas ignoro a idéia na mesma hora. Não posso fazer isso com alguém que confia em mim ao ponto de fazer o que fez. Suspiro, sentindo as mãos tremulas. Eu, Nicole, em definitivo, não tenho nada em comum com a Nick que participou daquele baile no sábado a noite e que acabou nos braços do dono disso tudo.

Com as mãos tremulas e o desespero contraindo a boca do estomago, pego o chapéu pendurado atrás da porta. Com exceção da governanta da casa, mais nenhum empregado ficou durante o baile... ninguém me viu.

O caminho até a cozinha dos funcionários nunca foi tão longo. Ignoro o suor frio que escorre pela minha nuca e me obriga a limpar a mão no macacão de trabalho. Conforme me aproximo, as vozes animadas vão ficando mais altas e sei que o único papo do dia é a respeito do recém realizado baile. Deixo um gemido dolorido escapar pela minha boca antes de tomar coragem e colocar o pé dentro do ambiente bem iluminado.

— Nicole! — Celine, a moça responsável pela limpeza de parte da mansão fala meu nome alto, chamando atenção de todos os presentes — Queremos detalhes de como foi o baile!

— E-eu? — Dou um passo para trás.

— Claro! Sabemos que foi a única que ficou além da Sra. Francesca. — A moça diz animada — E ela não vai falar nada! Então, você é a nossa melhor aposta para sabermos os detalhes que os sites de fofoca ainda não falaram.

— Bom, eu... — engulo em seco, dando as costas enquanto caminho em direção a geladeira — só ajudei a decoradora e depois me recolhi.

— Cadê seu espírito de fofoqueira? — Outra moça da limpeza, Gabrielle, fala arrancando um riso dos presentes — Eu teria dado um jeito de ficar espiando a festa.

— Fui bem cedo para o meu quarto, estava cansada e acabei dormindo logo.

— Credo! — A primeira responde — Como conseguiu? Você era a nossa ultima esperança para saber os detalhes sobre a mulher de prateado.

— Mulher de prateado? — Pergunto, o copo parando a meio caminho da boca.

— Além de tudo não acompanha os sites de fofoca? — Celine se aproxima, o celular em mãos — Olha aqui! Só existe um assunto correndo na boca do povo em Emerald: a mulher misteriosa que dançou com o patrão.

Na tela do celular, aberta num site qualquer, há uma foto não muito clara, de uma mulher em um vestido claro nos braços de um homem todo de preto, mascarado. Dou um passo para trás, apoiando o corpo numa bancada, obrigando meus dedos a colocarem o copo em um lugar seguro antes que ele caia no chão e espalhe todo o liquido ao redor.

— Pela primeira vez não é o Príncipe Otto sendo o centro das atenções — é a própria Celine que comenta, mas sou incapaz de responder, porque meus olhos seguem grudados na imagem — Sério, ainda não acredito que você não a viu! Gente, eu ficaria me esgueirando por cada canto só para ver todos os detalhes.

— É por isso que não ficou. — A voz de John me traz de volta para a realidade. — Bom dia, Ni. Tudo bem? Conseguiu descansar do final de semana?

— Sim, sim — me apresso a dizer, devolvendo o aparelho para Celine. — É, foi bem tranquilo. Nem deu para escutar nada.

Rejeitada pelo magnata viúvo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora