Capítulo 10 - Não olhe para trás

371 24 5
                                    



Maximilian Konig Winkel

Assim que coloco os pés para fora do carro, meus olhos recaem sobre o jardim a minha frente e as lembranças de Nick parecem tomar conta da minha cabeça. Seus olhos escuros e brilhantes, seu calor em meus braços... uma sensação de estar vivo. É curioso como uma completa desconhecida foi capaz de me arrancar do fundo do mar, me levando para a superfície.

Minha garota prateada, como Andreas passou a chamá-la, sumiu sem deixar nenhum rastro e já faz algumas semanas que deixei de procurar por ela. Mesmo que eu a achasse, o que diria? Balanço a cabeça de um lado para o outro, guardando as memórias naquelas caixas compartimentalizadas que costumo imaginar existirem dentro da minha cabeça.

Subo as mangas da camisa quando o calor sufocante, estranho para esse começo de primavera, me atinge e então, a piscina entra na minha visão. Eu poderia entrar nela, dar um mergulho agora a noite como costumava a fazer... mas não consigo e a resposta é fácil quando Ingrid vem a minha cabeça, em uma das ultimas memórias que tenho dela antes que tudo mudasse: grávida, com um barrigão bonito de oito meses, tomando sol enquanto eu e meus pais fazíamos um churrasco na área gourmet.

Curioso como minha cabeça é capaz de pular de uma memória feliz para uma que vai me enfiar novamente no limpo da autocomiseração.

As recordações inundam a minha cabeça e lembro de ela falar que a piscina do nosso apartamento não era tão gostosa quanto a da mansão e por isso, vir até aqui era quase que sagrado nos finais de semana. Caminho até a borda, e observo a água azul parada, apenas iluminada pelas luzes laterais.

O celular toca, me arrancando daquele lugar que costumo chafurdar dia sim, dia sim também. Na tela, o nome de um dos diretores me faz suspirar. Alguma merda grande o suficiente aconteceu para me ligarem logo após sair da empresa. Vou andando em direção ao meu escritório particular enquanto escuto o homem falar sobre uma possível invasão em um dos nossos sistemas.

Abro o notebook e começo a entender o que está acontecendo, enquanto o mantenho no viva-voz. A vantagem é que em pouco tempo, minha mente se desconecta do passado e foca apenas no problema que está a minha frente. Invasões não são algo incomuns, na realidade, muito pelo contrário. As tentativas acontecem aos montes em um único dia, o grande problema é quando elas mudam de status e viram uma realidade.

Mergulho fundo nas linhas de código, na arquitetura do sistema, buscando as falhas de segurança e caçando o filho da puta que teve a coragem de invadir o meu sistema. E mesmo sendo o CEO, ainda sou eu quem coloco a mão ali em casos como esse, é quase como me sentir vivo.

— Resolvemos.

— Sim, Max. — Armand, o diretor de segurança responde — Está tudo normalizado e agora manterei o pessoal fazendo os monitoramentos necessários pelas próximas vinte e quatro horas.

— Estarei com o celular ligado, qualquer coisa, só chamar.

Ele se despede e deixo meu corpo encostar-se à cadeira, a adrenalina baixando enquanto faço uma ultima verificação nas mudanças que fizemos. Provavelmente é algum moleque gênio, em alguma parte da Europa Oriental que não tem nada para fazer e resolveu foder com a minha vida.

Solto uma risada baixa. Já fui esse tipo de moleque um dia.

Me assunto quando escuto três batidas na porta do meu escritório. Olho o horário no canto direito da tela do computador e vejo que já passou, e muito, das dez horas da noite. Provavelmente é minha mãe perguntando o motivo pelo qual não apareci para o jantar.

Rejeitada pelo magnata viúvo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora