Capítulo 4 - Uma nova possibilidade

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Maximilian Konig Winkel

Ajeito a gravata borboleta sobre a camisa preta. E não capaz de deixar de pensar que a ultima vez que usei um traje social completo assim Ingrid ainda estava viva e grávida da nossa primeira filha.

Passo os dedos indicadores sobre os olhos, em busca de afastar as memórias que não vão me ajudar a passar pela noite de hoje. Saio do banheiro, dando uma ultima olhada no espaço e tentando arranjar desculpas para ficar... mas prometi a minha mãe, cedi ao seu desejo de fazer essa festa e falei que compareceria pelo tempo que fosse necessário ou o quanto fosse capaz de ficar lá.

A máscara sobre a cômoda me encara, como se tivesse muito mais significado do que de fato tem. É só a porra de um objeto que promete me manter, minimamente, escondido das pessoas. Solto uma risada de escárnio, sabendo que isso é quase impossível de acontecer. Em algum momento, elas saberão quem eu sou.

Ajeito o objeto sobre o rosto para, em seguida, encarar o meu reflexo uma ultima vez no espelho de corpo inteiro que possuo no quarto. Não tem como fugir e também não tem como me esconder aqui, como uma criança de cinco anos.

O movimento está agitado dentro da casa, as pessoas entram e saem com comida, bebidas e outros tantos objetos que não sei o que são. Ordens são dadas de todos os lados e vejo que todos parecem estranhamento sincronizados dentro do caos.

Me dirijo até o local de entrada da festa, na tentativa de parecer apenas mais um convidado. Me misturo entre as pessoas que entram e sou obrigado a admitir que minha mãe, junto com a decoradora, fizeram um trabalho incrível. Mal sou capaz de reconhecer o próprio espaço da minha casa.

No lateral, onde o gramado corre por muitos metros, há um quarteto de cordas tocando e um microfone ao centro que indica que haverá um cantor em algum momento da noite. O gramado, naquele local, está protegido o que indica que provavelmente se transformará na pista de dança. Dona Louise me impressiona com a capacidade de ter montado tudo isso em pouco menos de uma semana.

— O senhor aceita uma taça de champagne? — Uma garçonete para a minha frente, com uma bandeja lotada de taças cujo liquido claro borbulha lá dentro.

— Obrigado.

A música clássica, suave para o momento, embala os convidados que estão descobrindo tudo o que minha mãe pensou para esse momento.

— Achei que seria um pouco mais difícil de te reconhecer no meio desse monte de gente. — Não me surpreendo quando vejo Andreas ao meu lado, um copo de whisky em mãos — Sua mãe fez um arranjo e tanto no espaço.

— Boa noite para você também, Andreas. — Levo o copo a boca — Também estou surpreso com a decoração. Onde está o seu marido?

— Guilhermo deve estar por ai, dando em cima de alguém. — Vejo quando encolhe os ombros, indiferente, como se estivesse apenas falando de um dia nublado — É uma daquelas noites que teremos companhia na cama.

— Excesso de detalhes.

— Estou feliz que tenha saído da sua caverna para algo que não seja ir ao escritório ou dar entrevista para alguma revista de TI.

— Minha mãe me obrigou.

Andreas solta uma risada contida.

— Lembro que você falava assim quando tinha cinco anos.

— A diferença é que não posso me jogar no chão e fazer birra. — Resmungo, arrancando dele uma nova risada. — De qualquer maneira, vou sair antes das mascaras serem tiradas.

Rejeitada pelo magnata viúvo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora