Capítulo 3

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O castelo, imponente com suas torres que rasgavam o céu nublado, era o centro de poder do reino, mas também um ninho de intrigas. As muralhas externas protegiam o reino de ameaças visíveis, mas dentro dos salões ricamente decorados, os verdadeiros perigos se escondiam nas sombras, nos sussurros e nos olhares trocados entre nobres ambiciosos.

Naquela tarde, o grande salão estava mais carregado do que o normal. A atmosfera era densa, e cada palavra trocada parecia envenenada. Os conselheiros reais estavam reunidos ao redor da mesa de mármore, adornada com mapas e documentos selados. A sala, iluminada pelas grandes janelas de vitrais, era dominada pela presença do rei, que observava tudo em silêncio, seu rosto duro como pedra. Ao seu lado, Taehyung permanecia em pé, a postura rígida, com o olhar focado à frente. Ao fundo, à sombra das colunas, Jungkook, o fiel guarda do príncipe, assistia em silêncio.

Lorde Park Jun-ho, um dos nobres mais poderosos do reino, tomava a palavra. Sua voz era alta e cortante, e cada sílaba parecia carregada de veneno.

— Majestade, estou aqui para falar em nome de muitos que sussurram nas sombras — disse Jun-ho, os olhos fixos no rei. — O reino está inquieto. Muitos questionam suas decisões, e me vejo na obrigação de trazer isso ao conselho.

O rei não respondeu de imediato, inclinando-se um pouco no trono, avaliando o nobre com um olhar firme. O nobre, percebendo o silêncio que o encorajava a continuar, prosseguiu, agora mirando diretamente o príncipe.

— Como podemos confiar em um monarca que mantém um selvagem dentro de seu castelo? — disparou Jun-ho, sua voz ressoando no salão. — Não apenas vivo, mas no posto de guarda de seu filho! — Ele fez uma pausa dramática, permitindo que o impacto de suas palavras se espalhasse pela sala. — Muitos questionam sua sabedoria, Majestade. Afinal, que tipo de rei poupa a vida daqueles que desafiaram seu trono, que mataram nosso povo, e ainda os coloca em posições de confiança?

A provocação foi como uma flecha venenosa, direcionada tanto ao rei quanto a Taehyung. Os olhos do nobre brilharam com malícia ao notar o leve endurecer no rosto do príncipe, mas foi a reação de Jungkook que ele realmente buscava. O guarda manteve-se imóvel, os olhos fixos à frente, mas o insulto estava claro. Ele não era mais o jovem órfão aterrorizado; agora, era um guerreiro endurecido, mas ainda assim, Jun-ho via nele uma fraqueza para explorar.

O silêncio no salão era sufocante, como se todos esperassem a explosão iminente. Alguns conselheiros trocavam olhares nervosos, enquanto outros observavam, esperando para ver como o rei responderia. Taehyung permaneceu quieto, embora sua postura tensa mostrasse que ele estava no limite. Jungkook, à distância, manteve-se impassível, mas seus olhos sombrios traíam a fúria que ele reprimia.

O rei, no entanto, permaneceu imóvel, seu olhar fixo em Jun-ho. Quando finalmente falou, sua voz foi baixa, mas carregada de autoridade.

— Você fala de confiança, caro Park? — disse o rei, lentamente. — De poder? De controle?

O nobre permaneceu em silêncio, mas sua expressão triunfante vacilou ao perceber que o rei não se deixaria abalar facilmente.

— Manter o selvagem aqui, ao meu lado, ao lado de meu filho, não é um sinal de fraqueza — continuou o rei, os olhos cintilando com algo mais profundo, algo calculado. — É, de fato, a mais pura demonstração de poder. Eu não apenas derrotei aqueles que me desafiaram. Eu os dominei. Eu os fiz meus. Um homem que viveu na floresta, como um verdadeiro animal, que viu sua família cair, agora serve ao reino, protege meu herdeiro. Isso é controle, Jun-ho. Isso é o poder que você parece não entender.

O salão permaneceu em silêncio absoluto. As palavras do monarca reverberavam pelas paredes, carregadas de uma verdade irrefutável. Jungkook não era um sinal de fraqueza; ele era um troféu vivo de uma vitória esmagadora, transformado de inimigo em protetor.

Bloody CrownOnde histórias criam vida. Descubra agora