Capítulo 5

34 4 10
                                    

O sol atravessava as amplas janelas do salão de jantar, lançando luz sobre a longa mesa farta onde a família real se reunia. Taehyung conversava com sua noiva, os dois trocando sorrisos enquanto os pratos eram servidos. Ao seu lado, Jungkook mantinha-se de pé em silêncio.

Jungkook estava esgotado. O cansaço acumulado, misturado com o ciúme que queimava silenciosamente em seu peito, tornava insuportável a visão de Taehyung e sua noiva juntos. Sua posição de guarda ao lado do príncipe era seu dever, mas, com o tempo, havia se tornado uma tortura silenciosa. Durante semanas, ele testemunhara a aproximação crescente entre o amante e a princesa.

Ela parecia entender Taehyung de uma forma que Jungkook não conseguia. A princesa conhecia detalhes de arte que o deixavam confuso e, sempre que ela tentava inclui-lo nesses assuntos, o guarda se via perdido, incapaz de contribuir de forma significativa. Ele a via se aproximar do príncipe dia após dia, compartilhando gostos e pensamentos que simplesmente não conseguia acompanhar. Eles falavam de livros, música e política com uma fluidez que ele nunca tivera.

Jungkook se esforçava para entender, para tentar se conectar com Taehyung como ela fazia, mas tudo parecia escapar por entre seus dedos. Cada vez que o príncipe ria de algo que a princesa dizia, um nó se apertava em seu peito. Ele sabia que Taehyung ainda o amava, mas a proximidade entre os dois se tornava insuportável.

O guarda se lembrou de como a princesa tentava ser gentil, sempre disposta a se aproximar dele, buscando sua amizade por ser próximo do príncipe. A bondade dela o deixava mais frustrado; O ciúme se transformava em irritação, e a amargura em seu coração crescia, como uma sombra sufocante. E quando a princesa, sem saber da tempestade emocional que ele enfrentava, tentou puxar conversa, algo dentro de Jungkook estourou.

- Você deve ser um grande companheiro para Taehyung - disse ela, sorrindo com simpatia. - Ele sempre fala sobre sua lealdade.

Mas para Jungkook, aquelas palavras soaram como facadas em um orgulho já ferido. O veneno da frustração e do ciúme o dominando, e antes que pudesse pensar, respondeu de maneira dura, sua voz fria e cortante.

- Isso não lhe interessa, Alteza.

O silêncio caiu sobre a mesa. A princesa olhou para ele envergonhada, surpresa pela resposta inesperada e ríspida. O sorriso desapareceu de seu rosto, e Taehyung, percebendo o erro, tentou falar, seu rosto tenso.

- Jungkook, por favor...

Antes que alguém pudesse reagir, o rei, pai de Taehyung, se levantou com uma fúria contida. Sem aviso, ele agarrou o guarda pelos cabelos, puxando-o com força.

- Cão insolente! - o monarca rosnou, arrastando Jungkook até os pés da princesa, forçando-o a se ajoelhar.

O coração do guarda disparou, um misto de vergonha e medo. A dor no couro cabeludo era aguda, mas a humilhação era ainda mais devastador. Com um movimento cruel, o rei pressionou a cabeça dele para baixo, até que o rosto do guarda estivesse encostado nos pés da princesa.

- Você se esqueceu do seu lugar neste mundo, não é? - o rei cuspiu as palavras com desdém. - Você não é ninguém. E para apagar você da existência, basta um estalar de dedos.

A sala ficou paralisada. O olhar horrorizado da princesa, o pânico no rosto de Taehyung, os olhos arregalados dos demais. Ninguém ousou falar. O príncipe, com o coração acelerado, deu um passo à frente, tentando desesperadamente defender o amante.

- Pai, por favor, ele não quis...

- Silêncio - rugiu, ignorando completamente o filho. - Você se atreve a desafiar sua princesa? Você, um mero selvagem? - Jungkook estava ajoelhado, o rosto em chamas de humilhação e dor. A pressão da mão do rei em seus cabelos era implacável. - Peça perdão, agora. Ou será que você está disposto a descobrir se sua coragem é suficiente para continuar sem a língua?

Bloody CrownOnde histórias criam vida. Descubra agora