Procurei um lugar para me acalmar
Mas tudo o que eu encontrei era vazio
Lugares, momentos, nada parecia um lar
Vaguei sozinha por meses
Procurei por algo, por alguém que pudesse me salvar
Mas nunca encontrei
E talvez eu tenha me acostumado a ficar só
Tão quieta
Vagando pelo mundo
Tão vazio quanto qualquer deserto
Tudo o que vi pelo caminho
Era passageiro
Como uma chuva que vem para ficar apenas minutos
E depois vai embora.
A areia embaçava meus olhos
Logo tudo virou água
Não me lembro o quanto eu caminhei
Nem mesmo lembro quando foi que me afoguei
Acho que parei de tentar lembrar
Parei de tentar procurar
Aceitei o que aconteceu
E decidi apenas vagar
Não vou mentir
Encontrei coisas com que eu pudesse me entreter
Encontrei pessoas
E corpos
Bocas vazias que só falavam mentiras
Eu fingi acreditar porque falavam o que eu queria ouvir
Seus toques não me arrepiavam
E seus olhos eram rasos
Seus beijos vazios distraiam minha alma cansada
Me iludiam fazendo exatamente o que eu queria
Me aproveitei de suas mentiras para saciar o meu corpo
Já que minha alma nunca estaria satisfeita
Tornei físico tudo o que achava intangível
Me afoguei em corpos e almas mentirosas
Quebrava seus corações toda vez que eu partia
Mas isso não me comovia
Tantas vezes os magoei de propósito só para me sentir poderosa
Para que eu não me sentisse tão frágil
Não dava a eles o poder de fala para que não pudesseme magoar
Não dava eles a oportunidade para quebrar o que restou de mim
Eu me tornei tão fria quanto consegui
Acho que foi aqui que me perdi
Quando congelei qualquer sentimento de amor e piedade
Agora ninguém pode entrar
E não há ninguém para sair
Eu não posso ser salva dessa vez.
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Por Soila Muller
Non-Fictionminha alma está aqui, sou um oceano inteiro. se não souber nadar, não se arrisque a mergulhar