Por Soila Muller

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Olhando agora
Estou na mesma situação de quando era criança
A vida miserável
Rodeada de pessoas egoístas
Eu poderia simplesmente ser igual
Devolver na mesma moeda
Mas eu não sou assim
Tudo o que me rodeia é tão miserável
Pessoas
Lugares
Sons
Volto a pensar na época que eu tinha 4 anos
A situação é idêntica
Só que agora
Não sou eu a criança
E sim, a minha filha
Rodeada por pessoas que apenas à aturam
Porque eu não tenho para onde levá-la
É ridículo
Jurei pra mim mesmo que isso jamais aconteceria com a minha filha
Olha eu queimando a língua
Sendo ridiculamente hipócrita
Meu Deus
Eu vivo dizendo que me vingaria
Que faria pior
Mas não faço
Eu sou com certeza melhor do que um poço de rancor
Mas ser boa demais me custou caro
Afundou comigo a minha criança
A minha maternidade
A minha simples essência que já lutava para sobreviver
Agora não existe mais
Onde eu vou parar?
Sempre esquecida
Ou deixada
Agora eu só estou aqui
Assistindo de longe pessoas fazerem mal umas para as outras
Sem ligarem pra quem está ao redor
Não importa
Criança
Adultos
Vizinhos
Eles não ligam
Afundam todos com eles
Só o que importa é o mundo deles
A briga deles
O DINHEIRO DELES
Como se pudessem comprar o mundo
Quando na verdade não tem onde caírem mortos
Hipócritas
Tenho nojo desse egocentrismo
Como se tudo deles fosse invejável
E eles nem tem nada
Estão me afundando junto
Porque sabem que não sei ser uma pessoa ruim
Mas dessa vez, não será assim
Dessa vez devolverei na mesma moeda
E ainda pior
Vou ligar apenas para o meu umbigo
Deixar vocês afogarem no próprio ego
E quando precisarem de mim
Vou pisar em vocês
Ainda pior do que pisaram em mim
E na minha família.

         

             — Vingança com certeza é pra comer quente, eu vou comer fervendo.