Por Soila Muller

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Em um domingo vazio como todos os outros
Zerada de expectativa
Eu não lembrava do compromisso que havia marcado
Eu estava apenas no meu quarto, isolada do mundo
Onde tudo era seguro
Uma mensagem mudou o rumo

"Posso ir já?"
"Pode sim."

Sinceramente, não sei como tive forças para levantar
Com a roupa do corpo, e sem saber de nada, fui ao encontro daquele que balançaria meu mundo
Nos meus pensamentos aquilo seria apenas um arrependimento da noite
E acabou sendo o arrependimento de não ter ido antes.

Estranhamente tudo começou leve
Um assunto em comum, mais um, e mais um
"Que estranho" - Foi isso que pensei
Quando notei, já não parava mais de falar
Falava até sobre o clima ou sobre o tempo de escola
Ele escutava tudo sem ignorar uma vírgula
Era mais do que assustador
Mas foi exatamente o que eu queria.

Caminhamos até um lugar relativamente perto
Tomamos algo juntos
E falamos ainda mais
As coisas estavam estranhamente confortáveis
Com meu péssimo hábito de desconfiar do "bom"
Pensei logo em um cigarro
No tempo certo ele me chamou pra fumar

(Eu lembro de quando o vi pela primeira vez
Lembro do toque macio de seus lábios
Do seu abraço carinhoso
De suas mãos firmes que tive que pôr no lugar mais "respeitoso"
Lembro de como ele aqueceu meu coração partido
E lembro de como fugi dele porque "era só uma ficada"
Mesmo assim, voltei para dar um beijo de despedida)

Evitava ao máximo o contato visual
Notei o quanto sua presença não podia ser ignorada
Um homem de 1,80cm, muito bem vestido e um perfume que não soube distinguir, mas sabia que ficaria em mim caso ele se aproximasse (e torci para isso acontecer).

A tensão era notável até para quem via de longe
Foi questão de um cigarro
Veio o abraço, o cheiro
O beijo
Quente, calmo, lento e carinhoso
Foi o meu fim
Há tanto tempo ninguém havia conseguido se aproximar de mim
Mas eu abri as portas para ele
Quando com um beijo ele me desestabilizou.

                               - (des)bloqueio emocional.