Sentimentos cruzados - Bbangsaz

memórias

Pois é né, tenso

ALERTA DE POSSÍVEIS GATILHOS!!!

SE TIVER ALGUM ERRO,ME MARQUEM!

★«★»

Minji P.O.V

Os raios de sol entram pelas janelas do meu quarto. O barulho dos carros, motos, vento e até mesmo os vizinhos gritando era matinal para mim. Deveria ser uma manhã tranquila, mas não era. Nunca era. Acordo depois do mesmo sonho de sempre.

Minjeong, pais, gritos, choros... Saída.

Para mim era tudo como se eu ainda vivesse naquela maldita casa que um dia chamei de lar. Aquela aura assustadora e ruim ainda vive comigo, por mais que eu tenha saído de casa a dois anos. Aquela memória ainda vivia comigo, e eu ainda vivo ela.

Acordo com o meu coração acelerado, respiração descompassada, corpo suado, cabelo descabelado e olhos marejados. Merda, de novo não...

Levanto-me da cama rapidamente, mas minhas pernas estão muito fracas, o que faz-me cair no chão. Meu coração estava extremamente acelerado, e minha respiração nem se fala. Sinto as memórias de cada dia antes de sair de casa me assombrar. A culpa me consome de forma absurda em apenas pensar em minha irmã mais velha.

Fecho os olhos com força, tentando afastar todas as lembranças ruins e os "E se". Minjeong dava sinais do que iria fazer, mas nunca me intrometi, porquê eu não podia. Lembro-me de suas cicatrizes no pulso, seu constante choro, sua constante luta contra si própria e os seus valores... Tudo.

Já sentia minhas lágrimas escorrendo. Estava impotente, vulnerável e incapaz. Assim como antes. Odiava quando isso acontecia, pois trazia de volta a antiga Minji. A Minji que via a irmã constantemente sendo espancada, a Minji que sentia medo, a Minji que ouvia os desabafos reais de sua irmã, a Minji que era presa. Agarro os meus braços, fincando as unhas na minha pele. A esse ponto, meu rosto estava encharcado de lágrimas, porém suave eu não gritava.

O aperto no meu peito ficava mais forte, quase como se o ar estivesse sendo sugado dos meus pulmões. O que antes era uma respiração descompassada se transformava em pura agonia. O gosto amargo da impotência queimava minha garganta. Minha visão se turvava, enquanto meus dedos fincavam ainda mais na carne dos meus braços, na tentativa inútil de ancorar-me em algo real, algo fora das memórias.

Minha mente me empurrava de volta para aquele dia. Aquele dia em que Minjeong gritou, mas ninguém escutou... Exceto eu.

— Não... — minha voz saiu trêmula, quase um sussurro. Eu não queria voltar lá, não de novo.

Mas era inevitável. Cada flash de memória me afundava mais, me fazendo lembrar da voz dela, o eco do choro sufocado no quarto ao lado, das vezes que eu tentava ser forte por ela, mas no fundo sabia que não conseguia. Eu falhei com Minjeong. Eu fui covarde.

As paredes do quarto pareciam se fechar, o ar rareava cada vez mais. Eu tentei me levantar novamente, mas minhas pernas tremeram e me derrubaram de volta ao chão. O impacto me fez soltar um gemido de dor, mas a verdade é que essa dor era um alívio perto do que eu estava sentindo por dentro.

De repente, ouço o mio de Wakanda, que vem correndo até mim. A gata preta sobe em meu peito e esfrega sua cabeça em minhas mãos — que ainda agarravam meus braços — para pedir carinho. Com dificuldade, me concentro em sentir o pelo de sua cabeça, o som da gatinha miando, o calor de seu ronronar... Tiro uma das minhas mão de meu braço e começo a fazer carinho na gata, que começa a se esfregar na minha mão como forma de procurar mais carinho. Fecho os meus olhos, tentando controlar minha respiração que ainda estava desregulada.