The Unspeakable | Drarry

[5] O Entendimento

Harry não conseguiu dormir, mas acabou se deitando. Ele tomou duas das três poções que seu curandeiro perspicaz lhe prescreveu, mas pulou a Poção para Dormir disfarçada de Poção Calmante. A coisa o nocauteou por pelo menos seis horas, e Harry não tinha tantas horas sobrando. Embora ele tivesse que elogiar Draco por seus esforços, por mais sorrateiros que fossem.

Harry fechou os olhos e se espreguiçou até ficar com as costas arqueadas, depois relaxou com um suspiro. A cama era agradável. Fazia tempo que ele não se deitava em uma e esperava que demorasse um pouco para fazê-lo novamente. O tapete irregular em sua barraca de bolso era satisfatório, e Harry não era exigente quanto ao lugar onde dormia - ou tentava dormir. Mas não tinha nada a ver com isso.

Ele teria a chance de descansar eventualmente, mas não agora. Neste momento, Harry tinha toda uma rede criminosa para derrubar antes que inundassem mais uma cidade com suas poções não regulamentadas, atacando as massas desesperadas e vulneráveis.

Ele rolou a cabeça no travesseiro para olhar para o homem ao lado dele. Harry achava que as pessoas deveriam parecer pacíficas quando dormiam, mas Draco não - sempre com uma ruga entre as sobrancelhas. Ele provavelmente estava revisando anotações de casos em seus sonhos.

Harry deveria saber que Maria ligaria para Draco. Ela se lembrou de como era a Maldição do Traidor e sabia da devastação que ela poderia causar. Ninguém mais saberia como contê-la, e Draco era o único curandeiro disposto a tratar Harry enquanto ele estivesse consciente. Harry se certificou disso.

Ele não estava mentindo quando disse que não gostava de curandeiros. Ele odiava as cutucadas e perfurações, o cheiro de anti-séptico, as perguntas de boca seca. Mas era muito mais fácil lidar com tudo isso quando o seu Curandeiro se parecia com Draco Malfoy - magro e pálido, com olhos afiados e lâminas de barbear no lugar das maçãs do rosto. E Draco tinha que ser muito bonito para ser tão pedante quanto era quando estava no uniforme de Curandeiro e ainda fazer o coração de Harry disparar.

Então talvez Harry fingisse uma lesão de vez em quando, permitisse que um lutador inferior acertasse um soco, talvez até enfraquecesse seu escudo antes de pisar na frente de um Reducto no Arizona e cair em um hospital americano, porque ele simplesmente não conseguia parar de pensar sobre ele.

Harry sabia que Draco estava atraído por ele desde o início, embora questionasse se o próprio Draco sabia disso. Foi na maneira como ele se balançou em direção a Harry quando ele falou, ou como seus olhos permaneceram. Como ele nunca deixaria Harry tirar a camisa a qualquer custo. Harry testou os limites suavemente, só para ver o que aconteceria. Durante muito tempo, não foi nada. Draco usava seu profissionalismo como uma armadura. Tudo o que Harry precisava fazer era encontrar a junta certa, uma dobradiça vulnerável na cota de malha para acessar a carne vulnerável.

Demorou muito até que Draco cedesse, quase um ano. Harry teve que ser amaldiçoado por uma bruxa rebelde que encontrou no deserto canadense. Ele estava alucinando e fora de sua maldita cabeça quando Draco chegou e começou a murmurar contra-maldições entre palavras raivosas. E assim que terminou, Harry pensou que ainda poderia estar sonhando feliz quando Draco o jogou contra a parede e o beijou profundamente. Ainda mais quando ele despiu Harry, chupou seu pau, comeu sua bunda e depois montou nele até ele ver a porra de Deus.

Harry não esperava que nada acontecesse - nada sério, pelo menos. Ele pensou que talvez eles transassem por um tempo, e ele tiraria Draco do seu sistema. Então Harry continuaria com o trabalho como sempre.

Mais de um ano depois, ele ainda esperava que aquela necessidade dolorosa passasse.

Harry sempre presumiu que era um relacionamento baseado na conveniência – para Draco, pelo menos. Mas, oh Deus, a expressão no rosto de Draco quando ele entrou na sala de exames. O estômago de Harry despencou só de pensar nisso. Ele esfregou as mãos com força nos olhos e depois em todo o rosto, como se pudesse apagar a lembrança.