[4] O Oásis

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Draco tossiu, afastando a nuvem persistente de pó de Flu enquanto saía da lareira para a terra macia. Ele fez uma pausa, olhando da direita para a esquerda, surpreso ao se encontrar em uma área de selva ainda mais densa que o acampamento base. O único sinal de vida, além da lareira independente em ruínas – estranhamente deslocada contra o dossel – era uma tenda desleixada, camuflada sob as folhas de uma palmeira.

Draco entendia o que era secreto, mas isso era excessivo.

Uma fortaleza de proteções zumbia ao seu redor, mas permanecia inativa por sua presença. Draco deu mais um passo em direção à tenda. Seus sapatos afundaram no chão esponjoso enquanto ele abria caminho entre a folhagem gigantesca. Ele escutou por um momento e, quando não ouviu nada além dos gritos desconhecidos da selva, abriu a aba da tenda e entrou.

O interior era espaçoso apesar da fachada despretensiosa – uma impressionante demonstração de magia que Draco realmente deveria esperar agora. A luz solar salpicada atravessava a tela e lançava um brilho meloso no ambiente, fazendo-o parecer convidativo, embora não abrigasse objetos pessoais distinguíveis.

Uma cama ocupava a maior parte do quarto. Não estava arrumada e era pouco mais do que um colchão no chão, amontoado com um edredom e um travesseiro bem perfurado. Um mosquiteiro transparente criava um halo ao redor da cama, aberto como uma cortina e preso para trás

Uma cozinha improvisada ocupava a parede oposta, com uma pequena pia, um fogão a gás propano, uma minigeladeira e uma seleção sombria de louças. No lado oposto da sala havia um guarda-roupa desgastado e uma cômoda combinando – estranhos toques caseiros em meio à austeridade militar. Uma mochila utilitária estava pendurada nas costas da cadeira solitária, ao lado de uma mesa repleta de frascos de poções virados.

Draco pegou um dos frascos de poção da mesa e o inspecionou. Ele ergueu-o contra a luz para notar que o conteúdo ainda chegava ao topo. Intocado, então. Draco fez uma careta, virando-se quando uma porta no fundo da sala se abriu.

Harry atravessou uma nuvem de vapor vestindo apenas calça militar de cintura baixa - aquelas horríveis com todos os bolsos grossos - e esfregando uma toalha no cabelo molhado do chuveiro.

Os dedos de Draco se contorceram em torno do frasco da poção enquanto Harry se aproximava. Ele jogou a toalha de lado, e ela ficou presa nas costas da cadeira ao lado de Draco.

Harry sorriu.

A mão livre de Draco se estendeu, agarrando um punhado dos cachos molhados de Harry e arrastando-o para frente até que seu pescoço se dobrou em um ângulo estranho e Draco pôde olhar para seu rosto.

— Nenhuma chamada? Nenhuma nota? Nenhuma maldita coruja por quase quatro meses? — Draco apertou ainda mais e o sorriso de Harry se alargou. — O que devo pensar, Harry?

— Que estou em campo. Eu estive disfarçado.

— Arriscar sua vida como um idiota, você quer dizer? Você usou um Feitiço Separador para amarrar a maldição. Isso não é apenas estúpido, é imprudente.

— Que bom que tenho você para me consertar. — Harry piscou para ele e Draco pôde contar cada uma das sardas em seu nariz.

Harry se soltou do aperto de Draco e Draco o soltou.

— Certo, parte disso é tomar suas malditas poções. — Draco empurrou o frasco que ainda segurava contra o peito de Harry. Harry pegou, apenas para jogá-lo descuidadamente na mesa. — E embora eu esteja lisonjeado por você ter em alta consideração minhas habilidades, você percebe que tenho outros pacientes? Em casa. Em Londres. Onde eu deveria estar agora.

— Eu precisava mais de você — disse Harry.

— E o que eu preciso? Como a confirmação de que você não está morto? Você me fez examinar o Profeta em busca de seu obituário, Harry.

The Unspeakable | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora