Caminhos Cruzados

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A tensão vinha se acumulando por semanas, e finalmente, naquela noite, explodiu. Casey estava na casa de Olivia, e o assunto que deveria ser trivial se transformou em uma discussão intensa. Casey não conseguia mais guardar o que sentia, e Olivia, por sua vez, estava presa em uma confusão interna.

"Eu não aguento mais essa incerteza, Olivia," Casey começou, sua voz mais elevada do que pretendia. "Você não percebe o quanto isso me machuca? Não sei mais o que pensar, você está sempre me afastando."

Olivia, que estava sentada, soltou um longo suspiro, evitando o olhar de Casey. Ela sabia que isso viria à tona, mas não estava preparada para lidar com seus próprios sentimentos. "Casey, não é que eu queira te afastar... é só que... as coisas estão confusas pra mim."

"Confusas? Como assim confusas?" Casey cruzou os braços, tentando esconder a dor por trás da raiva. "Se você não sente nada por mim, só diz. Mas não me deixa presa nesse limbo."

Olivia levantou-se, sentindo o coração bater mais rápido. "Eu não sei o que sinto, Casey! Estou confusa... com você, com tudo. Eu... eu acho que também tenho sentimentos pelo Elliot."

O silêncio que seguiu foi quase insuportável. Casey olhou para Olivia, incrédula, tentando processar o que acabara de ouvir. "Elliot? É isso? Então, o que temos aqui não significa nada?"

"Não é isso, Casey..." Olivia balançou a cabeça, tentando encontrar as palavras. "Eu sinto algo por você, mas ao mesmo tempo, estou confusa sobre o que sinto por ele. Eu não sei o que fazer."

A dor nos olhos de Casey foi evidente. "Você poderia ter sido honesta antes. Poderia ter me dito que não tinha certeza, ao invés de me fazer acreditar que havia algo real entre nós."

"Eu estava tentando entender, Casey!" Olivia respondeu, a frustração misturando-se à culpa. "Eu não queria te machucar."

"Bem, você machucou," Casey respondeu, sua voz agora mais baixa, mas cheia de tristeza. "Eu não posso competir com alguém que nem está presente. Não posso competir com a sua confusão."

Olivia tentou falar, mas as palavras simplesmente não vieram. Antes que pudesse encontrar algo para dizer, Casey pegou sua bolsa e se dirigiu à porta.

"Eu não vou esperar enquanto você decide quem quer, Olivia. Se é isso que você sente por mim, então acho que essa foi nossa última conversa pessoal." E com isso, Casey saiu, a porta se fechando com um som abafado que ecoou no vazio do apartamento de Olivia.

Olívia

As semanas após a briga passaram lentamente, cada dia mais pesado que o anterior. Olivia e Casey seguiram com suas vidas, mas o peso do que não foi dito e o silêncio que se instalou entre elas as acompanhava como uma sombra.

Naquela manhã, Olivia entrou no escritório da Unidade de Vítimas Especiais com o semblante fechado. Já havia meses desde a última vez que ela e Casey trocaram mais do que palavras profissionais. O olhar de Casey sempre parecia distante, e isso machucava Olivia de uma maneira que ela não sabia como expressar.

Enquanto organizava alguns arquivos, Olivia se pegou pensando em como as coisas haviam chegado a esse ponto. Ela sentia falta de Casey, da amizade, das conversas que fluíam tão naturalmente. Mas algo mais também a incomodava: a confusão que ainda sentia por Elliot. Seria isso que a estava travando? Seria justo com Casey, com o que poderiam ter, se ela não resolvesse essa incerteza?

Casey

Do outro lado do escritório, Casey estava imersa em papéis, evitando qualquer contato visual com Olivia. Para Casey, os meses de silêncio haviam sido uma mistura de alívio e dor. Ela não sabia se conseguiria lidar com a proximidade de Olivia sem ser lembrada do quanto aquela confusão emocional a machucou. No entanto, a ausência de Olivia, de suas conversas, do apoio que sempre ofereciam uma à outra, pesava.

Apesar do distanciamento, cada troca de olhares furtivos carregava o mesmo desejo não resolvido, a mesma dor silenciosa.

Olivia

O dia finalmente estava chegando ao fim, e o silêncio na Unidade de Vítimas Especiais só aumentava o turbilhão dentro de Olivia. Ela sabia que Elliot ainda estava no prédio, provavelmente finalizando algum relatório. Era agora ou nunca. Sem pensar muito, Olivia respirou fundo, se levantou e caminhou até a sala de Elliot.

Quando chegou à porta, parou por um momento, o nervosismo começando a tomar conta. Ela hesitou, considerando voltar para sua mesa, mas sabia que não poderia continuar assim. Precisava entender seus próprios sentimentos e, mais do que isso, precisava ser honesta consigo mesma.

Bateu na porta, e quando Elliot levantou os olhos, ele franziu a testa, surpreso ao vê-la ali. "Liv? Tudo bem?"

Olivia entrou na sala, fechando a porta atrás de si, e se sentou na cadeira em frente a ele. Sua respiração estava um pouco acelerada, mas ela tentou manter a calma.

"Elliot, eu... preciso falar com você sobre algo," ela começou, tentando encontrar as palavras certas. "É algo pessoal, e acho que não posso continuar assim sem resolver isso."

Elliot inclinou-se levemente para frente, o semblante sério. "O que está acontecendo, Liv? Você parece preocupada."

Ela passou as mãos pelos cabelos, tentando organizar seus pensamentos. "Estou confusa, Elliot. Nos últimos meses, eu... tenho pensado muito sobre nós. Sobre o que sinto por você."

As palavras saíram com mais facilidade do que ela imaginava, e a intensidade da situação a envolveu completamente. "Eu sei que você está passando por um momento difícil e que nossas vidas são complicadas, mas... eu não consigo mais ignorar o que sinto. Eu gosto de você, Elliot. Eu sempre gostei."

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, a expressão de surpresa misturada com algo mais profundo. "Liv... você realmente está falando sério?"

"Sim, estou. Eu sei que isso pode ser complicado, especialmente considerando tudo o que você está passando, mas eu sinto que não posso mais guardar isso para mim. Você é importante para mim, e eu quero que você saiba disso."

Elliot passou a mão pelo rosto, claramente processando a revelação. "Olivia, eu me importo muito com você também. E a verdade é que eu também tenho sentimentos por você. Mas, depois do que aconteceu com a minha esposa, eu não sei se estou pronto para começar algo novo."

A confissão dele deixou Olivia com um misto de esperança e desilusão. "Então, o que fazemos agora? Eu não quero que isso nos atrapalhe, mas também não posso continuar ignorando o que sinto. Precisamos ser honestos um com o outro."

"Eu sei," Elliot respondeu, sua voz baixa. "E é por isso que estou tão confuso. Eu quero ser justo com você, mas não posso prometer nada agora."

Olivia sentiu uma mistura de frustração e compreensão. "Tudo bem. Eu só queria que você soubesse. Vou respeitar seu espaço e seu tempo. Mas a verdade é que eu me preocupo com você e com o que poderia ser entre nós."

Eles trocaram um olhar intenso, cheio de emoções não ditas. Olivia se levantou, sentindo que havia colocado tudo para fora, mas ainda assim, uma parte dela ainda se sentia perdida.

"Obrigada por falar comigo, Elliot," ela disse suavemente, a voz quase um sussurro. "Precisamos de um tempo para pensar em tudo isso."

Ele assentiu, e, enquanto Olivia saía da sala, sentia um misto de alívio e ansiedade. Sabia que havia dado um passo importante, mas o caminho à frente ainda era incerto.

a amanteOnde histórias criam vida. Descubra agora