Décima rosa.

44 6 1
                                    

No dia seguinte, Heeseung se encontrava no quarto de Sunghoon, olhando para baixo enquanto brincava com a rosa vermelha em suas mãos. Sunghoon, por sua vez, o olhava com estranhesa.

O clima quando estava com Heeseung sempre era calmo, mas naquela noite havia algo diferente. Desde que o Lee chegou, algo estava fora do lugar, uma tensão no ar que Sunghoon não conseguia ignorar.

Faziam semanas que eles não se viam. Heeseung não tentou mais contatar Sunghoon para estarem juntos, e para Sunghoon isso era ótimo, mesmo Heeseung não sabendo, mas então nesta noite aleatória ele decidiu contatá-lo depois do trabalho e Sunghoon realmente não sabia o motivo, pois pensou que não o veria de novo.

Na verdade, Sunghoon estava sentado na cadeira do computador, do outro lado do quarto, enquanto Heeseung estava sentado na cama. Nenhum deles havia se tocado até aquele momento — Heeseung queria vê-lo apenas para conversar, porém, também não diziam nada.

— Para quem é essa rosa? — Perguntou Sunghoon, olhando para o objeto com curiosidade, puxando algum assunto.

A pergunta pegou Heeseung de surpresa. Ele franziu o cenho, como se estivesse considerando suas opções. A verdade que ele escondia estava pesando mais do que ele gostaria de admitir. Talvez fosse o momento de dizer algo, de revelar a verdade para Sunghoon, embora soubesse que essa decisão poderia ser perigosa.

— Na verdade... — Suspirou. — Eu ganhei ela de um... amigo. — Disse Heeseung enquanto olhava para a rosa em suas mãos, tentando manter a voz leve, mas sentindo o peso de sua frase em cada palavra.

Sunghoon arqueou uma sobrancelha, intrigado. Seus olhos se estreitaram por um momento, como se estivesse tentando ler a expressão no rosto de Heeseung.

— Amigos não dão rosas uns aos outros. — Respondeu com um toque de dúvida na voz. Na verdade, ele sabia de quem ele havia ganhado aquela rosa e o que ela significava, mas tinha que se manter no personagem.

Heeseung mordeu o lábio, sentindo-se encurralado. Era como se cada palavra que ele escolhesse fosse uma faca que poderia ser apunhaláda em suas próprias costas mais tarde.

— É uma forma de pedir perdão, eu acho... — Explicou, sua voz mais baixa agora. — Talvez ele tenha feito algo errado, e a rosa é uma forma de tentar se redimir. — Essa na verdade era sua maior teoria, pois era como ele costumava fazer. —Talvez ele tenha traído minha confiança.

Estava se sentindo paranóico, talvez Sunoo estivesse apenas o presenteando porque era seu namorado e o amava, mas tanto tempo mentindo fez de Heeseung alguém cético.

Sunghoon ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre o que havia sido dito. Ele estava surpreso, mas tentou agir normalmente. Um sorriso leve se formou em seus lábios, mas havia uma sombra em seus olhos, uma dúvida que começava a crescer.

— Por que você acha isso? — Perguntou Sunghoon, sua voz agora mais cuidadosa, como se estivesse pisando em um terreno instável.

Heeseung suspirou, sentindo o peso da culpa apertar seu peito. As palavras se formaram em sua boca, amargas e difíceis de serem ditas, mas ele sabia que não podia mais adiar.

— Porque eu... traí a confiança dele primeiro. — Confessou, cada sílaba saindo com dificuldade.

O silêncio que se seguiu foi denso, quase palpável. Sunghoon não disse nada por alguns segundos, apenas encarou Heeseung, processando a confissão velada.

Foi Heeseung quem quebrou o silêncio:

— Sunghoon, você... — Começou, hesitante, franzindo as sobrancelhas. — Você conhece alguém com o nome Kim Sunoo? — Perguntou, sua voz suave, mas carregada de uma curiosidade sombria que vinha de um lugar mais profundo.

Sunghoon não respondeu de imediato, apenas desviou o olhar, sem coragem de encarar os olhos de Heeseung.

Claro que ele conhecia Kim Sunoo, ele era o garoto doce e perfeito com quem esteve se encontrando nas últimas semanas! Mas não podia dizer isso a Heeseung.

— Não que eu me lembre.

O silêncio voltou a tomar conta do quarto, desta vez ainda mais pesado.

O silêncio só foi quebrado quando Heeseung soltou um suspiro cansado, fechando os olhos, e o outro rapaz voltou sua atenção a ele.

Ele respirou fundo, lutando para encontrar as palavras certas, mas o nó na garganta parecia crescer cada vez mais.

— Sunghoon... — Começou Heeseung, sua voz baixa e hesitante. —Eu, na verdade, vim aqui porque... — Ele suspirou, encontrando certa dificuldade em fazer aquilo.

— O que foi? — O mais novo perguntou, notando o tom hesitante na voz de Heeseung. — Aconteceu alguma coisa?

Heeseung hesitou por um momento, se preparando para fazer o que tinha que ser feito, sua mente girando com pensamentos conflitantes. Ele odiava estar naquela situação — odiava se sentir assim. Sunghoon não merecia aquilo, e Sunoo menos ainda. Ele sentia o peso de todas as mentiras, de todos os momentos que escondeu, e sabia que precisava pôr um fim naquilo.

— Nós... Nós não podemos continuar com o que temos. — Disse Heeseung, finalmente erguendo os olhos para encontrar o olhar de Sunghoon. —Desculpa.

A culpa era evidente em sua expressão, os olhos pesados de remorso.

Sunghoon arqueou as sobrancelhas, surpreso. Por essa ele realmente não esperava.

[.....]

Pouco tempo depois, Heeseung tirou as chaves do bolso, destrancando a porta de seu apartamento. Não se surpreendeu ao encontrar a casa vazia. O ambiente estava mergulhado em um silêncio desconfortável.

Ele caminhou lentamente até o quarto que dividia com o namorado. Ao entrar, parou ao ver o garoto adormecido na cama.

Havia uma quietude em Sunoo que sempre o desconcertava, mas naquela noite, algo mais chamou sua atenção. Ao lado de Sunoo, sobre o travesseiro, estava uma rosa. Ele já havia se acostumado com isso, então não ficaria surpreso normalmente, mas aquela não era uma rosa qualquer. Dessa vez a cor era diferente. Em vez do vermelho habitual, a rosa era amarela.

Heeseung ficou parado, confuso. Ele sabia que havia um significado naquela mudança, mas não conseguia decifrá-lo de jeito nenhum. Seus pensamentos começaram a correr, questionando as intenções de Sunoo.

— O que você está tentando me dizer, Sun? — Murmurou Heeseung, sentindo um nó se formar em sua garganta enquanto olhava para a rosa.

O gesto simples, mas carregado de significado, o deixava mais desconcertado do que qualquer coisa que tivesse vivido até então.

Ele se abaixou ao lado do namorado, suspirando, e deixou um beijo demorado em sua testa, apreciando a pele do menino sob seus lábios.



















Rosas | HEESUNOnde histórias criam vida. Descubra agora