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O mundo se remontou em pedaços.

O primeiro a entrar na consciência de Blair foi o cheiro. Aquele odor persistente e penetrante de brasas e cinzas. O cheiro de dragão. Nunca se poderia escapar daquele cheiro neste planeta. Terra. Novatherion. Chame do que quiser.

Mas onde quer que Blair estivesse agora, o cheiro de dragão era especialmente intenso.

Os sentidos táteis vieram em seguida. A carícia quente do vento na pele nua. O toque frio e duro do ferro em volta dos pulsos. O corpo de Blair cedeu, fraco e flácido em suas restrições.

Seus ouvidos voltaram para ela. Eles se encheram com um ritmo rápido e pulsante. A princípio, Blair pensou que era o staccato em pânico de seu próprio coração batendo forte.

Mas não. Aquela cadência rápida vinha de fora do corpo dela.

Tambores. Tambores tribais.

As pálpebras de Blair se abriram de repente. Visão meio cega e turva. Ela desejou que seus olhos embaçados pela droga funcionassem corretamente. A ajuda veio na forma de uma onda de adrenalina que fez seus músculos tremerem e despertaram e trouxeram o mundo em foco ao seu redor.

Oh Deus, não, Blair pensou enquanto olhava ao redor. De novo não…

Ela estava de pé sobre um primitivo estrado de pedra situado no topo de uma colina gramada. Seu corpo estava apoiado à esquerda e à direita por um par de grossos pilares de madeira, e seus pulsos estavam presos a esses pilares por antigas correntes de ferro que tilintavam enferrujadas quando ela lutava contra elas.

Era um altar. Um altar de sacrifício.

Atrás dela, dispostos em uma meia-lua solta ao redor do pé da colina, estavam cem ou mais homens vestidos com roupas tribais simples — saias de capim, joias de osso, máscaras esculpidas. Alguns deles batiam uma tatuagem firme em tambores de pele de animal enquanto outros cantavam.

Drak'khan no atma!

Drak'khan no atma!

Drak'khan no atma!

Blair já tinha estado nessa posição uma vez antes. Quase exatamente um ano atrás, logo depois que ela e as outras mulheres chegaram nessa linha do tempo.

E ela sabia o que estava por vir.

Um dragão.

O coração de Blair batia mais rápido, ultrapassando a batida rápida dos tambores, até que parecia que iria explodir do seu peito.

Quão azarada uma garota tinha que ser para ser sacrificada a um dragão duas vezes?

Blair tinha sido resgatada na primeira vez. Mas as chances de ser resgatada novamente pareciam mínimas.

Houve diferenças desta vez.

Para começar, ela não estava sozinha na primeira vez. Nora também estava acorrentada com ela. Ela estava feliz que Nora não estivesse ali agora. Mas, ao mesmo tempo, encarar a perspectiva de uma morte violenta sozinha era ainda mais aterrorizante.

Blair estava sozinha.

Outra diferença eram os caras que a amarraram dessa vez. Ela podia dizer pelas roupas e pintura corporal que eles eram de uma tribo diferente. Saias de grama tingidas de preto. Tinta preta e oleosa em padrões espirais.

Ela já tinha visto esses desenhos uma vez.

O suposto assassino. O arqueiro que atirou em Skal com a flecha envenenada e começou toda essa confusão horrível.

Aquele cara era da mesma tribo?

Eles a estariam sacrificando agora como vingança pelo amigo queimado?

Ninhada de Dragão Alienígena (Dragões de Arcturus #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora