O vento quente soprava no rosto de Blair, e seus ouvidos se encheram com o barulho de asas enormes batendo no ar.

Ela estava de volta ao mesmo lugar onde toda essa confusão havia começado alguns dias atrás, bem acima de um imenso mar de nuvens pontuado por picos escarpados de montanhas.

Só que dessa vez não era de manhã; era madrugada.

E ela não estava montada nas costas de um dragão; ela estava presa nas garras dele.

Um dragão inimigo que a queria morta.

Blair olhou para a extensão de ondas prateadas pela luz fraca da fina lua crescente, e estremeceu de medo. Não era só por si mesma que ela tinha medo. Blair tinha um passageiro agora, o ovo de dragão dentro de sua barriga. Ela rezou para que uma vida nova em folha não fosse interrompida esta noite.

As probabilidades, no entanto, não pareciam boas.

Então havia Raen. O coração de Blair doeu quando a imagem de seu companheiro dragão esmagado sob uma avalanche de escombros e detritos passou por sua mente novamente.

E tudo isso foi obra desse dragão bastardo.

Carnaval.

“Você cometeu um grande erro,” ela gritou sobre o vento e o whump-whump-whump das asas palmadas de Kharnath. “Assim que Raen se soltar, ele vai rastrear sua bunda e te matar, seu filho da puta escamoso.”

Os lábios de Kharnath se curvaram em um sorriso maligno.

Idiota.

Blair sabia que o stormdragon não conseguia entender suas palavras. Ainda assim, foi bom desabafar um pouco. Ajudou a clarear sua mente.

Raen era forte, ela disse a si mesma. Ela não precisava se preocupar com ele. Além disso, não havia nada que ela pudesse fazer para ajudar Raen agora. Ele estava a quilômetros de distância, de volta naquele covil da montanha. Agora, ela precisava se concentrar em se salvar.

Ela e seu bebê dragão.

A mente de Blair correu. Não havia como ela enfrentar esse dragão um a um. Isso seria impossível. A fera era vinte vezes maior que ela e cem vezes mais forte. Além disso, ela estava a milhares de pés acima do solo e seminua.

A única coisa que ela tinha consigo era sua tanga.

Esse pensamento acendeu uma faísca na mente de Blair.

Sua tanga não era a única coisa. Havia o bolso escondido costurado na aba frontal, e ainda havia algo dentro dele.

A ponta da flecha envenenada.

Blair nunca o havia retirado.

Sua mão disparou para aquele bolso, e ela sentiu o peso da arma de pedra escondida sob a fina tira de pele de animal. Ela realmente ainda estava lá. Agora ela tinha uma maneira de revidar.

Lenta e furtivamente, Blair tirou a ponta da flecha da bolsa. Ela ainda estava pegajosa com um resíduo de dragonsbane.

O coração de Blair pulou de alegria, mas quase imediatamente afundou novamente.

O que ela poderia fazer? Se ela enfiasse aquela ponta de flecha no dedo de Kharnath, o veneno o machucaria. Mas agora, suas asas eram a única coisa que os mantinha no ar. Se Blair ferisse seu captor dragão, ela poderia acabar se matando no processo.

Ela respirou fundo e olhou para a espessa camada de nuvens passando abaixo.

Ela precisava manter a calma e pensar bem nisso.

Kharnath ainda não a tinha comido, embora Blair só pudesse presumir que era isso que o bastardo tinha em mente. Presumivelmente, ele estava esperando até voltar para seu próprio covil para poder realmente saborear seu pequeno pedaço humano.

Ninhada de Dragão Alienígena (Dragões de Arcturus #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora