Assim que abri a porta vi André.
Quando me mudei pra cá ele foi a primeira pessoa da minha turma a vim falar comigo. Confesso que tenho uma queda por ele, mas já faz alguns meses que as coisas andam bem estranhas.
Em Maio ele me beijou durante o jogo de futebol da escola, mas depois não falamos sobre o ocorrido. E também depois disso ouvi rumores que ele havia ficado com outras meninas da escola, e desde semana passada que eu vejo ele se esfregando em uma líder de torcida do terceiro ano.
- Você pode devolver a minha jaqueta? - disse ele olhando por cima do meu ombro - você sabe de qual eu estou falando né? Aquela que eu te emprestei no... dia do jogo - assenti com a cabeça.
- Espera só um minuto - disse fechando a porta na cara dele, mas assim que virei as costas ele bateu na porta de novo - que foi? - falei abrindo a porta.
- Eu posso te ajudar a procurar?
- Entra aí.
Então encarei as escadas que eu teria que subir, e olhei para André.
- O que aconteceu com o seu pé? - Eu não respondi - se você não conseguir subir, eu posso ir sozinho e pegar. E então lembrei do quanto meu quarto estava bagunçado e que o meu diário estava aberto na pior página possível.
- Ah mas você não vai mesmo - estiquei o meu braço pra que ele me ajudasse a subir - por favor?
Ele colocou meu braço em seu ombro e agarrou a minha cintura, e foi me ajudando a subir cada degrau. Quando chegamos lá em cima, entrei no meu quarto e saí procurando o casaco dele, rezando pra que eu não tivesse colocado fogo. Encontrei ele na última gaveta do meu guarda roupa.
- Aqui - disse depois de sair do quarto esticando o braço que segurava o casaco.
- Quer ajuda pra descer de volta?
- não precisa, vou ficar aqui no meu quarto - respirei fundo - tchau.
Ele acenou com as mãos e desceu as escadas.
Eu entrei no meu quarto e tranquei a porta, olhei pra minha escrivaninha e vi que o meu diário realmente estava aberto em uma página bem suspeita.
Quando eu era pequena tinha muitos pesadelos, muito mesmo, e toda noite eu acordava assustada e ia pro quarto da minha mãe. E a minha mãe fez de tudo pra que isso parasse, me levou em centros espíritas, me levou a curandeiros, mas não adiantava. A única coisa que realmente ajudou foi me levar em uma psicóloga, e ela disse que todos os dias na hora que eu acordasse, eu deveria escrever tudo que aconteceu no meu sonho em uma folha de papel. Eu nunca fiquei boa completamente, tanto que ainda hoje eu escrevo todos os meus sonhos, mas a onda de pesadelos diminuiu um pouco.
Mas na noite passada eu tive um pesadelo.
Eu estava em uma caverna e de repente comecei a ser perseguida por uma coisa de capuz preto, mas assim que encontrei a saída meus pés ficaram presos no chão, e a coisa que estava atrás de mim conseguiu me pegar e me fazer ficar sem ar.
Não chegou a ser um dos piores pesadelos que já tive, mas eu fiquei mais aterrorizada que o normal. Depois de algumas horas minha mãe foi deixar comida pra mim no quarto e logo em seguida eu fui dormir.
* * *
Quando acordei de manhã não lembrei com o que tinha sonhado, isso normalmente seria uma coisa boa, mas eu me sentia vazia e mais cansada. Sentia falta do menino do lago, eu não lembrava do rosto dele, e fiquei me perguntando se nunca mais sonharia com ele.
Levantei da cama, era Quinta-feira, dia do McDonald's com a Betty. Ela veio me buscar em casa com seu carro que tinha ganhado como presente de aniversário adiantado.
- Você tomou café? - fiz que não com a cabeça - não importa a coca cola que nos vamos beber no McDonald's vão ser o suficiente pra te deixar acordada o dia todo. Ela deu partida no carro e saiu dirigindo pela rua.
Quando chegamos lá Betty e eu sentamos em uma mesa uma de frente pra outra.
- Que cara é essa? - perguntou ela com deboche - parece que o seu cérebro ainda tá dormindo, você pelo menos tomou banho?
Eu soltei uma gargalhada e revirei os olhos.
- óbvio que eu tomei banho sua chata.
- Mas hoje nem é sábado. - eu fiz uma careta - ok, mas o que foi que aconteceu pra você realmente estar desse jeito?
- André foi em casa ontem - disse, e Betty arqueou a sobrancelha.
- O que ele queria?
- a jaqueta dele.
- nossa, isso foi tão babaca da parte dele - disse ela mordendo uma batata frita - como se ele não tivesse dinheiro pra comprar outra.
- As vezes ela é importante pra ele - falei - deve ter o cheiro de todas as garotas que ele já iludiu.
- Que horror.
- Mas eu não estou triste por causa disso, - disse eu - Betty você já sonhou com uma pessoa que nunca viu na vida?
- Você sabe que isso é meio impossível né? Não tem como você sonhar com um rosto que você nunca viu.
- Mas esse que é o problema! - gritei, e notei que todos da lanchonete estavam olhando pra mim - eu não vejo o rosto dele - sussurrei - eu lembro da cor dos olhos, mas eu não lembro do rosto.
- Sabe o que eu acho? - disse Betty - ele era sua alma gêmea, mas ele morreu antes de te conhecer, e então ele aparece nos seus sonhos pra poder viver um amor antes de desaparecer para sempre.
Se antes eu já estava com a cara péssima, ela ficou ainda mais pior depois do que Betty falou.
- então eu nunca mais vou ver ele?
Betty soltou uma gargalhada.
- Eu só falei isso na brincadeira, foi a primeira coisa que veio na minha cabeça quando você começou a falar, eu não sei de nada.
Eu fiquei tensa o resto do dia, aquilo não podia ser verdade. Eu queria sonhar com ele de novo.
Cardigan - Taylor Swift
Oi meu povo
Queria agradecer por terem lido esse capítulo, issgo é muito importante pra mim.
Se vocês puderem avaliar e comentar eu agradeço ❤️
Será que a Pérola ainda vai sonhar com ele?
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O garoto que aparece nos meus sonhos
Teen Fiction"- sabe o que eu acho? - disse Betty - ele era sua alma gêmea, mas ele faleceu antes de te conhecer, então ele aparece no seu sonho, para viver um amor uma única vez antes de desaparecer pra sempre." Perola andava tendo sonhos com um garoto de olho...