Cross my heart, won't tell no other

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Puxei um pouco a janela, mas não consegui abrir a boca pra falar nada.

O meu primo que eu não via a mais de 8 anos estava lá fora cuidando das plantas

Saulo e eu nunca tivemos uma boa relação quando pequenos, talvez porque fossemos só crianças de 7 anos, mas mesmo assim as coisas que ele fazia chegavam a me assustar.

Eu tinha um Coelho de estimação quando era mais nova e um dia ele sumiu, mas na mesma semana fomos a casa do meu tio, e eu encontrei o Coelho morto no quarto de Saulo. Meu pai é o meu tio ficaram um bom tempo sem se falar depois disso.

E Saulo sempre foi uma criança esquisita. Lembro que uma vez eu vi ele matando passarinhos por pura diversão, ou então dando coisas estragadas pro seu próprio cachorro, com a intenção de mata-lo.

So de lembrar dessas coisas um arrepio percorreu pelo meu corpo.

Não sabia que ele tinha voltado pra Pensilvânia junto com meu tio, achava que ele tinha ficado na Europa junto com a mãe dele. Mas ali estava ele, e em algum momento teria que trocar pelo menos um "oi" com ele. Mas resolvi deixar isso pra amanhã.

Eu estava cansada da viagem, eu comi alguma coisa no jantar, fui checar se Karina estava bem, e depois fui dormir.

Nos meus sonhos fui parar em uma sala de balé, Alexandre estava sentado no meio da sala no chão. Andei em direção à ele, e coloquei as mãos no seu ombro e me sentei no chão atrás dele, encostei a cabeça nas suas costas é fiquei ali sem dizer uma palavra se quer.

E então um cheiro invadiu o meu nariz, um cheiro insuportável, era sangue.

Um cheiro de sangue muito forte.

Levantei minha cabeça e olhei para o espelho que estava na frente de Alexandre. Mas a coisa que vi no espelho não era ele.

Uma coisa de olhos puxados e dentes afiados com a boca suja de sangue me encarava. Me levantei prestes a correr, e então a coisa que estava no corpo de Alexandre se virou de frente para mim e começou a rastejar no chão em minha direção, enquanto fazia uma zoada enorme. Fui correndo até a porta que me levou ao corredor escuro.

E então ouvi a voz de Alexandre, e senti o toque da sua mão, eu não via nada naquele corredor escuro mas sabia que ele estava ali abraçado em mim, eu reconhecia seu cheiro.

- Está tudo bem. - ouvi a voz dele dizer.

Acordei em um susto, tinha derrubado o secador que estava na minha cama com os pés enquanto dormia. Levantei e guardei ele na mala. E depois voltei a dormir.

Agora eu estava em uma sala de balé novamente, só que dessa vez realmente era Alexandre, ele estava virado de frente pra mim, brincando com os meus dedos.

- Não precisa ficar tão assustada - disse ele tentando me acalmar - foi só um sonho.

A porta do corredor escuro se abriu de uma vez e uma voz metálica saiu de lá

"Não acredito que acha que isso é só um sonho, porque você está muito errado"

E tudo ficou escuro.

- Alexandre! - comecei a gritar - Alexandre cadê você!

Uma luz azul se acendeu bem no fundo da sala e a única coisa que consegui ver foi o corpo de Alexandre em uma maca com várias enfermeiras ao redor.

Eu comecei a gritar desesperada, tentei andar mas tinha uma coisa segurando meu pé, e de repente fui puxada para a escuridão profunda.

E aí acordei.

Minhas respiração estava tão descontrolada quanto as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Estava desesperada.

Abri o celular e liguei pro primeiro número que vi. Por sorte Betty Atendeu.

O garoto que aparece nos meus sonhos Onde histórias criam vida. Descubra agora