Capítulo 12

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Leo's POV

Eu ouvia os gritos dele. Ele chorava e gritava e eu não conseguia simplesmente sair. Não. Ele estava desabando. E eu tinha que fazer algo.
Eu corri pra dentro do quarto novamente e o abracei, segurando-o contra meu peito. Ele batia em meu peito, mas devagar se acalmou,  mas ainda chorando.
Por o que pareciam horas eu só o segurei,  e devagar ele se acalmou,  somente respirando profundamente, apoiando a testa em meu peito.
— Arthur?
— Por que voltou?
— Porque eu não conseguia ficar longe de você  com você desabando desse jeito.
— Não estou desabando.
— Está sim. Arthur?
— Sim?
— Como nós ficamos juntos?
— Bem,  foi você que deu o primeiro passo— ele sorriu um pouco— um dia você me levou pra biblioteca, falando que tinha esquecido algo e me beijou. É por isso que tenho isso.
Ele puxou um colar de dentro da roupa,  era um pequeno livro. Ele o abriu e lá dentro estava uma pequena foto de nós dois na biblioteca. Ele estava sentado em uma mesa,  se apoiando com as mãos entre as pernas, e parecia feliz. Os olhos brilhavam,  os lábios e bochechas eram rosados,  e a pele estava pálida como sempre,  mas já era a cor da pele dele mesmo. Eu estava na frente dele,  tinha as mãos em suas cochas, e também estava sorrindo,  olhando nos olhos dele. Nós parecíamos... Apaixonados talvez?  Eu não sei.
— Leo?
— Hm?  Malz,  estava pensando.
— Tudo bem.
— Arthur... Já aconteceu?  Você sabe... Aquilo... — eu senti minhas bochechas ficarem quentes.
— Aquilo o quê?
— Não me provoque. Aquilo.
Ele riu um pouco e acenou com a cabeça que sim.
— Ah...
— Na verdade foi no dia anterior à você ir embora.
— Ah... Sinto muito.
— Tudo bem. Já estou aprendendo à viver sem você.
— Arthur?
— Sim?
— E se você não tiver que viver sem mim?
Ele me olhou, os olhos esbugalhados. Eu sabia o que iria acontecer com ele,  e não podia deixar isso acontecer com ele sozinho. Eu não o amava,  mas estava com pena.
De repente ele me empurrou pra longe dele.
— Ei!  O que foi?
— Você está com pena de mim. É só isso que você sente por mim?! Pena?!
Eu acenei com a cabeça devagar,  parecia que ele não me queria aqui,  então que fosse.
— Então pode sair daqui agora! E nunca mais volte!  Eu não preciso de você! 
Eu sai do quarto dele. Se ele não me queria lá tudo bem. Fui pra minha casa. Assim que cheguei minha mãe correu pra mim.
— Leo? Onde você estava?  Passou o dia inteiro fora...
— Eu fui entregar um recado para um amigo que está no hospital e acabei ficando por lá.
— O que seu amigo tem?
— Câncer. Leucemia.
— Meu deus... Ele está bem?
— Não. Ele não tem muitos amigos. O único que ele tinha, disse que não aguentava ver ele daquele jeito. Ele está desabando. Eu tentei ajudar mas ele gritou pra mim sair.
— Ah... Qual o nome dele?
— Arthur.
— Espera... O seu namorado?
— Ele não é meu namorado e pra mim nunca foi.
Ela suspirou.
— Você o amava. Jurava pra mim que o fazia.
— Eu sei mãe. Mas não amo mais. Esquece isso.
— Não dá. Ele ainda o ama. Eu sei disso.
— Ugh,  tchau.
Eu corri lá pra cima, pro meu quarto. Quando me taquei na cama uma memória me veio a mente.

— Me lembre de nunca negar nada a você.

— Por quê?

— É que se você fizer aquela carinha de novo,  não sei se vou conseguir me segurar.

Ele se virou,  e fez a carinha de cachorrinho sem dono,  filho da mãe!

— Se segurar o quê,  Leo? — disse com a voz cheia de falsa inocência.

— Isso. — e o beijei,  forte e apaixonado,  nossos lábios dançando em sintonia,  minha língua explorava sua boca.

Quando nossos lábios se separaram,  desci pelo lado direito de seu pescoço,  ganhando um apertão na barriga,  e alguns arranhões no pescoço,  que demorariam a sair,  bom,  será que teriam mais reações?

Achei seu ponto fraco , um pouco a frente e abaixo da orelha,  e quando ouvi um pequeno gemido,  comecei a dar pequenas mordidas na pele dele,  que certamente deixariam uma marca,  vingança pelos arranhões?  Talvez.

Ele puxava meu cabelo,  e eu desci ainda mais,  chegando ao seu ombro,  foi aí que ouvi alguém abrir a porta.  O soltei rapidamente.

Mas o que raios era aquilo... Eu e Arthur... Cara, o que aconteceu comigo nesse um ano e pouco que eu esqueci.
Eu tentei lembrar algo mais,  tentei muito. Mas não consegui. Talvez pouco a pouco eu conseguiria lembrar.

Art's POV

Assim que Leo saiu, eu sentei na cama com a cabeça nas mãos. Meus pais chegariam logo. Eu respirei fundo, tentando não chorar. Logo à porta abriu e Paul me abraçou rapidamente.
— Hey baby boy.
— Oi.
— Como está se sentindo? — ele falou,  se afastando.
Eu só dei de ombros.
— O que tem de errado?
— Leo estava aqui. 
Ele me olhou,  com os olhos esbugalhados.
— É... Ele veio dar um recado parece... Nem lembro mais o que era... Ah,  era um bilhete do Troye.
— Por que um bilhete? Por que ele não veio aqui?
— Porque ele me abandonou.
— Como assim?
— Ele escreveu quê não aguentava me ver daquele jeito e simplesmente me abandonou.
— Art,  isso é horrível,  não achei que ele faria uma coisa dessas.
Eu dei de ombros e ele me abraçou. De repente um enfermeira abriu a porta e foi até mim.
Ela tinha uma seringa na mão então eu já sabia o que era. Eu subi um pouco a camisa,  e ela colocou a seringa na base da minha coluna, sem cuidado nenhum. Por que sempre tinha que doer tanto?  Eram células tronco,  para ajudar na minha cura. Mas sempre doía muito.
Sentia os olhos de meus pais em mim. Eu não pude evitar de pensar no quanto ver o filho deles daquele jeito deve doer. Eu já estava perdendo o cabelo, minha pele tinha adquirido um tom doentio de cinza,  e até meus olhos tinham perdido o tom vivo de azul. Pior do que morrer pro câncer, é ter um filho que morre pro câncer.
Ficava imaginando a dor que eles sentiriam se eu morresse pro câncer,  e essa era uma das únicas razões pra continuar. Pensar na dor que eles sentiriam se eu morresse.
Fui tirado de meus pensamentos por uma mão em meu ombro. Olhei pra cima,  e fiquei surpreso ao ver Ray de pé na minha frente,  lágrimas correndo em sua face.  As vezes queria poder ler pensamentos pra saber o que ele estava pensando. Mas só por aquele olhar eu conseguia saber. Ele não estava conseguindo me ver daquele jeito. Ele me abraçou forte, e por vários minutos não nos soltamos. Quando nos soltamos,  vi meus pais conversando com alguém. Não parecia um médico. Nunca havia o visto.
— Hmm... Artie? —disse Jason— ele veio aqui pra cortar seu cabelo... Você sabe... Com o-
— Eu sei pai. Tudo bem.
O homem não parecia lá muito simpático. Simplesmente colocou um pano sobre meus ombros,  e começou a raspar meu cabelo. Eu não ousei olhar para os pedaços de cabelo que caiam. Era doloroso demais. Era como só agora a ficha realmente caísse. Eu tenho câncer.
O homem terminou o trabalho rapidamente, limpando o cabelo que caiu. Ele saiu do quarto do jeito que entrou,  completamente calado.
Não havia notado,  mas Lucy também estava lá, e me olhava com pena. Eu me virei. Não queria receber aqueles olhares de pena. Eu me deitei na cama e me encolhi. Eles não disseram nada, e saíram. Me deixando sozinho, deitado encolhido na cama. E só agora notava as lágrimas correndo em minha face,  molhando meu travesseiro. Eu não quero morrer aqui, nesse hospital,  desse jeito. Eu não quero morrer.

~
Capítulo mais longo, porque eu amo vocês,  então... Eu sou a pessoa mais hmm,  eu francamente não sei como dizer isso em português,  awkward,  mas enfim.
Byyyyyyyyyyeeeeeee!

Problemático? (Boyxboy)Where stories live. Discover now