TITANIC
Pedro Tófani - São Paulo
2014 - Ponto de vistaPassei muito tempo na casa de Jão, ajudando ele com a faculdade e o trabalho..
Apenas esperando agora, férias de julho.
Eu e Jão planejamos irmos para Américo Brasiliense. Confesso que estou nervoso em ficar na casa dos pais dele.
Não acho que vai ser ruim.
Nesse exato momento estamos no início da viagem, cantando como loucos as músicas do rádio em uma altura gritante.
A música que toca no momento é i kiss a girl. Não sei se presto atenção no jeito esquisito de Vitor, ou se simplesmente pego a velocidade na estrada.
Estou com medo de como tudo vai ser quando eu deixar ele.. Sabe, eu me apeguei, e sei que ele também. Estamos vivendo uma vida de quase namorados, e não sei se eu teria maturidade suficiente para aguentar um namoro a distância, me mataria quanto mataria o Jão. Mas quero esse menino tanto quanto tudo.
Em poucos meses descobri uma coisa que nunca pensei que iria sentir por um garoto. Parece besteira, eu sei, Pedro Palhares assim.. Mas é a verdade.
Só sei que todas as férias eu viria ver ele. Sem falta de nenhuma
(...)
Acabamos de chegar nas casas dos pais dele, Vitor dorme como um bebê babão no banco.
Dou apenas uma risada e desço do carro tocando a campainha, e a doce mãe dele vem atender. João me falou muito da família dele, e só pelos contos já me apaixonei.
E parece que eles também.
- Pedro! - A mãe de João me abraçou, com uma força intensa que me fez saber a diferença entre 4 + 4 e 4x4. Carinhosa.
- Oi dona cat! - Eu sorri, retribuindo o abraço. - Um prazer te conhecer!
- Prazer é todo nosso querido! Cadê o João?
- dormindo no carro.. Se você não se importar vou tirar as malas e levar para dentro.
- Fique a vontade. - Ela disse e foi até a porta acordar João.
Assim eu fiz, e assim que entrei com as malas, a irmã de João estava por ali também.
- Pai! O João e o namorado dele chegaram! - Ela se levantou do sofá. - Oi! Prazer, Isa.
- Prazer, Pedro.. Não sabia que você estaria aqui também.
- Pois é, vim de última hora! bem vindo.
- Valeu! - O pai de João logo chegou. Uma camisa do São Paulo, e um boné clássico preto. Ele sorriu e veio me abraçar.
O abracei de volta e levei tudo para o quarto em que eu e João ficaríamos.
Logo ele veio para dentro de casa, com a cara inchada, e os olhos pequenos de sono, ao lado de sua mãe. - Ele é bem mais alto que ela-
Levei João para o quarto, e ele capotou novamente, fui para a cozinha ajudar a cat com o jantar.
Me sentei durante a infância novamente, na casa da minha tia avó, brincando. Uma casa pequena, clima de interior calmo, um ar fresquinho, um silêncio adorável, e uma novela na globo passando na tv.
Cat me contava de como se lembrava de me ver passar andando de bicicleta, indo para a cachoeirinha que tinha ali perto, e voltando todo encharcado.
Dei várias risadas que me senti em casa e em família.. João teve sorte de nascer aqui.
O jantar ficou pronto, enquanto eles colocavam a mesa, fui chamar João.
Entrei no quarto, e deixei vários beijos em seu rosto. O mesmo resmungou manhoso.
- Ei, o jantar está pronto.. Vem comer.
- Já vou.. Tô cansado
- dá pra ver.. vem logo.
(...)
Jantamos em família, todos foram deitar, mas eu não consegui pegar no sono.
Novamente aqueles pensamentos do que seria quando eu fosse para os Estados Unidos me pegaram.
Jão dormia de quase roncar do meu lado, então eu me levantei e fui até a parte de fora da casa, em silêncio, para não acordar ninguém.
Me sentei no paralelepípedo da calçada.
A preocupação tava me enchendo ao ponto de explodir minha cabeça.
Uma mão tocou no meu ombro, era Isa.
- tá pensando em fugir? Caramba, nós somos gente boa. - Ela sentou do meu lado e eu ri.
- Jamais.. Tô só preocupado.
- Como sua futura cunhada, digo que o maior sonho do meu irmão é casar com você, e como irmã mais velha, tenho a responsabilidade de cuidar de você para concretizar o sonho dele.. Pode contar comigo
- Você é igualzinha a ele, no humor.
- Ele é igualzinho a mim.. - Ela sorriu- Pode falar.
- vou para os Estados Unidos em setembro, e estou preocupado com o que será da gente.. Não quero perder ele tão fácil, do mesmo jeito que ganhei.
- Pedro, relaxa. O futuro é controlado por nós, não pela sua cabeça agora. Só vive o presente, mas vive mesmo. E as suas escolhas vão montar o futuro. E tenho certeza que bom.
- Não sei.. Tenho medo.
- Medo é normal, mas pode ser vencido. Te garanto que vai dar tudo certo. Ele não vai te largar tão cedo.
Eu sorri e olhei pro céu, Isa acariciou meu ombro
- Vai dormir, e leva ele pra um encontro bem legal amanhã.
Ela se levantou e entrou novamente.
É isso.
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Titanic | Pejão
FanfictionOnde Jão e Pedro se conhecem no banheiro de uma balada, e vivem uma noite inesquecível. Inesquecíveis até demais. Algo platônico e destinado. Uma história autoral de Caipida. Não aceitamos cópias ou reescritas. Quem é vivo, sempre aparece ;)