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TITANIC
João Vitor - 2014
São Paulo - Ponto de vista

Acho que nada pior poderia acontecer.

O infeliz mês da minha vida chegou, setembro. Pedro teria de ir.

Ajudei ele a fazer as malas.

Nesse tempo passamos por muita coisa juntos.

Depois que voltamos da viagem em Américo, eu voltei pra faculdade, onde ele me buscava todos os dias e me levava pra almoçar.

Saímos juntos várias noites, saímos com meus amigos, que acabaram virando dele também.

Eu conheci o pai dele, e a mãe dele.

Enfim, uma puta lança de coisas, e eu só queria que esse tempo durasse um pouco mais. Mas, ele precisa, e eu apoio tanto ele, e sei que ele vai ser o melhor de todos.

Acordei na manhã com ele do meu lado, me levantei sem acordar ele e fui preparar um café.

Me troquei, colocando um moletom dele, o clima parecia entender o que estava acontecendo, pois estava nublado.

Preparei um café para nós, e quando eu estava colocando a mesa, Pedro apareceu. Seus cabelos bagunçados e a cara inchada, minha blusa e meu short largados nele.

- Bom dia - Eu sorri

- Bom dia - Ele disse, e se sentou, servindo o café para ele - A cara de tudo tá muito boa.

- Que bom! Fiz pensando em você. Vou sentir sua falta.

- Também vou sentir, amor. - ao ouvir a palavra, olhei meu dedo, a aliança prata, fina.

Me sentei do lado dele e tomamos o café.

Pedro foi tomar banho e se trocar..então peguei as malas e coloquei no carro, esperando ele vir.

Nunca vi ele demorar tanto. Enfim ele desceu, e entrou no carro.

Pela última vez juntos cantamos no carro feito dois loucos, cantando nossas músicas favoritas.

Por uma hora, até chegarmos no aeroporto gritamos muito no carro, e demos muitas risadas também.

Chegamos no aeroporto, descemos com as malas dele, e andamos de mãos dadas, acho que era claro o buraco que iríamos deixar um para o outro.

Pedro foi apresentar o passaporte, então ele voltou e me abraçou.

Eu me encaixei tão bem no seu abraço que parecia um pedido para ele não ir, para ele ficar, que a gente junto era bem melhor.

Mas sabe, as vezes a vida acontece e leve coisas muito importantes, para trazer coisas muito maiores.

Ficamos muito tempo abraçados, muito mesmo, nós não queríamos nos soltar.

Parecia que tínhamos um ímã, e que ele quer impossível de afastar.

- Você é incrível, quando terminar a faculdade me avisa - Pedro disse

- Você também, vai arrasar na faculdade.

- Vou sentir saudades, Romania

- Eu também vou sentir, muitas, Tófani.

Ele então me beijou, esse foi o com toda certeza o nosso beijo mais inesquecível, parecia que nada ao redor mais estava funcionando.

O mundo estava desmoronado e a gente tava no fim dele, só nós dois.

E durou muito.

- Melhor você ir.. - Disse quando nós finalmente nós afastamos

- Tá bom.. Deixei uma carta na mesa pra você.. - Ele disse e se afastou - Eu te amo

- Eu também te amo.

Pedro então se virou e começou a andar a sala de embarque, era então esse o fim..o fim da primeira fase, pois eu nunca vou deixar ele escapar tão fácil assim de mim.

Me virei para ir embora, mas no segundo seguinte, me virei e corri até ele, o abracei por trás

- Desculpa.. Não consigo falar tchau..

- Eu também não. - Eu roubei mais um selinho dele, e rimos

- Tchau, Jão..

- Tchau, Pepe..

E dessa vez ele foi mesmo, e eu também.

Dirigi para casa agora sem sua risada, nem sabendo quando eu o veria novamente.

Pedro foi o amor mais intenso que eu tive, e nada diz do total contrário.

Enfim, acho que o barco afundou. Que não demore para o salva vidas chegar. A água está fria.

Fim.

Titanic | Pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora