Bárbara organiza casamentos. Não só esse tipo de celebração, mas todos os tipos de festas que se possa imaginar, mas os casamentos... Ah... Os casamentos mexem com a garota. Não é atoa que ela tem planejado tim tim por tim tim do seu... Mesmo não te...
Parece que faz um século que eu acordei, um século que tô dentro da Casa Dois, um milênio que tô esperando o Gabriel que jurou de pés juntos que estava chegando.
Tá começando a escurecer do lado de fora, a avenida já tá ficando deserta e nada do bonito.
Fico encarando o balcão e morrendo de vontade de ficar batendo a testa no mármore pra ver se o tempo passa mais rápido. Falta um tiquinho para os pensamentos intrusivos vencerem, daí o sininho da porta toca e praticamente dou um pulo da cadeira.
Mas quando olho... Não é o Gabriel na porta. É meu pai. Em carne, osso e um terno que com certeza resolveria minha situação financeira. Realmente, sempre tem como ficar pior. Sempre.
—Eu achei que as coisas estavam feias, mas não imaginei que seria tanto — Ele diz. E acredite, isso consegue ser fofo se comparado à tudo que ele tem me dito por mensagens — O letreiro tá caindo.
—Muito obrigada por observar — Lhe mostrei um sorrisinho — Não é tarde pra você aparecer? Ou veio fazer um orçamento pra casar com minha nova madrasta?
Ele solta uma risada, depois suspira.
Meu pai é um cara importante. Trabalha no mercado de ações desde que me entendo por gente. Viaja muito, é estudado, inteligente e empenhado. Com o serviço. Acho que não tem nada que ele ame mais do que uma quantidade absurda de dinheiro caindo em seus cofres. Ou vinhos caros, iates luxuosos e mulheres jovens.
Não o vejo há meses. Não temos uma boa relação, nunca tivemos. E é lógico que sei porque está aqui, mas assim como ele prefiro não demonstrar nenhuma emoção, embora o desapontamento esteja estampado na minha cara.