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Rebeca sorria a cada gritinho eufórico que Simone não conseguia segurar, a mulher estava simplesmente amando tudo aquilo.

Claro que o treinador a encarou desconfiado com a presença da desconhecida, mas Rebeca não deu muitas explicações e disse que ela iria acompanhá-la em alguns treinos, sim. O treinador deu de ombros, não faria muita diferença.

Mas, ele também não contava que a mulher ficaria tão feliz com os treinos. Biles encantou a cada um que estava ali. Imagina se ela assiste as Olimpíadas ao vivo, pensavam entre si.

Rebeca agora estava nas barras assimétricas, seu melhor equipamento e um dos principais que tinha melhor performance. Seguiu com uma série mais leve porque ainda sentia certa insegurança com o joelho, mesmo que a lesão tenha sido há pouco mais de um ano – ela tinha ficado oito meses parada.

Quando cravou mais uma vez ao saltar das barras, Simone levantou aplaudindo entusiasmada. Rebeca a encarou e sorriu animada. Decidiu dar uma pausa e se aproximou da americana, entregando-lhe uma garrafinha de água gelada.

— Você está gostando, hein?

— Demais! — aceitou a água e deu um generoso gole. — Você é incrível, sabia? Eu estou amando!

— Fico feliz. — sorriu de volta, atenta as expressões de Simone. — Falta mais um pouco e podemos sair para comer, ok? — comenta, lembrando que com a confusão que o dia começara, não tinham comido nada além de barrinha de cereal quando chegaram.

— Eu estou bem, não tenha pressa.

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— Você pode dizer um lugar de sua preferência, eu não conheço nada por aqui. — Rebeca lembrou assim que entraram no carro, fazendo Simone rir por ter esquecido completamente desse fato.

Durante o percurso até o restaurante dito por Biles, elas engataram em uma conversa leve, falavam sobre qualquer coisa e a mais velha se pegava admirando a facilidade que Andrade conseguia fazê-la falar, estava gostando de ser ela mesma na presença de outra pessoa além de Jordan e Sunisa.

E, inevitavelmente, Jonathan surgiu em sua mente como uma assombração. Os olhos julgadores que a repreendiam silenciosamente sempre que estava imersa em uma conversa com alguém do círculo social deles, Owens tinha muito ciúmes e achava que estava flertando com qualquer um que estivesse mantendo somente um diálogo agradável. Os olhos dele não transmitiam esse genuíno interesse no que saía dos seus lábios, ele parecia estar sempre à procura de algo para fazer confusão, discutir, inventar que Simone o traía.

Um bico se formou nos lábios de Simone quando Rebeca pagou o carro antes que pudesse agir, assim como tinha pago o carro quando saíram do hotel. Detestava que pagassem as coisas pra ela.

— Não fica assim, — Biles cerrou os olhos. — Você paga quando voltarmos para o hotel, ok? Desmancha esse bico que você está fofa, e tenho certeza que não é isso que passar.

— Eu fico fofa? — ergueu a sobrancelha, desacreditada. Era a primeira vez que alguém lhe dizia isso.

— Absurdamente fofa e bonita — a brasileira deu de ombros, rindo baixinho quando percebeu o quanto Simone ficou sem graça. — Mas eu também não me deixo levar por isso, aposto como consegue ser bem... Afiada.

— Por que acha isso?

— Tenho a impressão que você sabe muito mais do que demonstra, não é fácil de te ler. — os olhos presos uns nos outros, era algo muito mais forte que Simone. Sequer se dava conta, só percebia quando sentia o ar lhe faltar pela intensidade do olhar da brasileira. — Eu geralmente consigo ter uma ideia do que se passa pela cabeça dos outros, mas você...

Primeira Vez - Rebiles Onde histórias criam vida. Descubra agora