dezenove

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— Ok, eu estou cho-ca-da! — Flavinha ainda se movia, não conseguia se manter quieta mesmo depois de tanto tempo desde o quase beijo.

— Que calor! — Lorrane se abanou, rindo junto com as meninas. — Flávia, eu estou com ódio da sua playlist!

— Eu também! — Flavinha choramingou.

— E eu achando que Simone iria demorar mais pra se entregar, — observou Sunisa, intrigada.

Por mais que o relacionamento de Simone não estivesse indo bem, conhecia a amiga o suficiente para saber que traição era algo inadmissível para ela. Então, vê-la realmente se entregar era algo novo, naquele momento, percebeu que o que Simone sentia era muito mais forte, muito maior do que ela conseguia externalizar.

A conversa rendeu por longos minutos, mas o assunto mudou quando Rebeca se juntou à elas, fazendo com o que falassem sobre o que seria feito durante o dia.

Não passou despercebido por nenhuma que Simone não estava, mas sabiam que ela estava precisando de tempo – o que não significava que Rebeca estava tranquila. Andrade mexia constantemente a perna, os dedos entrelaçados fortemente e os olhos não paravam quietos. Estava se controlando para não subir e saber se ela estava bem.

— Te aquieta — Lorrane resmungou, pondo a mão em sua coxa. — Daqui a pouco ela deve descer.

— Mas... — o olhar da amiga a fez se calar, rindo nervosamente. — Ok, é, tem razão.

— É engraçado, sabe — começou.

— Hum?

— Você toda preocupada, desejando tanto alguém — sorriu, maliciosa. — Eu nunca vi isso acontecer, Rebe.

— Já viu, sim! — respondeu na defensiva, seu tom soando um pouco mais alto.

— Para! Você e eu sabemos que nunca foi assim! — Lorrane ergue a sobrancelha, desafiando-a a contestar.

— Não começa com essas conversas, tá? — resmunga.

— Por que é tão difícil admitir que realmente gosta dela? Qual é, Rebe, se permita sentir mais que tesão! — Rebeca revirou os olhos, inconformada com a constatação da amiga.

Ao longo dos seus vinte e dois anos Rebeca pôde ver muita coisa acontecer envolvendo o amor. Em nenhuma delas, o amor foi forte o suficiente para permanecer de pé. Assistindo os relacionamentos de fora, chegou a conclusão que nunca poderia viver aquilo, não poderia se submeter àquelas situações.

Mas, ao mesmo tempo, a voz de Simone dizendo que não deveria se basear em frustrações alheias lhe assombrava. Na verdade, Rebeca levava aquilo quase ao pé da letra, dificilmente se baseava em situações de terceiros, mas neste quesito em específico...

No fundo, sabia que tudo com Simone estava sendo diferente. Somente pensar na chance de machuca-la a deixava despedaçada e isso nunca tinha acontecido antes, Rebeca nunca se importou verdadeiramente com os sentimentos das pessoas com que saía. Se divertia, tratava bem, era extremamente carinhosa, gostava de presentear, mas antes que os sentimentos pudessem surgir, fugia. Simples. E então vinha a próxima mulher.

Mas, agora, pensar em fazer isso com Simone parecia um absurdo.

Estava tão perdida em pensamentos, que não percebeu o momento que Simone se juntou à elas.

Biles sorria de uma coisa ou outra entre as conversas, mas seus olhos constantemente tentavam buscar os de Rebeca na tentativa de saber como estava a situação delas. Estava aflita por perceber que a brasileira parecia perdida em pensamentos, os olhos estavam longe dali, a expressão séria a assustou um pouco e então ela desistiu de tentar se aproximar.

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