Garota De Ipanema

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Eduarda Hippler
(Música do capítulo: Garota De Ipanema — Tom Jobim)

Como prometido, aqui está. Irei terminar de contar como nos conhecemos.

5 anos atrás, 2019

Depois que subimos para o andar de cima, nos sentamos nos sofás que existiam bem ao fundo. Eu não tinha ideia do que ela iria querer fazer ali. Nunca havia chegado perto de uma mulher antes e era uma situação bem complicada.

Mas parecia que ela tornava as coisas mais fáceis. Não estava um clima estranho nem nada, eu é que estava nervosa demais. Provavelmente estragaria tudo se tentasse algo.

Todas as olhadas que me deu descaradamente durante a nossa conversa, foram mais do que necessário para eu entender que ela realmente queria algo.

Apesar de não estar usando, eu tinha levado um casaco de couro comigo caso fizesse algum frio, porque o clima de São Paulo é completamente maluco. Em algum momento, enquanto estávamos conversando, reparei que alisava o braço mais do que deveria.

— Você está com frio? — Perguntei preocupada. Estava disposta a emprestar minha jaqueta.

— Estou sim. — riu penosamente — Achei que não dava para notar.

— Você está meio que tremendo. Quer meu casaco?

— Se não for incômodo.

— Claro que não.

A jaqueta caiu como uma luva, perfeita. Combinou com seu vestido e seu delineado, parecia até gótica.

— Deixa eu te ajudar. — Sua gola estava desarrumada. Me aproximei de seu rosto para arrumar. Próximo demais. Perigo. Muito perigoso.

Ela me olhava como uma felina, pronta para atacar. A luz baixa e a proximidade não ajudavam no momento. Seus olhos faziam um triângulo no meu rosto, indo da boca ao olho direito e depois ao esquerdo.

Não morreria se tomasse a iniciativa, por isso, avancei com todas as armas para cima de seus lábios entreabertos. Eu não sabia beijar? Eu não sabia beijar! Acho que fazia tanto tempo que não chegava perto de uma boca que tinha esquecido completamente de como agir. Era uma sensação estranha.

Estávamos dando um beijo de cinema ou de língua? Só sei que pude sentir meu dente doer. Acho que durou dois minutos.

Que mico. Que vergonha. Aviso: Essa parte dá dor física.

— Que beijo ruim. — Parecia uma boa ideia na minha mente tola em terminar o beijo dizendo isso. Ela me olhou desacreditada e foi embora.

Simples assim. Levantou e saiu, levando minha jaqueta embora.

Depois disso, fui correndo ao Caick contar o que havia feito, e após rir por três minutos ininterruptos, ele disse que conversaria com ela, pediria desculpa por mim e tentaria arrumar outro encontro para nós duas.

Acho que demorou dois meses para ela superar essa história e querer me encontrar novamente. Mas a partir dali, viramos mais amigas do que qualquer coisa e o assunto não foi mais falado.

Dias atuais

— Acordem vagabundas! — Caick entrou no quarto arregaçando a porta, até que viu como estávamos — Gente, olhem as viadas. Pablo, — gritou — traz o celular pra eu tirar uma foto.

Fingi que não escutei. Se Sofia não acordou, poderia fingir que não tinha acordado também. Acho que eles tiraram a tal foto e saíram em silêncio depois.

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