Equalize

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Eduarda Hippler
(Música do capítulo: Equalize — Pitty)

Se Sofia acordasse antes das uma da tarde, eu me surpreenderia.

Depois de passar quase trinta minutos cuidando de uma abóbada bêbada, ela dormiu agarrada em meu braço como uma criança. Sua respiração serena era completamente distinta ao que se passava na minha mente. Seus lábios curvados em um sorriso eram tão calorosos para o meu coração que nem parecia que havia soltado as frases mais absurdas há minutos atrás.

Era estranho ver Sofia tão ruim daquele jeito. Não tenho uma memória recente de quando aquilo havia acontecido. Talvez sua briga tenha sido feia demais. Não sabia dizer e nem podia opinar, porque sabia que era errado ouvir e se meter em brigas alheias, — mesmo que essa briga possa ter sido ocasionada por você.

Minha sorte foi que eu não estava afim de ficar chapada, um ou dois copos foi o que bebi durante a noite toda. E ao ver Sofia naquele estado, automaticamente me fez ficar sóbria para cuidar dela.

Por incrível que pareça, acordei às dez da manhã. E resolvi fazer uma última tarefa para minha amiga. Separei um copo de água, aspirina e deixei um bilhete fofo sobre a mesa do lado da cama.

"Bom dia dorminhoca. Tome esses remédios pra não doer a cabeça, vou deixar café preparado pra você (não prometo que vai estar bom)"

Realmente fiz o que disse no bilhete. Deixei o café coando na garrafa enquanto desci ao mercadinho do condomínio para comprar pão que não tinha em casa.

Ela acordou meia-hora depois de mim.

Ah, como eu adorava a sua cara de sono e o timbre da sua voz.

Na noite anterior, só tinha vestido uma das minhas camisetas estampadas, — que combinou perfeitamente — mas agora usava um shorts por baixo. Definitivamente não lavaria para não perder seu cheiro.

Ela pegou sua xícara favorita no armário, e se sentou em completo silêncio. Só responderia por si depois de, pelo menos, três goladas de café.

— Quais são seus planos para hoje, Sô? — Perguntei calmamente.

— Nossa, eu só quero saber de vegetar no sofá pro resto da minha vida. — Respondeu coçando o olho e bebendo seu café.

— Imaginei. Estou pensando em ir no mercado e comprar coisas para fazer uma janta para nós duas. O que você acha? — Propus com expectativa, esperando sua aprovação.

— Apoio qualquer coisa que envolva casa, comida e você de companhia.

Fazia algum tempo que estava querendo testar aquela receita. Frango ao molho de laranja. Não que tivesse muitos dotes culinários — vocês sabem — mas não era complicado, acho que até eu poderia fazer.

E se ficasse ruim, Sofia e eu riríamos e depois poderíamos pedir um lanche.

Ela não mentiu quando disse que queria passar a tarde vegetando no sofá. Chamávamos esse dia de dia do moletom, em que consistia em vestir roupas de ficar em casa e realmente ficar em casa, fazendo literalmente nada.

Não a chamei para me acompanhar até o mercado, sabia que iria recusar qualquer coisa que tivesse que se levantar do sofá. Comprei tudo que precisava e às sete da noite, iniciei os preparativos. Do jeito que era lerda, a comida só ficaria pronta a partir das dez horas.

Sofia desistiu da vida de ficar sentada. Em algum momento, tomou um banho, trocou de roupa e foi para a cozinha me observar.

— Você fica tão bonita cozinhando, parece até que sabe. — Disse sentada no balcão.

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