Do I Wanna Know?

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Sofia Santino
(Música do capítulo: Do I Wanna Know? — Arctic Monkeys) 

Minha mente traiçoeira ainda vagava na conversa e nos momentos que tinha tido com Duda há quase 2 meses atrás.

Digo, não sei o que tinha na cabeça ao pedir que ela passasse protetor em mim. Suas mãos eram tão precisas e macias, totalmente estranho. Eu tentei, juro que tentei me controlar, mas meu corpo não conseguia se conter, quase explodi. E nem sabia o porquê disso. Não podia nem cogitar pensar nesse tipo de coisa.

Naquela noite, acho dormi no ombro dela enquanto conversávamos. Mas acordei na cama, por algum motivo.

Na hora de voltar, Duda veio comigo. Acho que tudo tinha voltado aos eixos, mesmo que mais tarde fôssemos começar os ensaios e em alguns dias faríamos aquilo que começa com B.

Pois é. Ainda não tivemos que fazer isso, o professor disse que era melhor deixar para um dos últimos ensaios, para que fosse especial e único. Mesmo com tempo para me preparar, não me sentia devidamente preparada.

Desde aquele fim de semana, não tínhamos tido um dia de paz sequer. Era um ensaio na hora de aula, ensaio fora do horário, ensaio em casa, em qualquer lugar estávamos cantarolando, decorando e respirando Romeu e Julieta.

Tínhamos tido apenas 2 meses e alguns dias para ensaiar uma peça grande como aquela. Às vezes, Duda estava certíssima quando dizia que queria trancar o curso. Ela estava certa em muitas coisas, na verdade.

Faltava apenas uma semana para o grande dia. Uma semana. Havia passado tão rápido e ao mesmo tempo tão devagar que parecia até mentira.

Naquela semana, o professor decidiu que iríamos ensaiar hoje, na sexta que vem e um ensaio geral no sábado, antes da apresentação. Os outros dias, seriam de folga para descansar, diminuir a ansiedade, organizar cenário e figurinos. Nossas roupas estavam lindas, já tínhamos tomado as medidas e feito a prova final.

E justo hoje, em que acordei nada preparada para isso, a cena final teria que acontecer.

Eu sabia que chegaria logo, não tinha mais como fugir.

Na manhã daquela sexta, nós duas estávamos uma pilha de nervos. Duda estava mais desastrada, falava enrolado, tremia a perna e sua mão suava. Eu derrubei várias coisas — nada novo sob o sol — e tive que comprar roupas online para me distrair. Isso tudo antes do almoço.

Alguns professores, que eram colegas de Juliano, nos dispensaram mais cedo, a fim de que pudéssemos ensaiar mais.

— Sofia, Duda, hoje vamos passar o beijo, tudo bem por vocês? — Não, nada bem. — Dispensei a maioria dos alunos para termos mais privacidade. Repetiremos se eu achar que não está bom. — O professor careca nos disse, assim que chegamos no palco. Estava realmente vazio, apenas os ajudantes de palco estavam por ali.

Não sabia, mas Carlos observava tudo. Eu nem havia reparado que ele estava ali, me sentia tão nervosa e aflita que nenhuma outra pessoa existia além de mim e da Duda.

O professor deixou irmos ao camarim atrás do palco para nos trocarmos.

— Está muito nervosa? — Eu perguntei para ela, tentando amenizar o clima.

— Morrendo e você? — Respondeu sincera, enquanto tirava as roupas da mochila.

— Que bom que não sou só eu.

— Achei que por sermos amigas seria menos pior, mas acho que só piora as coisas, isso sim.

— Também acho, mas ó — se aproximou, colocando a mão no meu ombro — relaxa, é apenas nós duas, ok? — Ela sorriu.

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