So High School

Sofia

Eduarda Hippler
(Música do capítulo: Sofia — Clairo)

Eu vou fazer o Romeu. A Sofia vai fazer a Julieta. A minha Julieta. Ela brigou com o namorado por minha causa. Ela dormiu agarrada em mim. Tantas coisas para se assimilar.

Quando chegou, se desmanchando em meus braços mais uma vez; ao mesmo tempo que conseguia ser dolorido, era adorável. Gostaria de poder tirar toda a dor que ela sentia e colocar só para mim. Definitivamente não merecia passar por nada disso.

Mas era triste pensar que estava sofrendo daquele jeito por causa de uma pessoa que não dava o verdadeiro valor que ela merecia. E o pior de tudo era saber que eu poderia ser essa pessoa, eu facilmente seria essa pessoa, mas eu simplesmente não posso, e tenho que ver com os meus olhos todas essas coisas.

Ah, Sofia, eu acho que conseguiríamos se tentássemos.

Não estava particularmente acostumada a fazer carinho nela por tanto tempo. Meu coração quase explodiu de amor assim que vi ela dormindo.

Quando me dei conta disso, desliguei — com muita dificuldade — o filme, deitei de maneira nada convencional, e a deixei na mesma posição; abraçando todo meu corpo, roubando meu espaço pessoal e invadindo cada célula minha que já respirava por ela. Torcia para que ela estivesse confortável. Naquela altura, nem sabia mais o que era ter um braço que mexia, mas estava tudo bem. Ela precisava de mim.

Acho que passei uma hora só observando ela dormir. Sua respiração estava calma e serena, como quem estivesse tendo o melhor sono de sua vida. Nenhum mal poderia atingi-la. Seu peito subia e descia sincronizadamente. Seus cabelos soltos estavam um pouco bagunçados e teimosos, mas continuavam perfeitamente macios. Não conseguia descrever direito em palavras ou pensamentos o que achava de seus traços. Era como se tudo fosse desenhado perfeitamente a mão por Van Gogh ou Leonardo da Vinci. Mas tinha detalhes tão específicos que nem eles conseguiriam capturar com maestria.

E estava tão linda dormindo. Tive que resistir a vontade de cheirar seu shampoo e dar beijos por todo topo de sua cabeça. Tarefa difícil. Muito difícil.

Passaria horas, horas e horas citando cada detalhe, pena que caí no sono antes de poder observar mais. Acho que ser o apoio de alguém definitivamente não é tão ruim assim. Principalmente se esse alguém é sua melhor amiga que não gosta do toque físico e quem você secretamente tem uma paixão.

Ela parecia meio atordoada e envergonhada quando acordou pela manhã. Na verdade, eu acordei primeiro, mas estava tão amassada que nem me mexi, apenas fiquei de olhos fechados esperando ela acordar.

E valeu a pena. A primeira coisa que ela olhou, com seus lindos olhos castanhos e sonolentos, foram os meus. Adorava a mistura que nossas trocas de olhares tinham. O encontro do verde com o marrom era perfeito, a mistura perfeita. Seus olhos ainda estavam com maquiagem da noite anterior, mas continuavam lindos.

— Nossa, Duda, me desculpe. Dormi que nem vi. Você está bem? Espero não ter te amassado ou me mexido muito. — Disse baixo, com sua voz de sono. Coçou os olhos e deu uma meia espreguiçada.

— Talvez meu braço esteja necrosado, — ri penosamente — mas se você estiver bem, então valeu a pena.

— Estou ótima, obrigada amiga. — Amiga — Por tudo. Você é incrível, de verdade. Faz tempo que não dormia bem assim.