Capítulo 2: A Linha se Rompe
No dia seguinte, Hayla acordou com os pensamentos ainda presos ao beijo da noite anterior. Ela tentou se concentrar no trabalho, mas a lembrança de Roberto, sua proximidade, a forma como seus lábios tocaram os dela, tudo a fazia perder o foco. Ela sabia que aquilo era um erro. Um deslize poderia comprometer todo o caso e, pior, sua reputação profissional.
Mas, como resistir? O capitão Roberto tinha uma presença forte, que a atraía como um ímã. Ela tentava racionalizar, lembrar-se de seu código ético e do quanto tinha lutado para chegar onde estava. No entanto, o desejo que sentia por ele era inegável, quase impossível de controlar.
Durante a manhã, Hayla revisou os detalhes do processo mais uma vez antes da reunião com a equipe de defesa. Estava determinada a manter o controle e focar apenas no caso. Mas quando entrou na sala de reuniões e viu Roberto, com aquela postura imponente e o olhar afiado que a despia por completo, tudo dentro dela começou a desmoronar.
— Bom dia, doutora — ele disse, com um leve sorriso no canto da boca, como se o que aconteceu entre eles fosse um segredo que só os dois compartilhavam.
— Capitão — Hayla respondeu, tentando manter o tom profissional, mesmo que seu corpo traísse a frieza que queria demonstrar. — Vamos começar?
A reunião foi intensa, como sempre. A discussão sobre o uso da força por parte do policial defendido por Hayla foi acalorada, e ambos mantinham suas posições firmes. Contudo, em cada troca de olhares, em cada palavra dita, havia um subtexto. O clima entre eles era tão carregado que os outros participantes na sala pareciam notar, mas ninguém ousava comentar.
Ao fim da reunião, quando todos começaram a sair, Roberto se aproximou de Hayla, sua presença preenchendo o espaço de novo. Ele falou em um tom baixo, para que ninguém mais pudesse ouvir:
— Não conseguimos terminar nossa conversa ontem à noite.
— Roberto, não acho que seja uma boa ideia — Hayla disse, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros.
— Acha? Ou sente que não pode resistir? — Ele provocou, inclinando-se um pouco mais perto.
Ela sentiu o coração acelerar de novo. Sabia que ele estava certo, e essa certeza a assustava. Antes que pudesse responder, o telefone de Roberto tocou. Era uma ligação urgente.
— Desculpe, preciso atender. — Ele olhou para Hayla com um misto de frustração e desejo. — Mas isso ainda não acabou.
E então ele se afastou, deixando Hayla com os sentimentos confusos e o corpo em chamas.
Horas depois, Hayla recebeu uma notícia que a pegou de surpresa: a operação do BOPE, liderada por Roberto, tinha sido antecipada. Ela sabia o quanto aquilo era arriscado. Uma parte dela estava preocupada com o desfecho da operação, mas outra parte estava preocupada com Roberto.
Naquela noite, sozinha em casa, Hayla tentava se distrair, mas sua mente não conseguia parar de pensar em tudo o que estava acontecendo. As decisões que tomaria nos próximos dias poderiam mudar sua vida para sempre — tanto profissional quanto pessoalmente.
Uma mensagem chegou em seu celular. Era de Roberto: "A operação foi um sucesso. Estamos todos bem. Podemos continuar de onde paramos."
Hayla respirou fundo. Sabia que, uma vez que cruzassem essa linha, não haveria volta.