Capítulo 10: O Jogo de Sérgio
A investigação sobre Sérgio Almeida progredia lentamente, mas cada nova pista deixava claro que ele estava envolvido em algo maior. Hayla e Roberto passaram dias analisando informações, cruzando dados e tentando descobrir qual seria o próximo movimento de Sérgio. No entanto, por mais que tentassem, ele parecia estar sempre um passo à frente.
Certa noite, enquanto Hayla estava sozinha em casa, revisando arquivos antigos sobre o caso de cinco anos atrás, seu celular tocou. O número era desconhecido, mas ela atendeu, pensando que poderia ser alguém da equipe.
— Hayla Ferraz? — a voz do outro lado era baixa, quase um sussurro, mas carregada de ironia e familiaridade. Era Sérgio Almeida.
O coração de Hayla disparou, e ela se levantou imediatamente, sentindo uma onda de adrenalina.
— Sérgio — ela disse, mantendo a voz firme, mas sentindo o frio subir por sua espinha. — O que você quer?
— Não achei que seria tão fácil falar com você. Pensei que teria que enfrentar todo o BOPE para chegar até aqui — ele riu, o som áspero e ameaçador. — Mas estou surpreso... parece que você continua a mesma de sempre, achando que pode controlar tudo.
— Você está jogando com fogo, Sérgio — Hayla respondeu, apertando o telefone com força. — Se está atrás de mim, sabe que não vai se safar desta vez. Estamos te seguindo de perto, e é só uma questão de tempo até que te encontremos.
— Ah, querida Hayla, não estou atrás de você... ainda. — Ele fez uma pausa, e Hayla sentiu o ar pesado com a ameaça não dita. — Estou mais interessado em assistir você desmoronar. Você e o seu querido capitão.
As palavras dele a atingiram em cheio. Roberto. Sérgio estava prestes a usá-lo contra ela. O pavor que ela sentiu não era apenas pela própria segurança, mas pelo perigo que Roberto poderia estar correndo.
— Se você tocar nele, eu juro que... — ela começou, mas foi interrompida.
— Você jura o quê? Que vai me prender? — A risada de Sérgio soou cruel do outro lado da linha. — Eu estive esperando muito tempo por esse momento, Hayla. Dessa vez, você não terá como escapar. Eu sempre fui mais esperto que você, e vou provar isso. Só quero que você fique preparada para o que vem a seguir.
Antes que Hayla pudesse responder, a linha ficou muda. O silêncio no quarto parecia opressor, e ela sentiu o peito apertar com a ameaça pendente.
Ela sabia que Sérgio não era alguém que falava em vão. Ele tinha algo planejado, e Roberto estava diretamente na mira. Sem perder tempo, ela pegou o telefone e ligou para Roberto.
— Hayla? — ele atendeu quase imediatamente, como se estivesse esperando a ligação.
— Precisamos conversar. Sérgio me ligou — ela disse, tentando manter a calma, mas o pânico transparecia em sua voz.
— O que ele disse? — Roberto já estava em alerta.
— Ele fez ameaças. Está claramente jogando comigo, e mencionou você — Hayla respondeu, passando a mão pelo cabelo, tentando controlar a tensão que sentia.
— Estou a caminho. Fique em casa, não faça nada até eu chegar — Roberto respondeu, desligando rapidamente.
Menos de quinze minutos depois, Roberto estava na porta do apartamento de Hayla. Ele entrou sem cerimônias, os olhos analisando o ambiente como se esperasse encontrar algo fora do lugar.
— Ele mencionou algo sobre o plano dele? — Roberto perguntou, sua expressão tensa.
— Só disse que eu devia me preparar, que ele está interessado em me ver desmoronar... e que você é parte disso. — Hayla mordeu o lábio, tentando processar tudo. — Ele está jogando com a gente, Roberto. Está nos testando, vendo até onde pode ir.
Roberto se aproximou dela, segurando-a pelos ombros com firmeza.
— Vamos encontrá-lo, Hayla. Não importa o que ele tenha planejado, estamos juntos nisso. E eu não vou deixar que ele te machuque.
Hayla assentiu, sentindo o conforto da presença dele, mas ainda com o coração pesado. Sérgio era imprevisível, e sua habilidade de manipular situações a deixava inquieta.
— Precisamos intensificar a busca por ele. Se ele está em contato direto, significa que já está próximo de fazer um movimento — ela disse, com a voz determinada.
— Eu vou falar com o time. Vamos reforçar a segurança, aumentar a vigilância. Sérgio não vai conseguir escapar dessa vez — Roberto respondeu, sua voz cheia de convicção.
Enquanto Roberto ligava para a equipe e organizava os próximos passos, Hayla ficou em silêncio, observando-o. O peso da ameaça pairava sobre eles como uma sombra. Mesmo com todas as precauções, ela sabia que Sérgio não seria um oponente fácil.
Mais tarde, depois que Roberto terminou as chamadas e confirmou os próximos passos da operação, ele se sentou ao lado de Hayla no sofá. Por um momento, o silêncio tomou conta da sala. Ambos estavam exaustos, não apenas pelo trabalho, mas pela pressão emocional que a situação estava criando.
— Você está bem? — Roberto perguntou, virando-se para ela.
— Estou... preocupada. Não só com o que Sérgio possa fazer, mas com o que isso significa para nós. — Hayla suspirou, sentindo a pressão se acumular.
Roberto colocou a mão sobre a dela, entrelaçando seus dedos.
— Vamos superar isso. Não importa o que ele tente, estamos prontos — ele disse, com a voz baixa, mas cheia de determinação.
Hayla olhou para ele e, pela primeira vez naquela noite, sentiu um pequeno alívio. Sabia que a jornada que tinham pela frente seria difícil, mas com Roberto ao seu lado, talvez pudessem enfrentar o fantasma do passado e vencer.
