I - Meu lar, Naitandei

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Bom, antes de começar tenham em mente que os capítulos nem sempre envolverão os dois núcleos ao mesmo tempo.

Esses primeiros capítulos é mais para situar o contexto geral, por isso vou liberar logo os dois primeiros para que conheçam os dois núcleos.

Os capítulos vão ser curtinhos, porque acho que estou rendendo mais assim ultimamente. Também não tenho previsão de quantos capítulos serão, mas espero que muitos.

Espero que gostem, comentem e votem.

📖 Boa leitura 📖



💟

New Spring era uma cidade pequena que ficava na divisa entre as grandes fazendas e uma outra cidade pequena chamada Cambucá, que embora fosse pequena, se desenvolvia mais rápido do que New Spring.

Ambas pacatas, as duas cidades não têm muito o que oferecer a seus habitantes. Todos os grandes eventos da região acabam acontecendo no bar chamado Naitandei.

O bar é bastante conhecido por ter feito fama como um grande puteiro no passado, mas atualmente funciona de fato apenas como um bar. Pelo menos é o que parece ser, algumas das meninas que trabalham lá quando querem um extra, sabem muito bem como se virar no sigilo.

Kelvin é o dono interino e garçom do bar. O bar é de seu pai, que simplesmente foi para longe ao se apaixonar por uma das garotas que trabalhava no estabelecimento na época. Provavelmente ela deve ter a mesma idade que Kelvin, mas se ela casou por interesse nunca herdará o local que pertence ao garçom segundo o testamento deixado por seu pai.

Uma cláusula no testamento diz que o garçom só tomará plenos poderes em caso de morte de seu pai ou quando o mesmo completar 26 anos e se sentir pronto para tocar o lugar com plena responsabilidade de tudo.

Havia toda uma equipe que cuidava do bar por fora. Kelvin só tomava algumas decisões. Decisões essas que fizeram o bar crescer e atrair mais gente das cidades vizinhas. Era quase como um ponto turístico de passagem obrigatória.

A localização do bat era ótima, e todo início de semana ele fazia as meninas irem colar panfletos com a programação semanal. Pedia para que divulgassem nas rádios também, porque os peões sempre estavam ouvindo a rádio local em suas caminhonetes.

A cabecinha dele era uma máquina de boas idéias e sempre conseguia trazer artistas famosos para o bar sem muito esforço, a lábia dele era invejável.

Kelvin é fogoso, aprendeu de um tudo crescendo vendo aquele estabelecimento crescer. Mesmo rodeado de muitas mulheres, eram os homens que o interessavam. Seu pai não amava ter um filho gay, mas ele aceitava e nunca o desrespeitou por isso.

Ele não gostava de namorar, gostava de ficar pulando de galho em galho ou em vários galhos ao mesmo tempo. Amava homens fortes e brutos que soubessem lhe pegar de jeito. Passava um calorão quando uma cambada de peão entrava no bar, não deixava que nenhuma outra das meninas atendessem a essas mesas especificamente.

Com os peões e fazendeiros era tudo na moita, no carro em uma estrada escura. Sempre tudo muito discreto, ele não se importava muito desde que sentisse prazer. Mas seus olhos ultimamente se cruzavam com um peão em especial, para ser mais exato, com um ex-peão que agora é fazendeiro, chamado Ramiro Neves.

O fazendeiro era muito calado, carrancudo e bastante misterioso. Tinha fama de mau segundo o falatório da cidade, tudo isso porque quando trabalhava na fazenda La Selva ele fazia uns serviços errados, para não dizer criminosos.

Ele era um homem solitário, viveu praticamente abandonado desde muito jovem e aprendeu a se virar sozinho. Ele é um bom homem, pelo menos tem o coração bom e quer viver melhor agora, mas os seus instintos selvagens sempre estão ali prestes a aparecer a qualquer momento.

Ramiro não teve muita educação e tentava se entender como um homem bisexual? Gay? Bem, ele não sabia dizer, na verdade nem gostava de pensar sobre isso porque sua cabeça doía.

Sempre que tinha suas necessidades, tentava contato com uma das meninas no bar sem ninguém saber, para o lugar não voltar a ser “mal falado”. Nunca levou nenhuma delas a sua casa, se sentia bem saindo com elas.

Há dois anos atrás, ele se envolveu com um dos peões que trabalhavam com ele na fazenda La Selva. Tudo começou com uma brincadeira inocente no rio que foi parar no quarto do outro homem. Ele foi àquele quarto mais duas vezes, havia gostado, mas o homem sumiu sem deixar rastros.

Ramiro não deixou de sair com as mulheres depois de sair com o peão, mas também não saiu com nenhum outro homem. Tinha medo do que iriam falar, sempre teve.

Um certo dia ele tinha ido ao bar para ver um show e seu olhar se cruzou com um homem bbb, branco, baixo e bundudo. E pões bundudo nisso, seus outros pousaram nas íris cor de mel que recebia uma das luzes coloridas em seu rosto, para logo em seguida pousar no fio da polpa da bunda que estava para fora em um short minúsculo. Ele só parou de olhar quando um outro peão conhecido sentou-se em sua mesa, fazendo ele disfarçar para onde estava olhando.

— Gostou do Kelvin, Ramiro?

— Êhh, que é isso. Eu sou macho.

— Ah, sim. Entendo. Ele não faz meu tipo, mas se ele me desse bola eu queria. Ouvi dizer que ele pega mais gente que todas as meninas, mas ninguém nunca provou nada.

— E ele faz os programa igual elas?

— Não, Ramiro. Ele é dono disso aqui. Ele sai com cara porque gosta mesmo, né programa não, mas não fala por aí que eu te contei isso não.

No meio daquela conversa, alguém com um cheiro muito bom se aproximou da mesa com uma voz doce. Era Kelvin.

— Boa noite, gatos. Estão sendo bem atendidos, precisam de algo mais?

Os dois quase babavam olhando para ele. Por dentro o garçom ruivo sorria de satisfação, adorava ver o efeito que causava nos homens menos discretos.

— Eu vou querer mais um cerveja, Kelvin. — Falou o homem.

Kelvin se virou para Ramiro, alisou a barba cheia dele e perguntou:

— E você lindo, não vai querer mais nada? — O sorriso meigo e sedutor que ele dava fez com que Ramiro ficasse tenso dentro de sua calça.

O fazendeiro não conseguiu formular uma palavra, apenas balançou a cabeça em negativa.

Kelvin saiu rebolando, se esticou no balcão empinando ainda mais a bunda para pegar a cerveja e voltar à mesa.

— Aqui sua cerveja. E pra você eu trouxe uma dose de Whisky, é por conta da casa.

Kelvin tinha  um plano, estava torcendo para que desse certo.

— Ah, eu vou precisar de uma ajuda amanhã. Vocês conhecem alguém que possa me ajudar? O moço que dirige para mim está de folga amanhã, e eu preciso muito ir a costureira lá em Cambucá. — Fiz uma carinha triste para os dois.

O peão informou que não poderia sair do serviço amanhã. Certo, a primeira parte do plano ocorreu bem, era outra pessoa que ele queria que se disponibilizasse.

Kelvin olhou para Ramiro em expectativa. O fazendeiro pigarreou e falou.

— Eu acho que posso ir com você sim. Eu vou ter que ir na escola fazer a minha matrícula mermu.

— Ai como você é gentil. Então eu te espero aqui amanhã, tá bem?

Mais uma vez Ramiro ficou sem palavras, Kelvin tirou um cartão do bolso e disse.

— Ó, qualquer coisa só me ligar ou mandar uma mensagem. Aproveitem a noite gatos. — Deu um beijo na bochecha de Ramiro e saiu.

Kelvin era a chama mais quente daquela cidade. Será que Ramiro vai deixar se queimar fácil?

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