VI - Chumbo trocado não dói

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"Você quer entrar?" A pergunta ficou se repetindo na cabeça de Ramiro, que agarrava o volante com força demais enquanto ficava imóvel olhando para frente.

— Ramiro?

— Ramiro?

— Ramiro ? — o fazendeiro não ouvia.

Ramiro estava preso em seus pensamentos. Lembrou do seu sonho com o ruivo e ficou ouvindo aquela proposta repetidamente em sua cabeça.

Kelvin achou que talvez aquilo fosse sua maneira de dizer que não o queria, mesmo depois do beijo, que foi muito bom. O melhor beijo da vida dele, e ele havia beijado muitas bocas. Saiu da caminhonete batendo a porta, nunca havia sido rejeitado, estava triste. Queria aquele homem.

Ao ouvir o barulho da porta bater com força demais, Ramiro retornou a si, chamando pelo outro.

— Kevín! — O ruivo não queria ter que olhá-lo mais uma vez, mas o fez. — Outro dia, pode ser?

O garçom apenas acenou com a cabeça e deu um leve sorriso, afinal de contas, nem tudo estava perdido. Não era uma recusa, era um depois. Um depois era bom.

Ao chegar em casa, Ramiro lamentou a sua falta de coragem. Reviveu aquele beijo várias vezes e pensando no que mais aconteceria se ele tivesse aceitado o convite para entrar.

Ramiro teve bons sonhos, mas dessa vez sem interrupções.

💟

Na outra cidade, Chico pensava em como tentar ser mais atencioso com sua noiva Madá. Bom, ele pensava também em como passar mais tempo com sua Xellinha que também reclama da ausência e pensava o quanto queria poder provar os lábios carnudos e rosados de Kelvin.

Chico, um homem que queria tudo, queria muito. Acordou e decidiu mandar flores para Madá e a noite iria chamá-la para dar uma volta.

Trabalhou na banca o dia todo e quando passou na casa da noiva no fim da tarde, viu dois buquês de flores. Um ele havia encomendado, mas e o outro?

Tentou descobrir do seu jeitinho.

— Meu amor, obrigada pelas flores, elas são lindas. — A mulher falava feliz.

— Você merece todas as lindas flores do mundo Madazinha, Eu te amo demais.

O casal deu um beijo "apaixonado". Era evidente que aquela chama da paixão não existia mais ali, mas eles fingiam que sim. E se estava bom pra eles, quem somos nós para discordar?

— E essas outras flores, minha preta?

— Ah, não é nada. — Ela quis ocultar, mas não adiantou.

— Nossa Madá, quantas flores. Quais você gostou mais? As do Jão ou as do Chico? Perguntou a irmã de Madá.

Ouvir aquilo, acendeu um alerta na cabeça dele e o aborreceu também. Esperou explicações, mas Madá não soube dar. Acabou desistindo do passeio com a noiva, fez um bico enorme e falou que não gostou nada daquilo.

Chico era engraçado. Enfim a hipocrisia, né? Traia, muito! Mas morria de medo de ser traído. Ai se ele soubesse que sua Xellinha estava se agarrando com Ramiro. Ele teria um treco, só em pensar em algo assim ele perdia o prumo.

Mas já que ele tinha planos, aproveitou para fazê-los, só que com a amante.

📱 Chiquito: Xelinha, minha coisa linda. Me espera naquela nossa esquina, vou te levar pra passear.

📱 Roxelle: Em 15 minutos tô lá, meu amor.

Quando a moto encostou a loira logo aceitou o capacete. Estava radiante porque normalmente o homem aparece depois de suas cobranças e dessa vez ele apareceu por vontade própria e ainda por cima a convidando para sair.

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