II - Conhecendo Cambucá

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Cambucá, embora fosse uma cidade pequena, era repleta de estabelecimentos mais modernos. Sempre as novidades da região chegavam primeiro por lá. Não à toa, os habitantes de New Spring sempre estavam por lá.

Naquela manhã, Ramiro só enviou uma mensagem para Kelvin quando estava em frente ao bar. Ficou com vergonha de ligar.

📱[Ramiro]: tô aqui fora

Kelvin não precisou perguntar quem era. Ele sabia, ele sentia. Passou mais um pouco de perfume e foi desfilando até a caminhonete do fazendeiro. Ficou parado ao lado da porta e o homem não entendeu.

— Ramiro, seja cavalheiro e abre a porta pra mim. — Ele falava com as mãos na cintura.

O fazendeiro, completamente desconcertado, desceu e foi abrir a porta para o garçom que logo agradeceu deixando um beijo no rosto do homem mais uma vez.

Na rádio sintonizada na caminhonete tocava um modão antigo e Kelvin preferiu se fazer de tímido. Não perguntou nada ao outro, ficou só ouvindo ele cantarolar baixo as músicas.

Chegando na cidade cada um foi para um lado e combinaram de se encontrar ali em duas horas para retornar a New Spring.

💟

Naquela manhã, Chico acordou no quarto de Madá sozinho. A moça se levantou cedo para ajudar a mãe com umas costuras que precisavam ser entregues e ainda não haviam sido finalizadas, e acabou que chegou um cliente fiel lá para encomendar umas roupas.

Madalena ainda não tinha encontrado algo que fizesse os seus olhos brilharem, não sabia qual era sua vocação. Ajudava a mãe nas costuras e  fazia várias outras coisas para ter o  seu dinheirinho.

Queria casar com Chico, mas os dois sempre enrolavam na hora de marcar o casamento e eles no fundo não queriam sair da comodidade que tinham de morar com os pais.

Na sala daquela casa, Madá tirava as medidas de Kelvin para fazer a roupa que ele chegou mostrando no celular.

O garçom estava apenas com seu short curto na sala quando Chico entrou e ficou observando a cena sem falar nada para não ser percebido, até que Kelvin se virou e deu um gritinho ao se assustar, acabou soltando a blusa que vestiria no chão.

Chico deu um sorriso ladino para o ruivinho e Kelvin soube que aquele homem era do tipo que ele gostava, cafajeste. Devolveu o sorriso fingindo timidez enquanto Madá se abaixava para pegar a roupa que ele deixou cair.

— Desculpe Madazinha, eu não sabia que vocês estavam com cliente. Eu tô indo lá pra banca ajudar o meu pai.

— Não vai comer nada, meu bem? — perguntou ela.

"Meu bem" pensou Kelvin. O bofe é comprometido, ficou tristonho, mas logo lembrou que ele mesmo não era.

Chico se aproximou para deixar um selar nos lábios de sua noiva e antes de passar pela porta olhou para trás e piscou o olho para Kelvin.

💟

Na banca, Chico ajudava o seu pai com tudo que precisava. Fora a aposentadoria do pai, era a banca que dava sustento aos dois.

O homem era um bom filho, coração bom, ajudava a todos, mas seu único traço tóxico era ter uma amante e sempre paquerar com outras ou outros por aí.

O fato de Chico gostar de homens não era um segredo, ele só não falava sobre porque estava com Madá desde a adolescência, um fato que não o impediu de sair com homens em umas poucas viagens.

Se fossemos contar as galhas na cabeça de Madalena, ela nem levantaria, coitadinha.

— Oi, seu Moreira. Trouxe aqui o que o senhor pediu. Dois mistos quente e um café fresquinho. — Falou Roxelle.

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