Laços de Amor

VII - Confusão do amar

Kelvin não costumava ser rejeitado e aquilo o deixou furioso. Se Ramiro não aguentava a pressão, que explodisse, mexeu com a pessoa errada.

Como era de se esperar, Ramiro ficou uns dias sem aparecer no bar, mesmo nos fins de semana, quando não era preciso ir a outra cidade para estudar.

O fazendeiro queria o garçom, mas ainda não tinha coragem o suficiente para tê-lo. Não é como se ele nunca tivesse tido um momento de intimamente com outro homem, mas tudo fora na encolha e ele não queria ter que fazer aquilo com Kelvin, ele não merecia ser escondido, pois tinha uma luz linda que deveria ser vista e admirada.

Ele o admirava, mas se sentia ainda um tanto covarde. Embora quisesse muito ter um pouco da ousadia do pequeno, ele se assustava mínimamente com essa característica.

Ficou umas duas semanas sem aparecer, não recebeu mensagens e também não enviou nenhuma das que chegou a digitar. Por sua cabeça ficava imaginando Kelvin beijando outro.

Por incrível que pareça a "rejeição" de Ramiro mexeu muito mais com Kelvin do que ele havia imaginado, mas o garçom não ia admitir.

Estava contente com a chegada de seu primo Cacá, que chegou na cidade para passar uns dias com o seu primo favorito. Colocou na cabeça que não pensaria no peão com tantas bocas o querendo.

💟

Chico não estava em uma situação tão boa quanto a de Ramiro. Depois de seu ataque de ciúmes com Madá (assim ele até tinha uma razão pequena) e de outra pessoa na frente de Roxelle, as duas estavam irritadas com ele.

Era o preço que Francisco estava pagando por amar demais. Não queria deixar nenhuma delas, amava as duas e agora que finalmente Kelvin o tinha beijado (como forma de provocação, mas ele gostou), ele queria sentir aqueles lábios macios nos seus muitas e muitas vezes. Queria poder tocar aquela pele tão alva e extremamente cheirosa.

Foi um beijo rápido, mas foi o suficiente para ficar com o cheiro do garçom em suas roupas. E ele dormiu cheirando a sua própria camisa para poder sentir o aroma doce e floral que estava ali.

O que fazer para se desculpar com suas mulheres, ele pensaria depois, agora ele queria sonhar acordado e também dormindo com um certo garçom.

Chico teve uma noite de sono muito boa, com sonhos melhores ainda. Desejou que logo, logo, pudesse realizar todos eles.

Perdeu a hora, mas chegou todo alegrinho na banca de seu pai para trabalhar.

— Meu filho, tão contente. A noite com a Madazinha foi boa, né? — Falou Seu Moreira.

— Eu não tava com a Madazinha não, pai. — Falou sem perceber.

— E com quem você estava, Seu Francisco!? Você saiu de casa ontem dizendo que tinha preparado uma noite maravilhosa com sua noiva. Você chegou tarde, com quem você estava?

— Ai, pai. Com todo respeito, não se mete. Eu estava resolvendo umas coisas.

— Francisco!! Você não está traindo sua noiva, está?

— Cruzes paizinho, eu não faço essas coisas não. Me respeita. — Cruzava os dedos por trás de seu corpo, diante da mentira deslavada.

Chico perguntou se Roxelle apareceu para trazer o café deles mais cedo, mas ouviu seu pai contar que outra pessoa que veio deixar. A moça estava adoentada e não tinha ido trabalhar.

Chico logo ficou preocupado e assim que deu, escapou para a casa da loira. Queria saber como ela estava.

Entrou todo se tremendo. Nunca tinha ido lá em plena luz do dia, e qualquer um podia reconhecê-lo. Usou um boné e um óculos escuro para tentar passar despercebido.

Ele tinha uma chave, não precisou esperar do lado de fora. Levou uns bombons para a amante, queria limpar a sua barra.

— Xellinha, cadê você minha coisa linda?

A moça não falou, estava chateada. Preferiu esperar que ele a encontrasse em seu quarto. Quando ouviu a voz do homem, tratou de se desfazer de suas roupas, ficando apenas com as íntimas. Por coincidência do destino, estava com o conjunto que Chico a presenteou em seu aniversário. Optou por usá-lo porque estava com saudades, era uma maneira de senti-lo perto de si.

Quando Chico entrou no quarto ela fez uma carinha triste e manhosa, mas por dentro estava feliz de ter a presença dele. Roxelle não estava doente, só passou boa parte da noite chorando e não quis ir trabalhar. Inventou uma mentira.

— Chiquito, meu amor. Você veio cuidar da sua Xellinha, foi? Vem cá pertinho de mim.

Chico sentou do seu lado, estava realmente preocupado. Ele tinha um bom coração e se preocupava com suas mulheres.

— O que você está sentindo, meu amor?

— Ai, Chiquito. Não sei, uma dor aqui no meu coração. — levou a mão dele até seu seio o apertou por cima da sua. — Sente como é macio? Olha, chega eu fico arrepiada. É o que você causa em mim.

— Roxelle! Eu pensei que você estava doente e você com safadeza.

— Chiquito, olha aqui pra mim. Tudo isso aqui pra você, vem cá vem.

E já que não havia doença, e ele já estava ali mesmo, fizeram bom proveito do pequeno momento e daqueles chocolates.

Sim, Chico conseguiu enrolar Roxelle com relação a Kelvin. Ela não acreditou muito, mas preferiu deixar pra lá para aproveitar o tempo com ele.

Quando Chico voltou à banca, Seu Moreira quis saber para onde ele foi, mas o preto não estava muito para conversa. Jamais contaria que estava com sua amante.

— Achei que você tinha ido na casa da Madalena. Ela veio aqui atrás de você, disse que vocês tinham brigado.

— E o senhor  falou o que pra ela pai?

— Que não sabia. Que achava que você tinha ido encontrar com ela. Você não me conta nada.

Chico precisava se entender com Madá, mas antes precisava passar em casa para tirar o cheiro de Roxelle de suas roupas.

💟

Chegando na casa de sua noiva Madalena, Chico deu de cara com a moça toda sorrisos em uma conversa com Jão. Não queria acreditar, suas mulheres toda de gracinhas para outros. Primeiro Roxelle, agora Madá.

— Atrapalho alguma coisa aqui, Madalena? — ela estava tão distraída que se assustou, o brilho sumindo dos seus olhos.

— Chico não é nada disso do que você tá pensando. A gente só estava conversando. — justificou Madalena.

— Calma, Chico. Como ela disse estávamos conversando. — Reforçou Jão.

— Acho melhor você arrumar uma mulher solteira pra parar de  ficar com conversinha com a minha. Pensa que eu não sei que você está jogando charme pra ela?

Para evitar uma confusão maior. Jão foi embora, deixando o casal a sós.

Chico levou um esporro de Madá por mais uma cena de ciúmes, no entanto, conseguiu dobrar a noiva com o seu jeitinho malandro. Esse era o "poder" dele, até quando iria durar? Não sabemos.

— Chico eu queria ir lá no samba essa semana. Vai ter um especial da Alcione e eu queria muito ir. Vamos?

— Claro, Madazinha. Vamos sim.

Muitas pessoas vão estar nessa roda, o que indica que acontecerão muitas coisas.

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Vai ter farofa e encontrão dos dois mundos no samba novamente.

Quem vai ter ciúmes de quem? Será que vai ter barraco? O que os casais e os não casais vão fazer?

Alguém novo vem por aí pra abalar as estruturas incertas de Ramiro.

É tudo junto e misturado.