《DÉCIMO SEGUNDO CAPÍTULO》

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O sol já estava alto quando Ethan e Patrick decidiram se afastar da praça. A liberdade que sentiram pela manhã ainda pairava no ar, mas, conforme o dia avançava, uma nova tensão começou a se formar entre eles. O que antes parecia um refúgio agora era também um campo minado de sentimentos não ditos e possibilidades não exploradas.

Patrick pedalava na frente, o olhar concentrado na estrada à sua frente, enquanto Ethan o seguia, perdido em pensamentos. O vento frio do início da manhã havia se transformado em uma brisa morna, e a luz do sol começava a aquecer o dia, mas a sensação de inquietude não saía de sua mente.

Quando chegaram ao bairro onde Patrick morava, o garoto de cabelo escuro parou e olhou para Ethan, que ainda estava em uma espécie de transe. “Oi, cadelo, você tá pensando muito. O que tá pegando?” A preocupação na voz de Patrick era palpável, e Ethan sabia que não podia ignorá-la.

“Só... pensando no que vai acontecer agora,” Ethan respondeu, seu tom hesitante. “A gente se beijou e... e agora?”

“E agora nada,” Patrick disse, cruzando os braços, um sorriso provocativo nos lábios. “Só estamos sendo nós mesmos. Não precisa ter uma explicação toda vez que você me invade a casa e me beija.”

Ethan não conseguiu evitar uma risada. “É fácil pra você dizer. Eu sou o que fica se perguntando se tô ferrando tudo. Você é o ‘Rei da Indiferença’.”

“Na verdade, eu sou o ‘Rei do ‘Eu não ligo, desde que você esteja aqui’,” Patrick corrigiu, seus olhos brilhando com um desafio. “E agora você está aqui, então por que se preocupar?”

“Porque eu não quero que isso acabe como uma piada,” Ethan respondeu, sua voz mais séria. “Você não sabe como é difícil, Patrick. Uma hora tudo pode mudar, e você pode decidir que não quer mais isso.”

Patrick franziu o cenho, a brincadeira desaparecendo de seu rosto. “E se eu disser que não quero que isso acabe? Que eu quero você por perto? Que você é o único idiota que faz a vida parecer um pouco melhor?”

Ethan sentiu seu coração acelerar, mas o medo não desapareceu. “E se você não estiver falando sério? E se, quando as coisas ficarem complicadas, você me deixar de lado?”

Patrick soltou um suspiro frustrado, passando a mão pelo cabelo. “Parece que você tá pensando demais de novo. Olha, eu não vou te deixar de lado, não assim. Eu não sou seu pai.”

Ethan sentiu uma onda de emoção ao ouvir a comparação, mas ele não queria deixar que isso o atingisse. “Você não sabe o que meu pai é capaz de fazer. Ele... ele pode ser violento. Eu não quero que você se machuque por minha causa.”

Patrick se aproximou, quase como se quisesse balançar Ethan para fora daquela espiral de pensamentos. “Ei, você acha que eu sou só mais um babaca que vai sair correndo quando as coisas ficam difíceis? Isso não sou eu. Eu não sou fraco assim.”

“Não, mas você tem a opção de se afastar, e eu não tenho essa opção,” Ethan respondeu, a frustração subindo. “Eu não posso simplesmente... ser quem sou e esperar que as coisas fiquem bem.”

“Você pode, Ethan! Você só precisa acreditar que merece um pouco de paz. Você é mais forte do que pensa, e se eu posso fazer alguma coisa pra ajudar, eu vou fazer. Mas primeiro, você precisa parar de se esconder de mim,” Patrick insistiu, a sinceridade em sua voz penetrando a defesa de Ethan.

Ethan olhou para baixo, o peso da conversa começando a ficar insuportável. Era mais fácil ficar no limbo da indiferença do que encarar a verdade. E a verdade era que ele queria Patrick, queria o que eles tinham, mas o medo de perder aquilo era opressivo.

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