《OITAVO CAPÍTULO》

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Era uma manhã fria de uma quinta-feira em Derry, e o sol mal aparecia por trás das nuvens cinzentas que cobriam o céu. A escola estava viva com o barulho dos alunos, risadas e conversas se misturando em uma cacofonia vibrante. Ethan caminhava pelos corredores, mas sua mente estava distante, emaranhada em pensamentos sobre o beijo com Patrick. Aquela única fração de segundo que havia mudado tudo para ele. O coração pulsava em um ritmo acelerado, misturando ansiedade e uma expectativa estranha.

Ao entrar na sala de aula, Ethan avistou Patrick sentado na mesa, com a cabeça baixa e concentrado em seu caderno. O cabelo escuro caía desordenadamente sobre sua testa, e sua expressão focada era quase encantadora. Mas havia uma sombra de tristeza nos olhos de Patrick que Ethan não conseguia ignorar. Isso o fez sentir uma dor no peito, um aperto que era familiar e desconcertante.

"Olha quem chegou atrasado", disse Patrick, sem levantar os olhos. Havia um tom provocativo em sua voz que, por um lado, o irritava, mas, por outro, o atraía. "Você não tem vergonha de chegar assim em cima da hora?"

"Ah, vai se foder, emo. Estava pensando em como poderia fazer sua vida ainda mais miserável", Ethan respondeu, tentando manter a atitude despreocupada. Mas no fundo, ele sabia que era uma mentira. Aquela provocação era mais uma defesa do que um ataque; ele estava apenas tentando esconder a confusão que sentia.

Patrick riu, mas havia uma tensão palpável no ar. "Ótimo, então já que você está aqui, vamos falar sobre o projeto. Você sabe que não podemos simplesmente fazer isso às pressas, certo?" Seu olhar era firme, e Ethan podia ver uma faísca de determinação que o deixava intrigado.

"Claro, eu sou um gênio. Vamos só fazer o que a professora mandou, e não se preocupe com a parte da sua vida que eu estou arruinando", Ethan retrucou, sentando-se ao lado dele e abrindo seu caderno. Mas ao olhar para Patrick, uma onda de culpa o atingiu. A ideia de que ele era a causa do sofrimento de Patrick o atormentava.

Enquanto discutiam o projeto, as provocações se transformaram em algo mais leve, mas a tensão permanecia. Cada olhar trocado entre eles parecia carregar um significado oculto, e Ethan não conseguia parar de pensar em como tudo estava mudando. A cada palavra, ele sentia uma mistura de raiva e desejo, como se estivesse à beira de um abismo emocional. Havia um lado de Patrick que o atraía de uma forma que o deixava perdido, e as provocações eram, de alguma forma, uma forma de flerte que ele começou a reconhecer, mas não conseguia aceitar.

"Você vai ter que fazer a parte prática, porque eu não tenho paciência para isso", Patrick disse, um sorriso desdenhoso brincando em seus lábios. "Mas, se você me ajudar, pode ser que eu te deixe ficar com a melhor parte da apresentação."

"Então você admite que eu sou melhor em alguma coisa", Ethan brincou, um sorriso involuntário surgindo. A tensão entre eles parecia mais leve, mas Ethan sentiu que o coração estava em um conflito, pulando entre a provocação e a vulnerabilidade. Ele queria mais, queria saber o que realmente passava pela mente de Patrick.

Patrick olhou para Ethan, sua expressão mudando ligeiramente. "Só nessa pequena fração de tempo. Não se empolgue."

Os dois riram, mas logo o silêncio tomou conta do ambiente. A sala se esvaziava, e Ethan se sentiu sufocado pela proximidade de Patrick. Ele queria saber o que o outro realmente pensava, mas, ao mesmo tempo, tinha medo do que poderia ouvir.

Quando a aula finalmente terminou, uma onda de alívio misturada com frustração passou por Ethan. Ele queria mais tempo com Patrick, mas a ideia de se abrir para ele era aterrorizante. Patrick era uma tempestade em sua vida, e ele não tinha certeza se estava preparado para a destruição que poderia causar.

Antes que Patrick saísse da sala, Ethan o chamou. "Ei, Pat! Sobre o projeto... a gente pode se encontrar mais tarde para trabalhar nele?"

Patrick hesitou, a dúvida evidente em seu olhar. A insegurança na resposta dele deixava Ethan ansioso. Mas, depois de um momento, Patrick acenou com a cabeça. "Certo, às seis na biblioteca?"

"Perfeito", Ethan respondeu, embora sentisse uma onda de nervosismo. Assim que Patrick saiu da sala, ele se deixou cair contra a mesa, tentando processar tudo o que havia acontecido. O que deveria ser um simples projeto de biologia havia se transformado em um campo de batalha de sentimentos e desejos não ditos.

A tarde se arrastava, e a escola parecia um labirinto de emoções conflitantes. Ethan tentava se concentrar nas aulas, mas seus pensamentos estavam fixos em Patrick. O jeito que ele olhava, a maneira como seu sorriso iluminava o ambiente, tudo isso fazia com que Ethan quisesse ficar mais perto. Mas, ao mesmo tempo, ele se lembrava de como havia machucado Patrick no passado, e essa lembrança o paralisava.

Finalmente, chegou a hora do encontro. Ethan se dirigiu à biblioteca, seu coração batendo forte enquanto entrava. A luz suave e o cheiro de livros antigos o acolheram, mas sua ansiedade não diminuiu. Ele se perguntou se Patrick se sentia tão confuso quanto ele.

Quando Patrick chegou, havia um silêncio entre eles que era quase palpável. Os dois se sentaram em uma mesa no fundo, longe das distrações, mas a tensão estava lá, como uma corda esticada prestes a arrebentar. Eles começaram a revisar os materiais, mas a cada troca de olhar, Ethan sentia a pressão crescente.

"Você sabe", Patrick começou, a voz hesitante, "a gente poderia simplesmente não fazer isso. Eu não quero ficar preso em um ciclo de... coisas." Ele hesitou, parecendo vulnerável.

"Ciclo de coisas? Você acha que eu quero isso também? Eu só... não sei como lidar com tudo isso", Ethan respondeu, a frustração transparecendo em sua voz. Ele queria se desculpar, mas as palavras não saíam. O medo do que poderia acontecer se ele se abrisse o impedia de falar.

A conversa se tornou um campo minado, onde cada palavra parecia pesada. Eles discutiam sobre o projeto, mas as emoções estavam fervilhando por baixo da superfície. Cada olhar, cada toque acidental, aumentava a tensão entre eles, tornando a sala silenciosa ao seu redor.

Ethan queria se afastar, mas ao mesmo tempo, não conseguia resistir. Ele estava em um jogo que não sabia como jogar, e cada movimento parecia levá-lo mais perto de um abismo. O que era um simples projeto se tornava um reflexo da complexidade de seus sentimentos.

Ao final da tarde, enquanto o sol se punha, projetando sombras longas pela biblioteca, Ethan se virou para Patrick. "Pat, a verdade é que... eu não sei como lidar com tudo isso. Eu sinto... eu sinto algo por você, mas tenho medo de te machucar de novo."

Patrick olhou nos olhos de Ethan, e por um momento, tudo parecia em câmera lenta. As palavras ficaram presas na garganta de Ethan, mas ele sabia que precisava se abrir. Havia algo de verdadeiro entre eles, algo que não podia ser ignorado.

"Eu também sinto isso, Ethan. Mas você precisa entender que eu não sou um brinquedo. Não quero ser machucado de novo", Patrick respondeu, a sinceridade em sua voz cortando a tensão no ar.

A emoção que pairava entre eles era densa e intensa, como uma tempestade prestes a eclodir. Ethan queria alcançar Patrick, mas a insegurança o impedia. Eles estavam em um ciclo de sentimentos conflitantes, e a necessidade de um entendimento mútuo parecia um passo perigoso.

A tarde terminou, mas a conexão entre eles permaneceu, como um fio invisível que os unia. Ethan sabia que precisava enfrentar seus medos e que o futuro de sua relação com Patrick dependia disso.

Enquanto se despedia, uma parte dele desejava que a noite nunca acabasse, que eles pudessem continuar a explorar o que havia crescido entre eles. A tensão que sentiam era apenas o começo de algo maior, e a esperança de que pudessem se encontrar novamente iluminava seu caminho escuro e confuso.
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"Check yes, Juliet, are you with me? Rain is falling down on the sidewalk..."

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Até o próximo capítulo^^

Eles finalmente vão revelar seus sentimentos?

1367 palavras.

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