《NONO CAPÍTULO》

12 4 3
                                    

[Aviso de conteúdo: Este capítulo  contém cenas envolvendo o uso de álcool e substâncias ilícitas por menores de idade. Se esse conteúdo for sensível para você, continue a leitura com cautela.]
____________________

"Mesmo cercados por barreiras, encontramos um caminho um no outro, onde a dor se dissolve e só o amor permanece."

____________________

Ethan estava sentado à mesa, observando o movimento ritmado das facas e garfos de seus pais, enquanto a comida em seu próprio prato permanecia intocada. Seu coração batia rápido. Ele sabia que precisava falar, mas o medo de ser novamente ignorado ou repreendido fazia sua garganta se apertar. Mas, esta noite, a solidão e a angústia eram insuportáveis. Ele não podia continuar carregando aquilo sozinho.

“Pai... eu preciso falar com você,” começou Ethan, sua voz pequena e hesitante, quase se perdendo no som dos talheres contra os pratos.

Dmitri ergueu os olhos, ainda segurando o garfo. Havia uma expressão dura em seu rosto, como se estivesse esperando algo desagradável.

Ethan sentiu o estômago revirar, mas continuou. “Eu... Eu me sinto sozinho,” sua voz tremia levemente, cada palavra pesando mais que a anterior. “Parece que nada do que eu faço é o bastante. Eu só queria... sua aprovação. Queria ser aceito.”

O silêncio que se seguiu foi esmagador. Dmitri colocou o garfo de lado, sem pressa, cada movimento carregado de uma fria calma que fez Ethan sentir um arrepio subir pela espinha. Quando ele finalmente falou, sua voz era baixa, mas cortante. “Aprovação? Aceitação? Você é meu filho. Isso deveria ser o bastante. Mas o que você faz? Anda por aí se lamentando, se afogando nessas emoções ridículas.”

Ethan sentiu a garganta se apertar, como se o ar estivesse desaparecendo. Sua respiração ficou irregular. "Eu só... eu só queria saber como me conectar com você. Parece que tudo que eu faço é errado," ele conseguiu dizer, mas as palavras pareciam pequenas e inúteis diante da raiva silenciosa do pai.

Sua mãe, Anastasia, que até então permanecera calada, decidiu interferir. “Ethan, seu pai só quer o melhor para você. Essas emoções descontroladas não ajudam em nada. Você precisa ser mais forte, menos... sensível.”

As palavras dela soaram como uma facada no coração de Ethan. Sua mãe nunca entendera, nunca ouvira suas tentativas de abrir o coração. A frustração e a dor que ele sentia estavam chegando ao limite, seu peito parecia prestes a explodir.

Dmitri levantou-se da cadeira, os olhos fixos no filho com uma intensidade cruel. “Homens não choram. Homens não imploram por aceitação.” E antes que Ethan pudesse reagir, sentiu o tapa feroz de Dmitri acertar-lhe o rosto. O som da mão do pai ecoou na sala, o impacto deixando um gosto metálico em sua boca.

A dor física foi momentânea, mas o verdadeiro golpe veio com a compreensão de que nunca seria aceito. Ethan ficou ali, imóvel por um segundo, os olhos se enchendo de lágrimas que ele lutava para não deixar cair.

Sem dizer mais uma palavra, ele se levantou, ignorando os olhares duros de seus pais, e saiu pela porta da frente. O ar frio da noite bateu em seu rosto, mas não trouxe o alívio que ele esperava. Tudo parecia apertar seu peito, sufocando-o ainda mais. Ele começou a andar, sem rumo, apenas com o desejo de fugir, de se perder em qualquer lugar que não fosse sua casa.

As ruas de Derry estavam desertas, o silêncio perturbador ecoava seus próprios pensamentos sombrios. Ele passou por uma loja de conveniência e, em um impulso desesperado, entrou e comprou uma garrafa de vodka barata. Mais adiante, encontrou um conhecido que lhe vendeu cocaína. Ele sabia que isso não resolveria nada, mas naquele momento, qualquer coisa era melhor do que a dor esmagadora que sentia.

⚠️•○《FORGES IN CONFLICT》○•⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora