Draco Malfoy
Desde o primeiro momento em que Lilith Black pisou em Hogwarts, o ambiente mudou. Não era a primeira vez que alguém com um nome de peso causava alvoroço, claro, mas havia algo diferente nela. Eu, Draco Malfoy, conhecia muito bem a sensação de carregar o legado de uma família com reputação. Ser um Malfoy sempre vinha com expectativas, olhares, e, claro, julgamentos.
Mas Lilith? Ela parecia imune a tudo isso.
Eu a observei com cuidado, como sempre faço com qualquer pessoa que entra no nosso pequeno círculo. O poder está nos detalhes. E Lilith fazia questão de se destacar em cada detalhe. Desde o modo como ignorava as normas não ditas de Hogwarts até a forma como mexia com as emoções dos outros sem nem sequer levantar uma varinha. Para alguém que tinha sido transferida de duas escolas antes de chegar aqui, ela parecia perfeitamente confortável.
Eu sabia que Catherine estava incomodada com Lilith. Ela sempre fora mais cautelosa com os que não seguiam as regras estabelecidas. Eu entendia. Mas também sabia que subestimar Lilith Black seria um erro. Era como subestimar uma tempestade ao longe – ela parecia tranquila de longe, mas sua fúria poderia devastar tudo quando chegasse.
"Ela não está jogando o mesmo jogo que a gente", eu disse, meus olhos fixos em Lilith enquanto ela conversava com Ayla. "E isso a torna perigosa."
Blaise riu ao meu lado. "Perigosa? Draco, você acha todo mundo perigoso até provar o contrário."
"Talvez seja essa a chave para sobreviver", respondi secamente. "Especialmente quando você sabe que a queda pode ser bem mais dura para quem está no topo."
Lilith estava criando uma base de influência, isso era claro. Mas, diferente de nós, ela não parecia fazer isso de maneira calculada. Para nós, tudo sempre foi uma questão de alianças, controle, e manter as aparências. Lilith, por outro lado, parecia nem se importar. Ela seguia as próprias regras, e isso, de certa forma, a tornava livre. Algo que nós, com nossos sobrenomes, nunca poderíamos ser completamente.
Olhei de relance para Catherine. Ela estava visivelmente desconfortável, e eu sabia que não era apenas o comportamento de Lilith que a incomodava. Era o que Lilith representava. Uma quebra nas expectativas, uma mudança nas estruturas que Catherine sempre considerou seguras.
"Você já parou para pensar", Blaise começou, um sorriso travesso no rosto, "que talvez a gente precise de uma pequena dose de caos por aqui? Hogwarts tem estado... previsível demais, não acha?"
Eu sabia onde ele queria chegar. Blaise adorava um pouco de confusão, desde que não o envolvesse diretamente. Mas, mesmo assim, havia algo na situação de Lilith que me deixava inquieto. Hogwarts tinha suas próprias formas de lidar com quem tentava desafiar seu equilíbrio, e Lilith, consciente ou não, estava cutucando essa ordem de maneiras que ninguém mais ousaria.
"Previsível?" Eu rebati. "Blaise, você viu o que acontece com quem tenta quebrar o equilíbrio por aqui. Eles sempre acabam mal. Lilith pode ser forte, mas Hogwarts tem uma maneira de ensinar lições que ninguém consegue evitar por muito tempo."
Ele deu de ombros, ainda despreocupado, mas eu podia ver em seus olhos que ele também estava atento. Blaise Zabini era muito mais calculista do que deixava transparecer.
Eu voltei meus olhos para Lilith. Ela era, de fato, diferente. E algo me dizia que essa diferença não a destruiria como muitos esperavam. Pelo contrário, havia a possibilidade real de que Lilith Black pudesse moldar o destino deste castelo de uma maneira que ninguém estava pronto para aceitar.
"Ela vai ter que escolher seu lado em algum momento", eu disse, mais para mim mesmo. "E, quando isso acontecer, o verdadeiro jogo vai começar."
Lilith Black, como eu percebia, não era apenas uma tempestade à distância. Ela era o início de algo muito maior. E, de alguma forma, eu sabia que, quando esse jogo finalmente começasse, todos nós seríamos peças no tabuleiro dela.
Eu me virei para Blaise e Catherine, um brilho frio no olhar. "Vamos ver o quanto Lilith consegue se manter firme antes que o castelo cobre o preço."
Catherine assentiu levemente, concordando em silêncio. Ela estava certa em se preocupar. Mas, se havia uma coisa que nós, Malfoys, aprendemos ao longo dos anos, era que o poder e o perigo andam de mãos dadas. E eu não pretendia ser pego desprevenido.
