Tom riddle

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Tom Riddle

Eu sempre soube como as pessoas funcionam. Suas inseguranças, suas fraquezas, seus desejos mais profundos... são todas peças de um quebra-cabeça que eu aprendi a montar com facilidade. Hogwarts é uma caixa de segredos, e eu sempre fui habilidoso em descobrir cada um deles.

Mas Lilith Black... ela era diferente.

Desde que chegou ao castelo, Lilith conseguiu despertar uma atenção que nem mesmo eu, Tom Riddle, pude ignorar. Ela não era como os outros, não se deixava moldar pelas expectativas da escola, pelos sussurros nos corredores ou pelos olhares julgadores de quem a cercava. Eu costumava pensar que as pessoas, no fundo, eram previsíveis. Lilith provava o contrário a cada passo que dava.

Naquela tarde, enquanto todos saíam do Salão Principal após o jantar, algo chamou minha atenção. Sentado em minha mesa, junto aos outros membros da Sonserina, eu a vi - Lilith, afastando-se de um grupo de alunos e indo até um canto mais vazio do salão. Curioso como sempre, eu observei.

Ela tirou do bolso novamente seu celular trouxa. Eu me permiti um sorriso discreto. Tão diferente, e ainda assim tão audaciosa, pensei.

Lilith, sem se importar com quem a via, afastou-se um pouco mais, encostando-se em uma das paredes e discando rapidamente um número. O tom despreocupado em seu rosto indicava que aquele tipo de comportamento não era novo para ela.

Eu me levantei discretamente da mesa e caminhei pelo salão, mantendo uma distância que me permitisse ouvir sem ser notado. Ela não fazia questão de abaixar a voz, mas falava em outra língua - português, se eu não me enganava. Havia uma fluidez natural em seu tom, uma confiança que ela usava como armadura.

"Pedro? Sim, sou eu... Ah, você não faz ideia. Hogwarts é exatamente como você imaginou. Tudo velho, cheio de regras que ninguém entende direito, e claro, cheio de gente que adora seguir cada uma delas como se fosse a coisa mais importante do mundo."

Ela riu, e eu notei que sua risada tinha um toque de ironia. Lilith não era como os outros. Ela não se importava com as tradições ou com as formalidades do nosso mundo. E isso a tornava perigosa.

"Sim, sim, estou me virando bem aqui. Não, ninguém tem ideia do que está acontecendo. Eu ainda estou em contato com algumas pessoas de Durmstrang e do Castelo Bruxo. Sim... exatamente, estou pensando em algo que possa... quebrar a monotonia, sabe?"

Ela fazia uma pausa, ouvindo atentamente seu interlocutor. Seu rosto permanecia calmo, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade que poucos ousariam demonstrar. Era como se ela estivesse sempre um passo à frente, já planejando seu próximo movimento enquanto o resto de nós ainda tentava entender suas ações passadas.

"Ah, claro, os professores aqui são tão rígidos quanto os que conhecemos antes. Mas nada que eu não consiga contornar. Sim... sim, Pedro, eu sei. Vou tomar cuidado. Mas você me conhece, não gosto de fazer as coisas pela metade."

O nome "Pedro" surgiu várias vezes na conversa. Pelo jeito que falava, ele era alguém próximo, talvez mais do que qualquer um ali em Hogwarts. Isso me intrigava. O que um estudante de uma das famílias mais influentes do mundo bruxo estaria discutindo tão abertamente com um trouxa? Ou, quem sabe, alguém tão envolvido nos mundos que ela já navegou quanto ela mesma?

Eu me aproximei mais um pouco, ainda de maneira discreta, ouvindo as palavras em português fluírem com naturalidade de sua boca.

"Sim, não se preocupe, vou te manter informado. E quanto ao projeto... acho que pode funcionar. Se tudo der certo, vai ser grande. Muito maior do que qualquer coisa que essas pessoas aqui já viram. Vou precisar da sua ajuda, claro."

Lilith se calou por um momento, observando o salão, como se sentisse algo. Havia algo inquietante naquela sua tranquilidade. Ela estava planejando algo, isso era óbvio. Mas o quê?

"Ok, Pedro. Nos falamos em breve. Até mais." Ela encerrou a chamada e guardou o celular de volta no bolso com a mesma calma despreocupada com que o tirou.

Assim que ela começou a se afastar, eu voltei rapidamente para minha mesa. Meus olhos, no entanto, não a deixaram por um segundo sequer. Lilith Black era mais do que apenas uma garota buscando atenção, como Catherine Potter pensava. Ela estava jogando um jogo diferente de todos nós, e isso a tornava perigosa.

Eu sabia que ela tinha algo em mente, algo que poderia mudar o curso das coisas em Hogwarts. E se havia uma coisa que eu odiava, era ser deixado de fora de um plano que poderia impactar o destino de muitos.

"Ela vai acabar queimando todos nós," pensei, enquanto voltava ao meu lugar, o olhar fixo na figura de Lilith desaparecendo pelos corredores. Mas talvez eu pudesse descobrir suas intenções antes que isso acontecesse.

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