Catherine

7 0 0
                                    

Quando entrei no vagão, já sabia que Draco Malfoy estava ali. Ele e seus amigos sempre faziam questão de ocupar o lugar mais confortável do trem. A verdade é que eu não estava exatamente interessada em outra troca de provocações com ele, mas às vezes, era inevitável. Assim que me viu, a voz desdenhosa de Draco cortou o ar.

"Catherine Potter," ele disse, com aquele ar arrogante. "Bem, bem, como vai, gêmea Potter."

Eu revirei os olhos. "É, Malfoy," respondi sem piscar. "Eu sei que sou maravilhosa, mas não precisa falar toda hora." Minha voz saiu afiada, mas sem agressividade. Afinal, eu já estava acostumada com as provocações dele. Crescer como a "gêmea esquecida" do Menino que Sobreviveu me fez lidar com esse tipo de coisa diariamente. Mas o que Draco não sabia — e espero que nunca descubra — é que eu tinha uma queda enorme por ele. Era um segredo que só minha melhor amiga, Ayla, conhecia.

"Calada, mestiça," ele zombou novamente, mas antes que pudesse continuar, Ayla, que estava sentada ao lado, interveio com um sorriso.

"Amiga, tenho coisas para te contar."

Aquela era minha deixa. Eu sabia que Draco nunca trataria Ayla da mesma maneira que tratava os outros, afinal, ela era sua irmã, e se alguém sabia lidar com ele, era ela. Me virei para Ayla, deixando Draco para trás, e seus olhos me encontraram. Nós nos conhecíamos há tanto tempo que não precisávamos de palavras para entender quando algo importante estava acontecendo.

"Ah, é?" perguntei, minha curiosidade despertando. "E o que poderia ser mais interessante do que ouvir as tentativas fracassadas do seu irmão de ser engraçado?"

Ayla riu baixinho, e eu sorri. Ela sempre foi a única capaz de trazer leveza para o ambiente. Com ela por perto, mesmo as provocações de Draco pareciam um pequeno aborrecimento, algo que eu podia ignorar facilmente.

Enquanto nos afastávamos do vagão dos meninos, Ayla começou a contar as novidades. Eu me sentia relaxada e à vontade, longe da tensão que sempre surgia entre os Potter e os Malfoy. Para o mundo, éramos de lados opostos, mas com Ayla... tudo era diferente. Ela era minha melhor amiga, e esse laço era mais forte do que qualquer rivalidade.

Agora, só restava saber o que mais Hogwarts tinha reservado para nós este ano.

Enquanto caminhávamos pelo corredor, conversando sobre as novidades, Ayla me contava sobre a surpresa de ter encontrado uma prima distante na plataforma. Era interessante, mas antes que ela pudesse se aprofundar mais no assunto, a porta da cabine onde estávamos deslizou suavemente, revelando uma figura que me fez parar de falar na hora.

Lilith.

Ela entrou com sua postura impecável e uma expressão neutra no rosto, mas seus olhos, sempre afiados, pareciam analisar cada detalhe ao seu redor. Lilith era uma daquelas pessoas que, mesmo sem dizer uma palavra, conseguia fazer o ambiente parecer mais pesado e misterioso. Ela sempre trazia uma aura de autoridade, algo que eu ainda não entendia completamente.

"Então, esta é a famosa cabine das sonserinas misturadas com grifinórias?" A voz dela era suave, mas carregava um tom sarcástico. Seus olhos pararam em mim, e eu mantive o contato visual. Lilith não era o tipo de pessoa que você simplesmente ignorava, mesmo que quisesse.

"Lilith," Ayla disse, tentando suavizar o momento, como sempre fazia. "Catherine e eu estávamos só conversando."

"Imagino que sim." Lilith cruzou os braços, recostando-se casualmente na lateral da porta. "Sabe, Catherine, é interessante ver como você se move entre os lados. Potter e Malfoy, Grifinória e Sonserina... Deve ser exaustivo."

Ela estava me provocando, mas de um jeito que não me irritava. Lilith gostava de brincar com palavras, de ver como as pessoas reagiam às suas insinuações. Eu a respeitava por isso, mesmo que às vezes fosse irritante.

"Eu chamo isso de versatilidade," respondi, com um sorriso contido. "Algo que algumas pessoas não entendem."

Ayla olhou para mim, um sorriso travesso nos lábios. Ela sabia que, apesar do tom desafiador entre Lilith e eu, havia um respeito mútuo. Lilith soltou uma risada curta, mas não deixou de ser mordaz. “Versatilidade, é?” Lilith ergueu uma sobrancelha, um sorriso malicioso surgindo em seu rosto. “Catherine Potter, a garota que consegue flertar com todos os lados da guerra. Estou intrigada. Isso a torna mais esperta ou apenas mais perigosa?”

Ayla tentou conter uma risada, mas não conseguiu, e eu não pude deixar de revirar os olhos. Lilith sempre tinha uma maneira de transformar conversas simples em um jogo de palavras. Para ela, isso era quase um esporte.

“Só espero que você não se machuque ao brincar com fogo, Potter,” continuou Lilith, mantendo-se de pé na entrada da cabine, parecendo completamente à vontade. “Você sabe como esses Malfoys podem ser. Eles não são conhecidos por serem exatamente… amigáveis.”

“Amigáveis? Isso é um eufemismo, Lilith,” eu respondi, meu tom se tornando mais sério. “Draco e eu temos um histórico, mas isso não significa que eu não saiba lidar com ele.”

Lilith inclinou a cabeça, avaliando-me. “E o que você vai fazer quando ele decidir que é hora de intimidar você, como ele faz com todos os outros?”

Eu cruzei os braços, desafiando-a com um olhar. “Eu não sou como os outros. E quem sabe, talvez eu tenha alguns truques na manga.”

Ayla, percebendo que a tensão estava começando a aumentar, interveio rapidamente. “Vamos parar com isso. Estamos aqui para nos divertir, não para discutir sobre rivalidades. Além disso, ainda temos Hogwarts pela frente.”

Lilith olhou para Ayla com um leve sorriso. “Você é sempre a pacificadora, não é, Ayla? Sempre pronta para colocar água na fervura.”

A conversa continuou leve, embora eu sentisse que havia uma tensão subjacente. Lilith era uma figura complexa, alguém que sempre deixava as pessoas intrigadas e nervosas ao mesmo tempo.

“Então, como está se sentindo sobre esse ano, Ayla?” Lilith perguntou, mudando de assunto de maneira fluida, como ela sempre fazia. “Ouvi rumores de que este será um ano cheio de surpresas, esse vai ser meu primeiro ano.”

“Estou animada! Estou ansiosa para ver o que as aulas vão trazer e conhecer mais sobre a nova turma,” Ayla respondeu, seu rosto iluminando-se com entusiasmo.

“Sim, espero que o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas seja melhor do que o último,” eu acrescentei, relembrando com desdém o professor que tínhamos no ano passado.

Lilith fez uma careta. “Esperança não é uma estratégia, Potter. Você deveria saber disso. Mas, honestamente, mal posso esperar para ver quem vai se dar mal este ano. Sempre há alguns que se acham espertos demais.”

A conversa seguiu enquanto o trem continuava sua jornada em direção a Hogwarts, e eu sentia que, apesar das provocações e rivalidades, algo bom estava surgindo. Era um novo ano, e quem sabia o que nos aguardava? Naquele momento, sentia uma mistura de ansiedade e empolgação, mas o que mais importava era que eu não estava sozinha.

Lilith, Ayla e eu – estávamos prestes a enfrentar um ano que, sem dúvida, seria repleto de desafios, rivalidades e talvez algumas surpresas. O trem se movia velozmente, e com ele, meus pensamentos sobre tudo o que poderia acontecer.


Filhas De Hogwarts Onde histórias criam vida. Descubra agora