Se torne forte até esquecer quem ama

55 5 0
                                    


Pode ter gatilhos em algumas cenas!

————————————————

Malia Simphiwe Baker

Faz dois meses que cheguei ao Canadá. Pensei que minha avó, Rita, me daria algum tempo para me adaptar à nova casa, mas assim que pisei aqui, fui jogada em uma rotina exaustiva de treinos e disciplina. No segundo dia, fui acordada às três da manhã para começar o treinamento. Sem estar acostumada a essa rotina, me permitiram comer apenas uma maçã antes de sairmos para correr. Quando voltamos, tomamos o café da manhã rapidamente, e eu já estava sendo conduzida para as aulas de Francês e sobre as leis da máfia. No início, não fazia sentido, mas logo ficou claro: se eu quisesse ser uma líder eficiente, precisaria entender todos os aspectos desse mundo perigoso.

Depois do almoço, as aulas se intensificavam. Etiqueta, esgrima e combate corpo a corpo. No começo, era humilhante. Eu caía facilmente a cada golpe, me sentindo desajeitada e frágil, mas com o tempo, fui ganhando um pouco mais de controle. Agora, ao menos, consigo resistir por mais alguns minutos antes de ser derrubada.

Recebo um soco no queixo, a dor me traz de volta à realidade. Estou no quintal da mansão, lutando (ou tentando lutar) contra um dos "mais fracos" do time dos Hells Angels. Ele desfere um chute forte nas minhas costelas, e eu caio novamente no chão. Sei o que vem a seguir — ele vai me acertar com força suficiente para me deixar desacordada por alguns minutos, até que façam algo para me acordar para mais uma sessão de socos.

— IL ARRIVE! À partir de maintenant, je vais l'entraîner moi-même! — ouço a voz firme da minha avó. (CHEGA! Eu mesma vou treiná-la de agora em diante!)

A respiração sai dos meus pulmões em um suspiro de alívio e pavor ao mesmo tempo. Yuri, meu oponente, sorri de maneira perturbadora, mas antes que ele possa dar o golpe final, Rita o atinge na nuca com um tapa rápido e preciso, o que faz com que ele saia rapidamente, sem questionar. Não consigo evitar olhar para o chão, tentando evitar o olhar da minha avó, mas ela me pega pelo braço e me põe de pé.

— Vamos. Quero te ensinar uma coisa. — ela diz, em um tom que me faz sentir que não há escolha. Nunca há.

Obedeço e sigo Rita em direção ao galpão que fica a uma pequena distância de onde estávamos. Conheço bem aquele lugar. É onde as histórias sobre a famosa Rita Ora Baker se tornam reais — onde ela tortura seus inimigos ou qualquer um que tenha a ousadia de cruzar seu caminho. Sempre me disseram para nunca me aproximar, e ela mesma uma vez me disse que o que havia por trás daquelas portas era algo que eu não estava pronta para ver.

Enquanto nos aproximamos, noto dois seguranças postados ao lado da porta de aço maciça. Eles se inclinam ligeiramente em respeito a Rita, que apenas acena com a cabeça em resposta. Meu coração acelera. O que ela pretende me mostrar? Será que estou pronta para enfrentar o que há ali dentro? E por que agora?

Quando ela destranca a porta com um simples gesto, sinto um arrepio subir pela minha espinha. O som metálico ecoa como um aviso, e cada fibra do meu corpo grita para correr na direção oposta. Mas ao invés disso, permaneço onde estou, presa na gravidade de tudo o que minha vida se tornou.

— Entre! — diz Rita, empurrando a porta com força.

Dou um passo hesitante para dentro do galpão, o cheiro metálico de sangue e metal enferrujado preenche o ar, e as luzes fracas do lugar dão uma atmosfera ainda mais sinistra. Vejo ferramentas penduradas nas paredes, correntes, lâminas... e algo mais. Em uma cadeira, amarrado e visivelmente machucado, está um homem que eu não reconheço. Seus olhos estão arregalados de medo, a respiração acelerada.

Amor e Mafia: Laços ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora