Maio, 2019
Malia Simphiwe Baker
Oitavo ano do Fundamental II. Sabe quando sua vida parece estar perfeita, quando seus pais aceitam sua sexualidade e você pensa: "Nada pode me atingir"? Foi assim que me senti quando me assumi para a minha mãe e ela me acolheu sem hesitar. Mas, como dizem, a calmaria sempre antecede a tempestade. Talvez eu devesse ter prestado mais atenção a esse ditado.
Naquele ano, não apenas me assumi para os minha mãe, mas também confessei meus sentimentos por um amigo - meu crush. Talvez você espere que eu diga: "O sentimento era recíproco e começamos a namorar" ou "não era correspondido, mas depois encontrei alguém que fez meu coração disparar novamente". Lamento informar, mas esse clichê não se aplicou a mim. Na verdade, eu espero que ele nunca se aplique.
Eu me apaixonei, mas não fui correspondida. Sim, meu coração foi quebrado, mas eu não fui atrás de outra pessoa para preencher o vazio. Para ser sincera, acho que o amor não é para mim. Então, esperei que essa farsa de paixão passasse... e, surpreendentemente, ela passou.
- Malia? - ouço a voz preocupada da minha mãe.
- Oi, mãe. Bom dia. Pode falar - respondi, parando de dobrar a flor de papel que estava fazendo e a encarando. Ela segurava o telefone, abafando o microfone com a mão, embora soubesse que existia a função "mute".
- Seus amigos querem falar com você. - Ela estendeu o celular para mim. Levantei-me e peguei o aparelho.
- Ok, depois te devolvo, tá? - disse, dando um beijo em sua bochecha. Ela sorriu levemente.
- Tudo bem. Vou estar na sala tirando o pó - ela disse, dando um beijo na minha testa antes de sair, deixando a porta entreaberta.
Olhei para o celular e vi o nome de Morgan na tela. Como meus pais só me comprariam um celular quando eu fizesse 15 anos, eu usava o deles para falar com meus amigos. Sempre que Morgan ligava, era para contar uma novidade ou fofoca. Com isso em mente, coloquei o celular na orelha e abri um sorriso, já imaginando a primeira fofoca do dia. Mas esse sorriso desapareceu rapidamente.
- Alô?
- Mali, não quero parecer rude, mas preciso que você se sente - a voz de Morgan estava carregada de preocupação. Meu estômago revirou.
- Sentei no chão, era o mais perto - tentei aliviar a tensão com uma risada, mas Morgan não reagiu. Ouvi um suspiro pesado do outro lado da linha, e então ela falou:
- O Bryce... ele morreu.
Naquele momento, tudo ao meu redor pareceu parar. Não conseguia mais ouvir o que Morgan dizia. Só senti os braços da minha mãe me envolvendo enquanto repetia que não era minha culpa e que tudo ficaria bem.
Eu amava Bryce? Ele era meu crush? Sim. Mas nunca pensei em passar o resto da minha vida ao lado dele. A ideia de me casar com ele nunca me passou pela cabeça. Naquele momento, só conseguia pensar: "Meu amigo morreu. O garoto que estava comigo quando contei para meus pais sobre minha sexualidade. O amigo que jurou ser o padrinho do meu casamento. Ele se foi."
Não lembro muito do restante daquele dia. Só lembro de acordar no dia seguinte para ir ao funeral. Bryce estava lindo no caixão. Ao vê-lo ali, lembrei exatamente por que tínhamos tantas brincadeiras sobre amor.
Flashback on
Ele estava gravando um story na escola quando cheguei e me sentei no colo dele. O cabelo dele estava uma bagunça.
- Bry, o que você fez no cabelo hoje? - perguntei, rindo.
- Nada, doida! - ele respondeu com um sorriso.
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Amor e Mafia: Laços Proibidos
FanfictionDescrição: Seis anos atrás, Malia Baker descobriu a verdade sobre sua família: ela pertence à máfia dos Hells Angels. Forçada a deixar tudo para trás, incluindo seus amigos e seu grande amor, Kylie Cantrall, Malia viaja para o Canadá para se prepara...