Conflitos

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Malia Simphiwe Baker

Eu me arrependo? Não. Agi por impulso? Talvez. Faria de novo? Sem dúvida. Se fosse para proteger Kylie, eu queimaria reinos inteiros, e se morresse, faria questão de me tornar dona do inferno só para tê-la ao meu lado pela eternidade.

Agora, estou deitada na cama, enquanto Kylie anda de um lado para o outro, mordendo as unhas como se isso fosse resolver algo. Faz um bom tempo que ela está assim, e isso está me dando uma dor de cabeça insuportável. Finalmente, perco a paciência.

— Quer parar com isso, porra? — Minha voz saiu mais dura do que eu queria. Kylie me olhou, surpresa. Percebi o erro e suavizei o tom. — Desculpa, me desculpa... Mas será que você pode se sentar? Tá me dando dor de cabeça ficar te vendo andando assim.

Ela suspirou, claramente irritada, mas obedeceu e se sentou ao meu lado. No mesmo instante, a porta se abriu, e Anna, Jadah, Dara, China, Ruby e Morgan entraram no quarto. Elas estavam visivelmente machucadas, com cortes e hematomas espalhados pelos corpos e rostos.

— O que aconteceu? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta. Queria que Kylie visse o caos que eu estava tentando controlar. Jadah suspirou, prestes a falar, mas Ruby foi mais rápida.

— Eles os mataram! — A voz de Ruby estava trêmula, e ela parecia à beira de um colapso. Suspirei pesadamente, sentindo o peso de mais um erro.

— Eu sabia que eles não estavam prontos. Mas vocês duas me garantiram o quê? — perguntei, olhando para Anna e Jadah, que abaixaram a cabeça, culpadas. — Disseram que eles poderiam ser úteis. Agora me digam onde estão Peder, Josh e Anthony.

Jadah finalmente falou, tentando manter a compostura.

— Eles não morreram... estão sendo tratados, mas os ferimentos foram muito graves. — Revirei os olhos, sentindo uma pontada de dor irradiar pela minha cabeça, enquanto o choro de Ruby se intensificava.

— Pelo amor à sua vida, Jadah. Faça ela parar de chorar. — Ruby olhou para Kylie, que se levantou e a envolveu em um abraço, sussurrando palavras suaves que não consegui ouvir, mas que acalmaram a loira quase instantaneamente.

— Obrigada. — murmurei, aliviada. Kylie me olhou com raiva, o olhar firme e cheio de emoção.

— Se você quer que fiquemos bem, Malia, terá que lembrar como é ser humana de novo. — disse ela, séria.

Soltei uma risada sem humor, incrédula.

— Eu levei um tiro, Kylie. Precisei de pontos e estou presa a essa cama. Quer mais humanidade do que isso?

Ela revirou os olhos, claramente frustrada, e perguntou sem me encarar.

— Onde vamos ficar?

Respirei fundo, controlando a impaciência, e respondi com mais calma.

— Os quartos de vocês já estão prontos. Roupas, toalhas, produtos para pele e cabelo, tudo o que vocês precisam já está nos devidos lugares. Sugiro que não mudem nada e mantenham os quartos organizados.

Morgan, que até então havia ficado em silêncio, me encarou pela primeira vez.

— Posso, pelo menos, saber o porquê? — ela perguntou, sua voz revelando uma leve curiosidade.

Me ajeitei na cama, tentando encontrar uma posição mais confortável antes de responder.

— Porque, se tivermos que sair às pressas, os policiais só vão encontrar roupas dobradas, camas arrumadas, e nada fora do lugar. Como se estivéssemos jogando com eles... — fiz uma pausa, deixando que minhas palavras afundassem — o que, de certa forma, eu faço.

Amor e Mafia: Laços ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora