Morte?

57 8 8
                                    


Kylie Lorena Cantrall

Duas semanas depois

Estava finalizando o projeto que estava desenvolvendo quando ouvi tiros sendo disparados. O som ecoou pelas paredes, fazendo meu coração acelerar. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, Jadah entrou correndo na sala e me puxou sem dizer uma palavra. O olhar dela era sério, determinado, e a única coisa que me veio à mente foi a regra do treinamento que nos deram: "Se você ouvir tiros e alguém que você conhece te puxar sem dizer nada, fique quieto e siga essa pessoa."

Descemos as escadas rapidamente, tomando um caminho que eu nunca tinha feito dentro daquele prédio. O silêncio entre nós era pesado, mas os tiros que continuavam ao fundo me faziam acelerar o passo. Chegamos ao estacionamento subterrâneo, onde o ar era mais frio e o eco dos nossos passos soava mais alto do que o normal. Anna já estava lá, esperando em um carro que parou perto de nós.

Jadah abriu a porta do carro para mim e, antes de fechá-la, olhou-me com um leve sorriso, como se soubesse algo que eu ainda não entendia.

— Boa sorte para aguentar a chefe depois. — disse ela, com uma ponta de ironia na voz.

Fiquei confusa, mas antes que pudesse perguntar algo, o som de mais tiros estourou à distância. Foi nesse momento que Malia apareceu, se aproximando rapidamente. Ela entrou no carro, o rosto fechado, sério. Anna e Jadah entraram em outro carro, deixando claro que íamos nos separar.

Malia acelerou sem dizer uma palavra, o carro arrancando do estacionamento. Quando viramos à esquerda, vi o carro de Jadah e Anna virar à direita, tomando uma rota diferente. O silêncio entre nós no carro era sufocante. Eu observava a paisagem passando rapidamente pela janela, mas meu foco estava todo na figura ao meu lado. Ela parecia mais tensa do que o normal, os dedos apertando o volante com força.

— O que aconteceu lá dentro? — perguntei, finalmente quebrando o silêncio.

Malia não tirou os olhos da estrada. Sua voz, quando veio, era fria e calculista.

— Tentativa de ataque. Nada que já não estivesse previsto. — ela respondeu, seca. — Mas a situação está ficando mais séria. Precisamos acelerar o processo de treinamento.

Eu engoli em seco. Sabia que tudo isso fazia parte do que ela enfrentava como líder da máfia, mas ouvir sobre o perigo tão de perto, perceber o quão real era, me abalou. Ficaríamos sempre fugindo, sempre nos escondendo?

— E para onde estamos indo agora? — perguntei, tentando entender o próximo passo.

Malia finalmente me olhou de relance, antes de voltar sua atenção para a estrada.

— Vou te levar para um lugar seguro. — ela disse, firme. — Depois disso, temos uma reunião com minha avó. Ela vai precisar ajustar os planos, agora que sabemos que eles estão nos cercando mais rápido do que prevíamos.

Eu assenti, mas o frio na barriga não diminuía. Sabia que a partir daquele momento, as coisas iriam se intensificar. A batalha que Malia estava lutando não era mais só dela. Estávamos todos no meio disso agora, e não havia volta.

O silêncio no carro parecia pesar ainda mais, como se as palavras não ditas entre nós estivessem sufocando o ar. Eu não podia tirar os olhos de Malia. Mesmo com o perigo ao nosso redor, ela mantinha essa aura de força inabalável, mas eu sabia que por trás dessa fachada existiam camadas que ela raramente deixava alguém ver. Camadas que eu tinha visto anos atrás, quando nos aproximamos pela primeira vez.

O carro finalmente parou em frente a um prédio discreto, afastado do centro da cidade. Malia desligou o motor, mas ficou parada por alguns segundos, as mãos ainda apertando o volante. O silêncio, que antes era apenas desconfortável, agora parecia carregado de algo mais. Algo que eu não conseguia nomear, mas sentia profundamente.

Amor e Mafia: Laços ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora